Como em todo romance policial, há crime, investigação e intriga. No entanto, as oposições míticas não se estabelecem entre o policial e o criminoso, mas entre uma comunidade e um sistema corrompido e é por isso que também temos histórias de vida: um bairro de pequenas lojas empobrecido pela turistificação, violência machista, relações amorosas de juventude, identidade de género, passado e memória. Como é que todas essas histórias confluem?

Dixie em Wonderland é um texto polifónico com grande multidão de testemunhos e vozes. Todas elas, pouco a pouco, como numa aranheira, criam elos. Quem ler atentamente achará que nem só é um romance policial, senão que o crime é apenas um dos muitos acontecimentos que têm como pano de fundo uma denúncia social.

O acaso, presente em toda a novela, será o elemento que possibilite todas essas narrativas que aos poucos se irão ligando até chegarmos a um final estrambótico que nos deixará em suspense até a última página.

Se quiserem fazer desta novela algo mais do que uma um texto para ler, aconselho ouvirem as músicas que nos acompanham ao longo de Dixie em Wonderland.

Se alguém desejar dialogar com o misterioso autor desta interligação de histórias, eis o seu contacto: dixie.fredberg@protonmail.com

Dixie em Wonderland Dixie Fredberg

Através das letras

Dous artistas errantes, os galegos Pixie e Dixie, deportados de Nova Iorque.
Um bairro paralisado polas lembranças, a gentrificação e a precariedade.
Uma pensão abandonada no coração da cidade que revive como cabaré aberto.
Uma agressão, presenciada por Tina e Mingos quando namoravam na Ribeira.
Uma desaparição a ser pesquisada pola polícia.

As personagens e histórias de Dixie em Wonderland vão interligando-se e descobrindo-se paulatinamente. Todas elas têm algo que ocultar na cidade do Porto.

“Sentia-se falso sem maquilhagem, a sua cara lavada não se correspondia com Dixie, apenas com determinadas características genéticas herdadas“.

As origens de Dixie Fredberg localizam-se nos anos setenta das Rias Baixas, onde medrou até o magnetismo compostelano ter atraído a sua presença com a maioria de idade. Dali tentou fugir em várias ocasiões com sorte díspar, e ali voltou após cada aventura. A sua obra literária nem reflete as suas memórias nem o deixa de fazer.

“Eu. Eu sou tudo o que tenho. Tenho amor, tenho preguiça, tenho rancor, tenho vazio, tenho pouco tempo. Mas, sobretudo, tenho vários eu entre os quais escolher. Qual deles desejas tu, meu amor?”

Extraído dum caderno escolar, anónimo e sem data
A Escusalha, Porto 

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