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Anxo M. Lorenzo Suárez: “O uso da língua galega mantém-se bastante estável ao longo dos últimos 30 anos”

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LVG

Neste ano 2021 há 40 anos desde que o galego passou a ser considerada língua co-oficial na Galiza, passando a ter um estatus legal que permitiria sair dos espaços informais e íntimos aos que fora relegada pola ditadura franquista. Para analisar este período, iremos realizar ao longo de todo o ano, umha série de entrevistas a diferentes agentes sociais para darem-nos a sua avaliaçom a respeito do processo, e também abrir possíveis novas vias de intervençom de cara o futuro.
Desta volta entrevistamos o sociolinguista e professor Anxo M. Lorenzo Suárez, quem foi ademais, secretario geral de Política Lingüística da Xunta no período 2009-2012, e atual Diretor Geral de Políticas Culturais da Consellería de Cultura.

Qual foi a melhor iniciativa nestes quarenta anos para melhorar o status do galego?
Haveria muitas iniciativas destacáveis, porque a melhora do estatus das línguas depende de muitos tipos de fatores e de ações concretas. Mas, por dizer uma, destacaria a criação da CRTVG em 1984, um meio de comunicação que espalhou o galego por todo o território e por todo tipo de faixas etárias (e ainda o estar a fazer num panorama totalmente distinto como é o atual), ao tempo que fez uma achega imprescindível, às vezes submetida a diferentes tipos de objeções e críticas, ao corpus do idioma.

Se pudesses recuar no tempo, que mudarias para que a situação na atualidade fosse melhor?
De poder mudar algo, tentaria desde o começo da jeira autonómica gerarmos um acordo de país entre as forças políticas, sociais e económicas para retirar o debate da língua das confrontações públicas e partidárias, desenhando uma formulação na que todos os sectores estivessem cómodos sem maximalismos nem sectarismos.

Da administração, faz-se o que pode ou o que se deve?
Administrações há varias, polo menos a do Estado, a Autonómica e a Local; também está a Administração de Justiça, que tem uma natureza complexa…
Na minha opinião, as línguas em Espanha têm um reconhecimento oficial (legal, institucional, etc) avondo e adequado para atingir um marco de convivência. Vivemos em sociedades plurilingues, já que logo as administrações devem de compreender a complexidade deste tipo de contextos e atuar em consequência para possibilitar a comodidade de todos os indivíduos.
O futuro das línguas joga-se na vontade dos falantes e dos grupos sociais; das famílias que a utilizam e a transmitem; da cidadania, como utentes, clientes, etc., interatuando com ela; dos seus falantes que a aprendem e apreciam. As administrações devem de facilitar e estimular estes processos de aprendizagem e uso; e devem de criar um contexto adequado para que nenhuma pessoa se sinta desconfortável por falar a sua língua de preferência.

Na minha opinião, as línguas em Espanha têm um reconhecimento oficial (legal, institucional, etc) avondo e adequado para atingir um marco de convivência.

Que haveria que mudar a partir de agora para tentar minimizar e reverter a perda de falantes?
Galiza tem uma situação sócio-linguística objetivamente mui favorável para a convivência social das línguas ser cordial e pouco conflituosa: apenas duas línguas em contacto e escassa percentagem de população não galega que tenha como idioma habitual uma terceira língua…
Além disso, galego e castelhano são estruturalmente mui achegadas, o que facilita muito a sua aprendizagem e permite ambos códigos estarem a disposição dos indivíduos no seu repertório linguístico, empregando um ou outro, às vezes um mais do que outro, mas com capacidade para usarem ambos e com espaços, pessoas ou situações onde ambos se desenvolvem significativamente. Neste contexto, o uso da língua galega mantêm-se assaz estável ao longo dos últimos 30 anos.

foto_entrevista-na-rg_maio_02_2014Achas que seria possível que a nossa língua tivesse duas normas oficiais, uma similar à atual e outra ligada com as suas variedades internacionais?
Há exemplos em outros contextos políticos e com outras línguas implicadas, daquela seria possível tecnicamente. Mas se seria possível no contexto galego, a resposta é negativa.
Por uma banda, a sociedade galega tem mui assumido que galego e português são línguas diferentes e diferenciadas; que Galiza e Portugal não fazem parte do mesmo projeto político; que galego e português são línguas mui semelhantes, mas ao tempo veem no português uma língua estrangeira, forânea; e consideram que o falante de português tem, em geral, uma atitude pouco favorável com o galego (considerado como “um castelhano mal falado”).

A sociedade galega tem mui assumido que galego e português são línguas diferentes e diferenciadas; que Galiza e Portugal não fazem parte do mesmo projeto político; que galego e português são línguas mui semelhantes, mas ao tempo veem no português uma língua estrangeira, forânea.

E por outra banda, onde se pratica o binormativismo projeta-se uma separarão assaz estrita de âmbitos e de usos reservados para cada variedade normativa. Não quero pensar nas enormes dificuldades à hora de determinar e concretizar os âmbitos funcionais em um hipotético binormativismo galego-português. Que variedade se haveria transmitir na educação? Em que variedade estariam os cartazes dos espaços públicos?…
Daquela, formular a hipótese de que o galego normativo pudesse partilhar reconhecimento legal com o português padrão não seria fácil de compreender e apoiar pola grande maioria dos galegos/as.

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