Stresse teste

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Os sistemas expostos a falência som propensos a falir, o ponto crítico está na sua capacidade de reacçom ante cenários adversos onde a contingência vira em necessidade. Os bancos som um caso típico de sistemas potencialmente instáveis por acumulaçom de riscos como é o caso nos activos imobiliários sujeitos a depreciaçom valorativa nas bochas especulativas. Foi o caso das Caixas galegas que acabárom em Abanca e do Banco Pastor que arrasta hoje umha vida virtual, integrado no Banco de Santander.

O mesmo acontece nos Estados culturalmente heterogéneos submetidos ao exacerbamento de tensons centrífugas em circunstáncias adversas cujo caso típico é o Império austro-húngaro, poderoso em 1914 e fragmentado em treze estados europeus na actualidade: Áustria, Hungria, Chéquia, Eslováquia, Eslovénia, Croácia, Bósnia e Herzegovina.

No ámbito financeiro é habitual submeter os bancos suspeitos de instabilidade degenerativa a provas de stresse —stress test— que podem concluir na recomendaçom de incrementar os recursos próprios; nas crises de Estado, a coesom costuma salvar-se mediante o recurso á coerçom —o monopólio da violência é um atributo do Estado, dita Max Weber— ou, no longo prazo, mediante a sua reconfiguraçom polo dêmos implicado. Tal aconteceu em Espanha nas crises que dérom passo á primeira e segunda república.

O desafio independentista catalám, como se deu em chamar ao processo de convocatória dum referendo de independência vinculante por decisom unánime do Governo da Generalitat, prévia tramitaçom parlamentar —irregular e crispada— no Parlamento catalám. O resultado pende agora do êxito de participaçom na convocatória nom obstante os obstáculos ameaçantes postos polo Governo espanhol. Suposto o êxito —muito provável dada a abstençom activa propugnada polos partidos constitucionalistas opostos á consulta— o processo há de enfrentar-se ainda á disjuntiva de proclamar unilateralmente a independência ou de submeter os resultados a negociaçom em procura dumha reforma constitucional em sentido confederal. A segunda possibilidade parece preferível de todo ponto de vista, tanto para salvar da inoperáncia a umha declaraçom unilateral de improvável aceitaçom como para contribuir a abrir o debate pendente sobre as insuficiências manifestas da Constituiçom espanhola de 1978 e propiciar umha soluçom negociada sobre as duas grandes questons em conflito latente: a opçom entre monarquia e república e a reescrita do artigo 2. Palavras maiores, com efeito, mais imprescindíveis se se pretende avançar numha soluçom duradoira que satisfaga as aspiraçons das naçons culturais que reclamam reconhecimento. Dous juristas reconhecidos como J.A. Martin Pallin e Javier Pérez Royo coincidem na inevitabilidade de desenhar um referendo com garantias que, pola sua própria natureza, comportará a revisom constitucional e um novo pacto constituinte.

O stresse teste terá lugar o 1 de outubro que vai submeter a cidadania independentista catalã á prova de determinaçom e concorrência capaz de legitimar as sua aspiraçons. Os dias seguintes darám passo á interpretaçom antagónica dos resultados polo conjunto da opiniom pública —ou publicada se preferirem— e , nesse contexto, terá lugar o episódio decisivo: a eventual proclamaçom de independência unilateral por parte da Generalitat, com abstracçom do carácter parcial e irregular da consulta e da manifesta divisom instalada na sociedade catalã.

De assi ser, terá chegado o momento de formular posiçons e enfiar discursos sólidos e de carácter colectivo com que alimentar o processo deliberativo aberto e conjurar a tentaçom de passividade inibitória.

Passividade e acefalia som dous velhos malefícios do nosso país, alimentados polo ruído sem mensagem que emana dum Parlamento incapaz de suscitar questons que interpelem o país e o défice de exemplaridade galeguista exibida polos altos representantes da cultura nacional. Crispaçom e inércia no Parlamento, silêncio prudencial na cultura consagrada.

Se agora se abrir o debate constitucional, seremos capazes de encontrar as vozes justas que orientem a opiniom pública no reconhecimento da nossa dimensom nacional e as suas implicaçons? No imediato passado, houve um Camilo Nogueira, um Ángelo Guerreiro, um Ceferino Díaz como vozes insubornáveis e agentes de conexom com a dinámica parlamentar capazes de reverter as conspiraçons de corredor dos adaís da unidade uniforme e mesmo uniformada. Contámos hoje com um liderado moral de qualidade semelhante?