Desde há um certo tempo, na Galiza celebra-se entre 7 e 17 de maio a denominada “Semana das Letras Galegas”. Dentro da série que iniciei com Sócrates, sobre grandes vultos da humanidade que devem conhecer todos os escolares dos diferentes níveis do ensino, para comemorar esta festividade, escolhi duas grandes figuras da cultura galega, a que dedicarei o presente e o seguinte depoimento do dia 15. Tratam-se de Manuel Curros Enríquez (1851-1908) e de João Vicente Biqueira (1886-1924). O presente depoimento dedicado a Curros faz o número 99 da série.
Manuel Curros Enríquez nasceu em Cela Nova (Ourense-Galiza) a 15 de setembro de 1851, e faleceu em Havana (Cuba) a 7 de fevereiro de 1908, faz agora 111 anos. Junto com Pondal e Rosalia de Castro é um dos principais representantes do Ressurgimento da literatura galega. A sua obra destaca pelo fundo conteúdo social e progressista. Nascido na casa número 14 da rua de São Roque de Cela Nova, era filho do escrivão José Maria de Curros Vasquez, natural de Santiso-Melide, e de Petra Enríquez, vizinha de Vila Nova das Infantas. Em 1873, ao mesmo tempo que se proclamara a primeira república, casou com Modesta Luísa Polónia Vasquez Rodríguez, que era natural de Póvoa de Sanábria. Em criança assistiu na sua vila natal, para fazer os seus estudos primários, à escola do mestre Manoel Rebolo, e quando esteve preparado teve que ajudar o seu pai como escrevente. Com quem não teve muito boas relações, embora o progenitor fosse uma pessoa de ideias progressistas, agindo politicamente de acordo com elas. As relações entre ambos, sem serem boas, tampouco foram conflituosas. Muito jovem, em 1885, partiu para Madrid, morando na casa de seu irmão Ricardo. Na capital estudou a secundária e fez o bacharelato, e começou o curso de Direito. Ali ingressou de escrevente no Município de Madrid e integrou-se em vários círculos literários, com o propósito de fazer carreira literária.
Em 1868 participa na famosa revolução, chamada “A Gloriosa”, já dentro da maçonaria, a que pertencia desde a loja “Áuria de Ourense”, onde cultivou uma ideologia republicana progressista, mostrada de forma reiterada nos seus poemas, como “A chegada do comboio a Ourense”, e em muitos artigos jornalísticos. Entre dezembro de 1875 e fevereiro de 1876 escreveu as Cartas do Norte, crónicas da terceira guerra carlista, publicadas sendo correspondente do jornal El Imparcial. Nesta tarefa foi substituído por Fauró, outro correspondente da publicação, ao ser ferido de bala Curros por um ajudante do brigadeiro Mariné, com o qual partilhava quarto.
No ano 1877 ganha em Ourense um certame poético, com o poema “A Virgem do Cristal”. Esta vitória determinou-o como um poeta galego laico. Curros estabeleceu-se na cidade de Ourense e trabalhou na Intervenção da Administração Económica. Em 1880 publicou o livro Ares da minha terra. Obra que provocou que o reacionário bispo de Ourense, Cesáreo Rodrigo Rodríguez, denunciasse o escritor por atacar a religião, publicando um edital condenando o livro de Curros por considerar que continha proposições heréticas, blasfemas e escandalosas. O qual provocou que o tribunal ordenasse o sequestro dos exemplares do livro em poder do editor, e os moldes fossem destruídos, e Curros foi processado por delito contra o livre exercício dos cultos. Foi condenado em Ourense a dous anos, quatro meses e um dia de cárcere, embora mais tarde fosse absolvido na Corunha. E isto, apesar de ser muito bem defendido pelo jurista ourensano Juan Manuel Paz Nóvoa (1839-1895). A sua defesa no recurso de apelação perante o tribunal de segunda instância da cidade herculina, realizou-a o ilustre jurista e político Luciano Puga Blanco (1842-1899), também natural da região de Cela Nova. A audiência de apelação celebrou-se em 4 e 5 de março de 1881 e Luciano Puga ganhou o recurso, conseguindo que Curros fosse absolvido, sendo proferida sentença absolutória pelo Tribunal corunhês em 11 de março.
