Ciclo de Cinema no Museo de Arte Contemporánea de Vigo (MARCO)
O ciclo de cinema “Mulheres (d)e Abril. As realizadoras e a revolução” propõe uma reflexão crítica sobre a visão das realizadoras portuguesas em torno de três momentos chave da história de Portugal: o período colonial, o processo político que culminou na Revolução dos Cravos, e a luta pela emancipação da mulher e o movimento feminista.
Serão apresentados sete filmes que oferecem um olhar feminino sobre estas questões, e um oitavo filme que aborda a ativista norte-americana Angela Davis, antecipando um novo ciclo de cinema que terá lugar em 2025. Depois de cada sessão, haverá espaço para reflexão e conversa da mão de uma série de convidadas, especialistas nas diferentes temáticas abordadas nas obras exibidas.
A mostra decorre no Museu de Arte Contemporânea de Vigo (MARCO) entre 5 de novembro e 10 de dezembro, salvo a sessão de 21 de dezembro que terá lugar na sede da Deputación de Pontevedra em Vigo, e é uma iniciativa da I Cátedra Internacional José Saramago e do grupo de investigação BiFeGa da Universidade de Vigo a partir de uma proposta da poeta e performer Silvia Penas, em colaboração com a Abella Producións.
As sessões, com debate posterior, realizam-se a partir das 18h30 e, em geral, nas terças-feiras, só a do dia 21 de novembro será numa quinta-feira. Os filmes serão exibidos nas suas versões originais, com legendas em galego ou espanhol, e a entrada é livre!
“Mulheres (d)e Abril” centra-se no olhar das mulheres sobre o passado colonial e ditatorial de Portugal, sem descurar uma reflexão sobre o Portugal contemporâneo e o significado desses momentos históricos. Trata-se de uma seleção de obras que pretende convidar o público a pensar sobre a herança histórica e o seu impacto no presente, através da lente de realizadoras portuguesas e internacionais.
PROGRAMA | Ciclo de cinema “Mulheres (d)e Abril — as Realizadoras e a Revolução”
Localizações: MARCO – Museu de Arte Contemporânea de Vigo (Rua Príncipe, 54) e Sede da Deputación de Pontevedra em Vigo (Rua Eduardo Chao, 17, zona velha de Vigo)
Horário: 18h30
ENTRADA LIVRE
- 5 de novembro (MARCO): A metamorfose dos pássaros (2020, Catarina de Vasconcelos), com Oriana Méndez
- 12 de novembro (MARCO): Revolução (1975, Ana Hatherly), Natal 71 (1999, Margarida Cardoso), com Ana Gontad
- 19 de novembro (MARCO): Visões do Império (2021, Joana Pontes), com María Felisa Rodríguez Prado
- 21 de novembro (Deputación de Pontevedra – Sede de Vigo): O que podem as palavras (2022, Luísa Sequeira e Luisa Marinho), com Joana Meirim
- 26 de novembro (MARCO): Spell Reel (2017, Filipa César), com Rosa Cabecinhas
- 3 de dezembro (MARCO): 48 (2009, Susana de Sousa Dias), com Diana Gonçalves
- 10 de dezembro (MARCO): Free Angela Davis (2012, Shola Lynch), com María Platas Alonso
PROJEÇÕES E REALIZADORAS
A Metamorfose dos Pássaros – Catarina de Vasconcelos, 2020 (terça-feira, 5 de novembro, MARCO)
Este filme poético e íntimo cruza memórias familiares e história nacional, explorando as relações intergeracionais e a experiência da perda. Catarina de Vasconcelos utiliza uma linguagem cinematográfica visualmente rica para retratar uma história pessoal que ecoa os sentimentos de transição e transformação que marcaram Portugal na época da Revolução.
Referência: Vasconcelos, C. (2020). A Metamorfose dos Pássaros. Terratreme Filmes.
Revolução – Ana Hatherly / Natal 71 – Margarida Cardoso, 1999 (terça-feira, 12 de novembro, MARCO)
Ana Hatherly, conceituada artista e poeta, capta em Revolução a atmosfera visual e simbólica da Revolução dos Cravos, através de uma abordagem experimental. A conhecida realizadora Margarida Cardoso, em Natal 71, foca-se na guerra colonial, narrando um momento de celebração natalícia em plena guerra, num campo militar em África. Estas duas curtas-metragens são uma poderosa evocação do impacto emocional e político de um período de enorme transformação.
Referências: Hatherly, A. (1977). Revolução. Cinemateca Portuguesa. Cardoso, M. (2001). Natal 71. Filmes do Tejo.
Visões do Império – Joana Pontes, 2021 (terça-feira, 19 de novembro, MARCO)
Neste documentário, Joana Pontes explora as narrativas visuais do colonialismo português, questionando a forma como o império foi representado ao longo do século XX. O filme faz uma análise crítica das imagens do império que foram utilizadas para moldar a percepção pública e justificar a presença colonial.
Referência: Pontes, J. (2021). Visões do Império. Real Ficção.
O Que Podem as Palavras – Luísa Sequeira e Luísa Marinho, 2022 (quinta-feira, 21 de novembro, Deputación de Pontevedra – Sede de Vigo)
Em 1972, Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa publicaram As Novas Cartas Portuguesas, em que abordavam temas proibidos e censurados durante o Estado Novo, como a Guerra Colonial, o adultério, a violação ou o aborto. O livro foi imediatamente banido e as escritoras julgadas por crimes contra a moral. O processo judicial provocou ondas de protesto pelo mundo, construindo uma rede internacional de solidariedade. Em O que podem as Palavras, as “três Marias” contam a sua própria história, antes e depois de uma das primeiras grandes lutas pela causa feminista em Portugal.
Referência: Sequeira, L., & Marinho, L. (2018). O Que Podem as Palavras. Filmes Fantasma.
Spell Reel – Filipa César, 2017 (terça-feira, 26 de novembro, MARCO)
Spell Reel é um documentário que parte de arquivos históricos da Guiné-Bissau, capturados durante a luta pela independência, para refletir sobre as formas de resistência e o papel do cinema como ferramenta de memória e revolução. Filipa César entrelaça o passado e o presente, questionando o que significam essas imagens no contexto contemporâneo.
Referência: César, F. (2017). Spell Reel. Spectre Productions.
48 – Susana de Sousa Dias, 2010 (terça-feira, 3 de dezembro, MARCO)
Neste filme inovador, Susana de Sousa Dias utiliza fotografias de prisioneiros políticos da PIDE, a polícia política do Estado Novo, para reconstruir as suas histórias de repressão e resistência. 48 é um retrato impressionante da brutalidade do regime e da força daqueles que lutaram contra ele.
Referência: Sousa Dias, S. de. (2010). 48. Kintop.
Free Angela & All Political Prisoners – Shola Lynch, 2012 (terça-feira, 10 de dezembro, MARCO)
Este documentário centra-se na figura de Angela Davis, ativista pelos direitos civis e professora de filosofia, e no seu envolvimento com o movimento Panteras Negras e a luta pelos direitos políticos nos Estados Unidos. O filme reflete sobre a interseção entre género, raça e política, conectando as lutas emancipadoras de diferentes contextos históricos.
Referência: Lynch, S. (2012). Free Angela & All Political Prisoners. Codeblack Films.