Manoel Velho e a Fundação em defesa do galego

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Manoel Velho Salvado, Manolinho para os amigos, foi um militante ao jeito dos bons e generosos de antes: um ativista político e social do galeguismo altruista, fiel á causa na que cria, a do seu povo, insubornável no compromisso com ele, tivera ou não razão en tudo. “Não se vendia por nada nem por ninguém defendendo os direitos do povo”, diz dele um amigo numa reportagem tv. Radicalmente comprometido, era ao mesmo tempo exigente, humilde e ledo.

Nasceu no 1972 em Xanceda, paróquia de Mesía, e criou-se ali; mesmo foi sancristán na paróquia ate já maior. Estudou no Instituto de Ordes, onde teve de professora a Marga do Val, que escreveu dele: “Herdamos de Manoel a forza e o entusiamo, a loita xusta e sabermos que é posíbel un mundo novo para cada lingua… Tamén para o galego… Aprendemos con Manoel que desde o valor das pequenas cousas, dos pequenos xestos, con cada unha das nosas voces podemos aprender a valorar o noso… que o galego non pode ficar petrificado”.

Fiz os estudos de Sociologia na UDC e logo começou os de Direito. Nazonalista convencido, afiliou-se cedo a Galiza Nova e ao BNG, sendo concelheiro em Mesía e sindicalista na CIGA. Situado na Esquerda Nazonalista, foi evoluindo a outras posturas fora do BNG como Compromiso por Galicia, com a vontade -um pouco ingênua…- de criar um espaço político que agrupara a todos os galegos que amarem ao seu país, sem importar a ideologia.

Ademais de nazonalista, era ecologista, feminista… e todo o que cumpre meter no paquete do compromisso liberador; mesmo bebía e difundía “Gali-Cola”, por oposição ao imperialismo de Coca-Cola. Foi também um cristão progressista; eu conheci-o na sua achega a Associação Irimia (as Romaxes e a revista). Lembro vivamente um encontro que tivemos com amigos em Hospital de Orbigo, o povo de León onde eu nasci; chegou Manolinho todo orgulhoso com um exemplar de Xornal de Galicia no que vinha uma reportagem que me fizerem com ocasião da aparição do meu primeiro livro sobre Prisciliano.

Manoel defendia o galego com cordialidade, mas com intrasixencia quando cumpria. Com AGAL, da que era membro, apostou por um galego internacional integrado na grande família lusófona. Assim escrevia –literalmente- num post do seu facebook: “Uma magnífica forma de celebrar o festivo foi escapar a Portugal e passar a tarde com o meu amigo Luiz Araújo, que ajudou a conseguir a independência do seu país Angola… Lutador pelos direitos humanos en meio mundo, morou en Australia, Cabo Verde e na Galiza, onde descobriu que os galegos já se matam entre eles, não precisão inimigos e não conhecem o alcance internacional da sua lingua própria”.

Tive muitos anos um grave problema renal que foi minando drasticamente a sua saúde; a enfermidade levou-o a diálise, transplantes del ril e uma constante dependência hospitalaria, por iso foi muito activo em Alcer. Finou no CHUAC de A Corunha em decembro de 2022.

A “Asociación Pro-Fundación Manoel Vello”

“Esta iniciativa nasceu dum grupo de achegados a Manoel Vello… que o conheceron de preto e compartirem con el o seu obxectivo de loitar por uma Galiza orgulhosa do seu idioma que reivindica poder exercer o seu dereito a vivir em galego… Queremos ser un lugar de encontro de todas as persoas procedentes de tódolos ámbitos e ideoloxías, unidas polo desexo e compromiso de fazer uma Galiza na que podamos exercer o noso dereito de vivir en galego en todos os ámbitos da vida”.

São as verbas com as que se autodefine esta associação que nasceu a finais de 2023, trás do passamento de Manoel. A aposta por fazer uma fundação foi pensar que este seria o melhor instrumento “para canalizar ideas e proxectos achegados desde a sociedade e convertelos en realidade grazas a recursos económicos procedentes desa mesma sociedade en calidade de colaboracións e aportacións de particulares, outras empresas e as administración públicas”, dizem; concretamente “proxectos de máis envergadura que requiren maiores recursos”, com capital privado e o apoio de empresas implicadas.

As atividades da Fundação irão dos apoios à escola em galego à promoção do galego nas redes sociais e no lazer, no consumo, na empresa, etc. A prioridade está no apoio do galego na infância e na mocidade, mas também nos adultos.

E, fieis a uma das apostas de Manoel, não esquecem que “temos uma lingua internacional, uma variante máis do mundo lusófono, ao que debemos mirar e co que Galiza pode interactuar com grande vantagem pelo mero feito de contar co noso idioma, pai de toda a lusofonía espalhada pelo mundo”.

[Este artigo foi publicado originariamente no Nós Diario]