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Tudo isto existe, tudo isto é… kizomba

Hoje inicio o desafio lançado pelo Portal Galego da Língua de escrever umas crónicas, carregadas de subjetivismo, sobre o dia-a-dia na cidade de Lisboa. Crónicas com informações que serão, muitas das vezes, fúteis mas úteis para quem tiver vontade de conhecer a capital portuguesa por outros olhos, os de um galego, professor de português para refugiados.

A Lisboa que amanhece entre tuk-tuks, nestes inícios de 2016 perdeu, parcialmente, esse charme nostálgico que Sérgio e Caetano cantavam há treze anos. Proclamo, no entanto, que há tantas lisboas, como diz o fadista Marcos Rodrigues, e que tenciono desvendar algumas delas.

Não vou oferecer um guia de tendências, nem uma fonte de informação fidedigna da atualidade da capital portuguesa, vou falar da cidade que me surpreende e, porque não?, da cidade que me apetece partilhar. Da Lisboa cool da Lx Factory à amálgama multicultural e alternativa do Intendente, das kizombas e a Lisboa africana e suburbana ao fado desvirtuado de Alfama, com chouriço grelhado e caldo verde a preço de caviar, para turistas incautos.

Inicio este périplo inspirado na minha odisseia rotineira de transportes, do centro da cidade ao subúrbio, da Lisboa histórica ao bairro social. Circum-navegação diária na Grande Lisboa que me permite admirar, observar e fazer parte da característica que considero mais interessante da capital, a diversidade.

Pretendo falar de cultura e subcultura, e começo mesmo depois de um carnaval que nesta cidade já era, hoje praticamente inexistente.

Eis uma miscelânea de considerações prévias e pensamentos, com a intenção de não assustar, mas convidar.

Em sintonia com a vocação melódica que encetei acima, vou falar brevemente, nesta primeira crónica, de música e não vai ser fado, vou falar da kizomba.

Em contexto, podemos afirmar que as referências musicais dos jovens portugueses e especialmente dos lisboetas, já não são totalmente anglo-saxónicas, mas também africanas lusófonas e com Lisboa a funcionar como epicentro. A língua juvenil há bué de anos que enriqueceu com palavras de sabor africano e já existem referentes negros lusófonos, na televisão e no mainstream. Agora «só» falta que a população afro-portuguesa, tenha o papel que lhe corresponde neste Portugal do séc. XXI e a representatividade, em todos os âmbitos, é fundamental.

De volta à kizomba, numa pesquisa rápida no Google: «aulas de kizomba lisboa», podemos encontrar com facilidade uma centena de escolas de dança, ginásios, associações e mesmo juntas de freguesia que incluem aulas de kizomba nos seus programas. Deve ser relevante que um cantor deste género filme um videoclip na Avenida da Liberdade ou que um músico como Carlão, com um percurso reconhecido na música portuguesa, particularmente no hip-hop, decida gravar uma kizomba.

Confesso que não sou grande apreciador e não pretendo discutir, pelo menos agora, a qualidade ou o conteúdo de muitas das letras, mas amigas, isto também é reintegracionismo.

E acabo esta pequena crónica introdutória lançando uma pergunta-desvario: o que aconteceria na Galiza se o reggaeton fosse substituído pela kizomba? Aguardo as vossas reflexões.

#kizombaéreintegracionismo

 

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