Partilhar

A Quenlha, grupo galego promotor da música e da cultura tradicional

a-quenlha-foto-do-grupo-pelo-proprio-grupoGraças à vontade de “Mini” e “Mero”, dous famosos membros, músicos e cantores, de Fuxam os Ventos, em 1984 nasce outro importante grupo musical galego, ao que batizam com o nome de A Quenlha. Dentro da mini-série que iniciei com os depoimentos dedicados aos grupos galegos Milhadoiro e Fuxam os ventos, e aos portugueses Maio Moço e Colheita Alegre, dedico o presente artigo ao coletivo galego A Quenlha, criado no ano 1984 e recentemente extinto. É este o número 55 da série de artigos dedicada à Lusofonia.

UNS PEQUENOS DADOS SOBRE O GRUPO

De forma sintética apresento uma singela biografia de A Quenlha. Os seus fundadores falaram no seu momento da ideia de criação deste grupo: “Mais ou menos estávamos direta ou indiretamente envolvidos na música muitos de nós, uns por procederem doutros grupos musicais, outros porque colaboraram connosco e cantaram individual ou coletivamente e algumas, especialmente as moças, foram incorporações novas. Isto da música é como um veneno que se se pudesse deixar assim pelas boas…ainda que nós, que vínhamos doutro grupo, mantínhamos a ideia de levar a cabo o que sentíamos. Começamos por ser três, depois fomos quatro, com todas as mudanças que isso leva consigo, porque daqueles quatro ficamos dous, e mais tarde incorporou-se a totalidade dos membros com tão só uma baixa e uma nova alta”.
A banda A Quenlha nasceu tendo como principal objetivo, entre outros, o de continuar no mundo da música e da palavra, após a experiência de Fuxam os Ventos. Desta maneira desejaram criar um novo grupo que dinamizasse, somando vontades e com um novo modo de fazer, e promovesse a cultura galega, especialmente a cantiga popular.

A banda A Quenlha nasceu tendo como principal objetivo, entre outros, o de continuar no mundo da música e da palavra, após a experiência de Fuxam os Ventos. Desta maneira desejaram criar um novo grupo que dinamizasse, somando vontades e com um novo modo de fazer, e promovesse a cultura galega, especialmente a cantiga popular.

Com motivo de um recital o dia 9 de julho de 1990, no centro cultural de Caixa Vigo, o membro do coletivo “Mini”, numa entrevista no diário local da cidade olívica, comenta que depois de levar dous anos sabáticos com Fuxam os Ventos, ainda tinham vontade pela música e a canção. E que era tempo de fazer um novo planejamento político do seu trabalho, porque também mudara a situação política no país galego. Comentava também que já com anterioridade, em abril de 1986, estavam insatisfeitos porque o grupo Fuxam… vinha declinando na sua resposta social, e entre os dous grupos a diferença estava na resposta social de ambos à situação da Galiza no momento, com A Quenlha mais perto do estilo inicial de Fuxam… nos seus primeiros tempos. Renunciando conscientemente a um trabalho mais comercial, em detrimento do seu autêntico desejo: defesa dos próprios conceitos sociais e das principais reivindicações políticas e culturais galegas, tão importantes naquela altura.

A Quenlha atuando no Festigal
A Quenlha atuando no Festigal.

Desde o primeiro momento da sua criação o coletivo pôs especial atenção na cultura tradicional galega, assumindo como base a memória coletiva do povo e, como fundamento histórico, recuperá-la do abandono e do esquecimento, transmitindo a versão de muitos factos que poucas vezes se contaram. Assumindo assim a obrigação de não permanecer impassíveis nem mudos perante os feitos e os acontecimentos que aconteceram ou tinham acontecido na Galiza, agindo como relatores e cantores. Pelo que, muitas vezes, o grupo recolhe textos de poetas e escritores galegos para, depois de imprimir-lhes musicalidade, devolvê-los em forma de canção e de mensagem que una a palavra ao sentimento musical do próprio criador. Adotar uma posição crítica e um compromisso perante os acontecimentos da história anterior e recente galegas, é o que move ao grupo, que não canta por cantar, mas que o faz para expressar o seu próprio ponto de vista.