Pelo sucesso da defesa, Curros dedicou à filha do seu advogado Maria da Conceição, o poema “Adeus Mariquinha”, poema que na realidade se intitula “A Mariquinha Puga. Despedida”, e que escreveu com ocasião de que a Mariquinha se fosse para Cuba. Trata-se da famosa balada a que o mestre compostelano José Castro González (“Chané”) lhe pôs música: “Como tu vas para longe, e eu vou para velho, um adeus, Mariquinha, mandar-te quero”.
Perdido o posto de trabalho que tinha em Ourense, Curros volta para Madrid e ingressa na redação do jornal republicano El Porvenir. No ano 1894 decide emigrar para a América. Em Havana dirige um jornal, A Terra Galega (La Tierra Gallega), e quando se suspendeu a sua publicação ingressou na redação de El diario de las Familias, e depois na do Diario de la Marina. Acolhido com grande entusiasmo à sua chegada, terminou por incomodar-se com muitos dos seus paisanos. Em 1904 viajou à Corunha, onde foi agasalhado pelos regionalistas e galeguistas. De volta a Havana, retoma as suas atividades no Diario de la Marina, ao tempo que colabora com a revista Galicia, propriedade de Vicente López Veiga. Entre 1894 e 1896 colabora com os seus artigos na publicação A leitura.
Depois do seu falecimento os seus restos mortais foram embarcados para Galiza, onde recebeu muitas honras. O seu corpo está soterrado no cemitério de S. Amaro na Corunha. Entre 1928 e 1934, o escultor de Cambados Francisco Assorei, realizou a estátua dedicada a Curros, para o monumento levantado na sua memória e que está situado no Passeio das Palmeiras, na cidade corunhesa, frente ao hotel Atlântico. Na sua vila natal, perto do mosteiro, existe um busto seu. Entre outras da comunidade, levam o seu nome três escolas públicas de infantil e primária, a da sua vila natal, a da cidade da Corunha e uma das mais antigas da cidade de Ourense, na rua Sáenz Diez. Na denominada “Casa dos Poetas” de Cela Nova, onde nasceu Curros, tem a sua sede a Fundação Curros Enríquez, muito dinâmica, e a partir da qual se promove a lembrança da sua vida e obra. Quem mais impulsionou a recuperação da casa de Curros, para convertê-la em museu, foi o jornalista e escritor José Manuel del Caño. É muito interessante a monografia dedicada a Curros, escrita no seu dia por Alberto Vilanova, e publicada em 1953 pela editora Galicia de Buenos Aires, sob o título de Vida e obra de Manuel Curros Enríquez. Em 1980 Carlos Casares publicou outra monografia na editorial Galaxia de Vigo. E Luis Carré Alvarelhos, sob o título de M. Curros. Sua vida e sua obra nas edições Galicia da Argentina, no ano 1953. Temos que lembrar que em 1989, abriu-se o primeiro centro maçónico criado na Galiza com o nome de “Renascimento 15 Curros Enríquez”. Antes, em 1967, foi dedicado a Curros o Dia das Letras Galegas.
Dentro das suas múltiplas obras destacam especialmente as que levam por título Cartas do Norte (1875-1876), A Virgem do Cristal (1877), Ares da minha terra (1880) e O divino sainete (1888). Em 1979 a editorial Aguilar de Madrid publicou num volume a sua Obra completa.
FICHAS TÉCNICAS DOS DOCUMENTÁRIOS:
Duração: 5 minutos. Ano 2013.