O grupo recolhe textos de poetas e escritores galegos para, depois de imprimir-lhes musicalidade, devolvê-los em forma de canção e de mensagem que una a palavra ao sentimento musical do próprio criador. Adotar uma posição crítica e um compromisso perante os acontecimentos da história anterior e recente galegas, é o que move ao grupo, que não canta por cantar, mas que o faz para expressar o seu próprio ponto de vista.

O seu primeiro trabalho, Os tempos ainda não, não são chegados, é um monográfico de peças onde se apresentam os principais problemas que tem a Galiza, através de poemas musicados de Manuel Maria, Celso Emílio Ferreiro, Méndez Ferrim e D. X. Cabana. Sendo este último possível e infelizmente, o escritor galego mais anti-reintegracionista de todos os que existiram e existem na Nossa Terra.a-quenlha-foto-do-grupo-atuando-por-lvg-b
Desde a sua criação, as suas canções foram uma mistura de música tradicional recolhida diretamente pelos membros do coletivo, com outra música baseada em textos de autores, homens e mulheres da palavra, que resistem inflexíveis na procura da recuperação da memória histórica, dos direitos culturais e da dignidade do povo galego. As atuações deles, com recitais e concertos, realizou-se fundamentalmente em território galego, e também onde outros galegos com interesse pelas vozes, pela palavra e pela canção independente, os chamassem. De forma que o grupo também atuou, entre outros lugares, no Conservatório de Córdova convidados pela Casa da Galiza e o concelho da cidade andaluza, em Toledo, Barcelona, Londres, etc.
Desde os seus inícios, os “alma mater” do coletivo foram José Luis Rivas Cruz (“Mini”) e Baldomero Iglésias Dobarrio (“Mero”). Com eles colaboraram ao longo dos tempos os seguintes músicos e cantores: M. Rico, Gonzalo, Luís, Santiago, Boro, Yosi, Maricarmen Marzoa, Montse Chao, Jorgen Fischer, Félix Otero, Sito Carracedo, António Presedo, Pablo Camarero, J. Manuel Freire, Chus Castro, Mariluz Vázquez, Antón Crego, Jesús Sánchez, Alberto Pardo, Isabel Abril, César Martínez, Alfonso F. Vázquez, Manuel Varela e Ludi Lamela. No momento atual integram o grupo Chusa, Tareixa, Marinha, César, Íria, Mijail, Manuel Varela, Raúl Galego (como gaiteiro), Mini e Mero.

Nota: É muito interessante a leitura da entrevista que em Praza Pública lhe faz Montse Dopico o dia 14 de junho de 2014 a Mini e Mero de A Quenlha, que se pode ler aqui.

FICHAS DOS DOCUMENTÁRIOS

0.-Romance 1988 (Álbum Completo).
Duração: 19 minutos. Ano 2016.

1.-A Quenlha na TVG no ano 1991.
Duração: 4 minutos. Ano 2016.

2.-A Quenlha na 2ª Festa pela Liberdade (Compostela: 6 de dezembro de 2008).
Duração: 20 minutos. Ano 2013.

3.-A Quenlha na 4ª Festa pela Liberdade.
Duração: 58 minutos. Ano 2013.

4.-A Quenlha no 2º Aniversário do Comitè de Solidariedade com os presos e presas políticas.
Duração: 8 minutos. Ano 2013. Atuação na Corunha o dia 1 de maio de 2012.

5.-Rumboia.
Duração: 3 minutos. Ano 2014.

6.-Emigração.
Duração: 6 minutos. Ano 2015.

7.-Abril de Lume e Ferro.
Duração: 4 minutos. Ano 2014.

8.-Além do teu recordo.
Duração: 5 minutos. Ano 2012.

9.-Silêncios na memória.
Duração: 5 minutos. Ano 2014.

10.-Verbas a um irmão.
Duração: 3 minutos. Ano 2012.