Duração: 19 minutos. Fala Pilar Freitas. Ano 2014.
Duração: 3 minutos. Publicado por Marta Ferreira em 2013.
Duração: 3 minutos. Ano 2012.
Duração: 5 minutos. Ano 2009.
Duração: 4 minutos. Ano 2008.
Noutúrnio, por Luis E. Batalham. 6 minutos (2012).
Uma noite na eira do trigo, por Alberto Estévez. 5 minutos (2013).
Uma noite na eira do trigo, por Rosa Cedrón e Cristina Pato. 5 minutos (2011).
Uma noite na eira do trigo, por Juan Montes. 5 minutos (2015).
Os teus olhos, por Maria do Céu. 4 minutos (2010).
Recital poético, por Lua Pazos e Christian Losada. 3 minutos (2017).
Os teus olhos, por Chané. 6 minutos (2012).
Um adeus a Mariquinha, por Chané. 4 minutos (2015).
Os teus olhos, por Eloi Vázquez. 4 minutos (2015).
Os teus olhos, por Ugia. 5 minutos (2013).
Pelo seu grande interesse, tenho por bem reproduzir o depoimento escrito pela estudante de Literatura Galega da Universidade Estatal de Rio de Janeiro (Brasil), em que faz uma análise literária da poesia social de Curros.
1. Introdução: Manuel Curros Enríquez, nascido em 15 de setembro de 1851 em Cela Nova, Ourense, morreu em 1908 em Havana. Foi consagrado (juntamente com Rosália de Castro e Eduardo Pontal) como um dos grandes referenciais do chamado “Ressurgimento” da Literatura Galega na segunda metade do século XIX. Curros ajudou o pai como escrevente, estudou Direito e trabalhou como jornalista durante boa parte de sua vida. A obra que o consagrou como poeta civil foi “Ares da minha terra”, na qual o autor faz denúncias sociais em prol dos menos favorecidos e exalta a cultura galega. Um dos textos deste livro levou Curros a ser condenado por supostamente conter blasfêmias e heresias. Curros sofreu um processo por ter agido contra o livre exercício dos cultos e crenças, foi condenado em Ourense, mas absolvido na Corunha. O fato é que em razão disso foi obrigado a viver alguns anos longe de sua terra.
Podemos vislumbrar em sua obra três tipos de poesia:
i) Costumbrista – são composições mais populares e próximas do povo;
ii) Intimista – apesar de não ser o tipo de poesia mais presente em seu conjunto de obras, não podemos deixar de destacar textos mais introspectivos e sentimentais. Em geral, possuíam temática familiar, como por exemplo N’a morte de miña nai:
“ Doce malenconia, minha Musa
D’o meu esprito noiva feiticeira,
Déixa-me qu’oje n’o teu cólo dorma
Sono de pedra!”
iii) Poesia Cívica – pode ser dividida em duas partes: a) poesia que reflete as ideologias de Curros, onde ele trata abertamente dos seus ideais de liberdade e progresso; b) poesia agrária, em que o poeta trata das injustiças cometidas contra os camponeses.
Como a proposta deste trabalho é uma breve análise da obra de Curros focando na marginalização social e cultural do povo galego, vamos nos ater principalmente à Poesia Civil ou Social.
Podemos identificar portanto no seu pensamento político três fases distintas: a) Republicanismo; b) Republicanismo federalista e c) Galeguismo.
Suas obras continuam sendo de extremo valor para a Cultura Galega e serviram de base para a valorização desse povo. Há que se entender apenas que o autor estava inserido e atuante em seu contexto político social, mutável e adaptável.
“ Castelhanos de Castela,
Tratade bem aos galegos;
Quando vão, vão como rosas;
Quando vêm, vêm como negros.
(…)
Alá vão, malpocadinhos,
Todos de esperanças cheios,
E voltam, ai!, sem ventura,
Com um caudal de despreços”
(Cantares Galegos, Rosália de Castro)
Neste texto a autora demonstra nitidamente o processo de migração dos camponeses galegos que saíam de sua terra e eram massacrados e marginalizados na emigração em Castela.