11.-Bando do Alcaide (1988).
Duração: 3 minutos. Ano 2011.

12.-Penélope.
Duração: 3 minutos. Ano 2014.

13.-Tango para uma terra erma.
Duração: 4 minutos. Ano 2014.

14.-Homenagem a Pardo de Cela.
Duração: 4 minutos. Ano 2010.

DISCOGRAFIA BÁSICA DE A QUENLHA

a.-Discos:
-Os tempos aínda não, não são chegados (1986).
-Európolis ’88 (1988).
-Máis alá da névoa (1990).
-Terra (álbum) (1992).
-Nadal em galego: Galiza canta ao Neno (1993).
-A casa que nunca tivemos (1996).
-Namora-te da vida (1999).
-Silêncios na memória (2004).
-17 canções de troula (2007).
-Na boca uma cantiga (2009).
-Os Irmandinhos (2011).
-Terra (2012).
-30 anos com A Quenlha. De amor, dor e luita (2014).
-Desorvalhando outonos (2014).
-Na senhardade (2016).
-Trovador no caminho (2019).

b.-Discos Coletivos:
-Jogando com a música 1 (1997).
-Jogando com a música 2 (1998).
-Chill Out Celta na Galiza (2004).
c.-Antologias:
-As nossas canções. Vol. 1 (1997).
-As nossas canções. Vol. 2 (1998).

c.-Bandas Sonoras:
-Galiza: 70 anos de nacionalismo (1988).
-História da Língua Galega (1988).
-Longa noite de pedra (1989).
-Luís Pimentel: mais alá da névoa (1990).
-Pátria poética (1991).

LETRA DO CANTAR CASTELÃOa-quenlha-capa-cd-1998

Quando cheguem os tempos não chegados
quando cantem as mãos trabalhadoras
nas doídas manceiras dos arados
e nas salgadas redes pescadoras,
Galiza ceibe talhará o teu nome
nas outuras do Pórtico da Glória
para que falem os anjos com um homem
que leva a pátria inteira na memória.
Uma nova Galiza sem cadeia,
que não exportará mais sangue humana
nem asobalhará uma mão alheia:
Uma Galiza nova, a de manhã,
que já vem alvorando, já clareia,
no peito arrolará teu sonho irmão.

TEMAS PARA REFLETIR E REALIZAR

Visionamos os documentários referidos antes, e depois desenvolvemos um cinemafórum, para analisar o seu fundo (mensagem), assim como os seus conteúdos.
Organizamos nos nossos estabelecimentos de ensino uma amostra-exposição monográfica dedicada ao grupo folclórico galego A Quenlha. Nesta, além de trabalhos variados dos escolares, incluiremos desenhos, fotos, murais, frases, textos, lendas, livros, discos, CDs e monografias.
Podemos realizar no nosso estabelecimento de ensino uma Audição Musical das mais famosas peças do grupo, em que participem alunos e docentes. A escolha das peças musicais da audição podemos fazê-la dos seguintes discos do grupo: 30 anos com A Quenlha (De amor, dor e luita) (2014) e As nossas canções, volumes 1 e 2 (anos 1997 e 1998).

Lançamento do livro 50 anos de Abril na Galiza, em Braga

María Xosé Bravo: “A imagem da Corunha como cidade pouco galega é umha falácia reforçada por certos interesses políticos”

Gentalha do Pichel comemora 25 de Abril esta sexta-feira

A iniciativa Aquí Tamén Se Fala organiza festival

Escolas Semente e Concelho da Corunha comemoram o centenário da Escola de Ensino Galego das Irmandades da Fala

Ateneo de Ponte Vedra organiza jornada polo 25 de abril

Lançamento do livro 50 anos de Abril na Galiza, em Braga

María Xosé Bravo: “A imagem da Corunha como cidade pouco galega é umha falácia reforçada por certos interesses políticos”

Gentalha do Pichel comemora 25 de Abril esta sexta-feira

A iniciativa Aquí Tamén Se Fala organiza festival