Rosália de Castro, Curros Enríquez e Eduardo Pontal são nomes ligados ao Ressurgimento, movimento que retoma a valorização da cultura galega após tantos anos de massacre ideológica. Há nesta época na Europa a retomada do pensamento iluminista unido ao pensamento romântico, o que levava os pensadores a valorizar as singularidades de cada país e a variedade cultural. Assim surge o galeguismo como fonte ideológica. Aparece então uma literatura culta escrita em galego. Na obra de Curros especificamente podemos observar sua aproximação sentimental daqueles considerados derrotados e vencidos, os párias, os pobres. Demonstra desejos de fraternidade universal que ultrapassam meros recursos literários. Assim, identificamos neste autor nitidamente um comprometimento com o seu amor à Galiza. Um compromisso ideológico básico que determina inclusive sua conduta social. Curros defende o idioma galego e refuta as afirmações castelhanas de que se trataria de um dialeto agrário. Ele defende (citando Cervantes) que os grandes poetas antigos sempre escreveram em suas línguas maternas. Afirma que o povo galego é guerreiro e transparece sua fé em um futuro melhor, não apenas para a literatura, mas para a Galiza em geral.
Passemos então à análise pormenorizada de alguns textos de Curros Henríquez, que é o objetivo deste breve estudo.
(…)Quando n’as festas maiores
Era esperado o gueiteiro,
Botávam-lh’ as nenas flores
Ledas copras os cantores
Foguetes ao fogueteiro.
Tras d’ele, em longa riola,
D’a gaita o compás levando
Com infernal bataiola,
Iam corrend’ e choutando
Os rapacinhos d’a escola.
Nunca se puído avriguar
Véndolha repinicar,
Por qué, o som d’a gaita ouvindo,
Cantos bailavam sorrindo,
Acabavam por chorar (…)
Tratamos aqui de um dos poemas de Curros Enríquez inspirado em “O Gaiteiro de Penalta”. Está inserido em “Ares d’a minha terra”. Aqui Curros evoca tipos clássicos galegos. Vale esclarecer que até hoje o símbolo da tradição musical galega é a gaita. Ao gaiteiro, essa figura tão importante na tradição galega, Curros dedicou este poema. Podemos perceber neste trecho a tentativa do poeta de contar uma cena típica da sua terra. É descrita a cena de um grande festejo em que o gaiteiro era uma figura esperada, ansiada. Ao som da gaita, as moças dançavam sorrindo e chegavam a se emocionar e chorar. Este poema nos remete ao ambiente agradável da Galiza e tem a intenção de valorizar aquilo que é típico deste povo. Está, portanto, inserido na postura social mas talvez costumista também de Curros Enríquez, que se propõe a elevar e valorizar aquilo que é peculiar ao seu povo, a fim de retomar a identidade e autoestima dos galegos (após tantos anos de desprezo cultural por parte de outros povos, especificamente por parte dos castelhanos).
“(…)Pantasmas parecem
De cote fozando
N’a codia terrestre,
Toupeiras humanas
Que furam as seves,
O sangue d’as veias
Perdend’á torrentes
Trabalham sem folgos
Um chão que n’é d’eles (…)”
É muito interessante observar como o autor é firme em denunciar os abusos por parte dos mais poderosos (em especial, o Clero da Igreja Católica) contra os miseráveis. O poeta afirma que os camponeses trabalhavam sen força, como fantasmas ou toupeiras humanas, furando um chão que não lhes pertencia.
6 – O Maio e Aos Moços: Ainda como poeta social, Curros Enríquez possui outros escritos que denunciam explicitamente as mazelas sofridas pelos galegos. Estes eram vistos como um povo atrasado e rural. Os próximos fazem parte dos chamados poemas agrários. Eles refletem a angústia e miséria dos camponeses da Galiza em razão da injusta repartição da terra, da exploração realizada pelos mais ricos e do abandono do meio rural. Vejamos:
“ (…) Para mim nom há maio
Para mim sempr’ é inverno! (…)
Cantáde-me um maio
Sem bruxas nem diabos;
um maio sem segas,
usuras nem preitos,
sem quintas, nem portas,
Nem foros, nem cregos (…).”
“ (…) Que triste está a aldeia,
Que triste é que soia!
A terra sem frutos, a feira sem gente,
Sem braços o campo,
Sem nenos a escola,
Sem sol o hourizonte, sem flor a semente!” (Aos moços)
7 – Noutúrnio:
“Um velho, arrimado n’um pau de sanguinho,
O monte atravessa de car’ ao pinar.
Vai canso; uma pedra topou n’o caminho
E n’éla sentou-se para fôlgos tomar.
-Ai! Diz, qué triste,
Qué triste eu estou!
E-um sapo q’o ouvia
Repuxo: – Cró, cró!
As ánimas tocam! Tal noite com’esta
Queimóu-se-m’a casa, morréu-m’ a mulher.” (Noutúrnio)
Este é um dos poemas de maior repercussão da obra de Curros. Nele podemos observar que através do diálogo com um sapo, um pobre velho expressa sua angústia diante de um Deus que permitiu que sua mulher morresse. O próprio diálogo com o sapo em si traduz a injustiça divina: o sapo é feio, desprezado. Na cultura popular o sapo não é um animal bem visto, se diz que urina e cospe veneno. É como se apenas o sapo, esse ser rejeitado, desse ouvidos às lamúrias do velho. Ademais, o sapo também é um injustiçado, pois sendo mal visto, tem desprezado seu caráter benéfico como agente eliminador de insetos. Observamos desta vez de forma sugerida, e não explícita, uma revolta contra Deus e contra as injustiças do mundo.
8 – Conclusão: Diante disso, podemos concluir que Curros Enríquez foi um apaixonado pela Galiza, sua terra natal. Através de suas condutas políticas e de suas obras literárias buscou fazer renascer a autoestima do povo galego, louvando tradições locais e cenas típicas de sua terra. Não hesitou em demonstrar sua revolta contra as classes dominantes, especialmente contra o Clero da Igreja Católica, o que lhe gerou um processo, anos fora de casa e muita polêmica. Agiu com firmeza em denunciar as mazelas e injustiças sociais, sempre agindo a favor dos desfavorecidos e miseráveis. Por ocupar esse papel importantíssimo para o ressurgimento da Cultura e Literatura Galega, Manuel Curros Enríquez está eternizado em suas obras e na memória desse povo guerreiro que batalha até hoje para ter sua história valorizada”.
1. Vemos os documentários citados antes, e depois desenvolvemos um Cinema-fórum, para analisar a forma (linguagem fílmica) e o fundo (conteúdos e mensagem) dos mesmos.
2. Organizamos nos nossos estabelecimentos de ensino uma amostra-exposição monográfica dedicada a Manuel Curros Enríquez, a sua obra literária, as suas ideias e a sua defesa da cultura galega. Na mesma, ademais de trabalhos variados dos escolares, incluiremos desenhos, fotos, murais, frases, textos, lendas, livros e monografias. Paralelamente levamos a cabo um recital poético em que participem os escolares e docentes, recitando os poemas mais significativos e famosos de Curros.
3. Podemos organizar no nosso estabelecimento de ensino um Livro-Fórum, em que participem estudantes e professores. Entre os livros a ler que podemos escolher temos Ares da minha terra, do qual existe a edição de 1975 por Galáxia de Vigo, A Virgem do Cristal, editado em 1973 por Castrelos, ou O divino sainete, em edição de O Castro-Sada em 1994.
PUBLICIDADE