O castro de Pardinhas (Poulo) conserva umha magia especial. Rodeado por umha grande muralha de terra, onde se conserva a que foi a entrada original à povoaçom, está circundado por um rego que dá em um poço de um prado colindante. Todo isto no médio de um bosque de loureiros, azivros e silvardeiras que resistem à eucaliptizaçom generalizada, à concentraçom parcelária, à proximidade da AP-9 e a um projeto de polígono industrial.
Outra caraterística do castro de Pardinhas, mui inusual dentro do mundo castrejo ordense, é que ainda se podem advertir nele as estruturas circulares das moradas: as paredinhas dos mouros. E deveu ser isto, com certeza, o que deu nome à aldeia e ao castro: Pardinhas, do *parietinas, do latim vulgar *parete que à sua vez vem do clássico pariete ‘parede’. Nos dicionários galegos atuais dam a pardinhas o significado de ‘couto, devesa, terreno ou campo coutado com paredes’[1]. A Ponte das Pardinhas é um microtopónimo derivado deste castro e aldeia, mentres que o Monte de Pardinhas, em Ardemil (junto o lugar da Salgueira), poderia indicar um outro jazimento arqueológico.
Em Bascoi há um outro lugar que se chama Paredes, topónimo ao igual que Pardinhas, frequente na Galiza e Portugal. Dele matiza Almeida que em alguns casos nom debe referir-se “a um muro, embora devido a ele, à parede, mas a um prédio rodeado por ele ou ela”. Neste sentido encontra documentos dos séculos IX-XI onde o sentido predial é induvitável, referindo-se parietes a prédios rodeados ou defendidos por paredes.
Quanto ao microtopónimo do Pardinheiro, localizado na frequesia de Gesteda, serve a explicaçom de Antonio López Ferreiro: durante a Idade Média os júniores de cabeça e os de herdade podiam mudar de residência a outro senhorio quando quigerem, sem impedimento dos senhores, mas neste caso os júniores de herdade perdiam a metade dos seus bens móveis, podendo levarem unicamente consigo as madeiras das portas e janelas, assim como as do telhado. “Esto nos explica” di López Ferreiro, “por qué en las antiguas escrituras de contratación aparecen tan frecuentemente nombrados los pardiñeiros (parietinarios), que no venían á ser más que formales ó paredes de casas abandonadas”[2], explicando assim mesmo, o topónimo. O Pardinheiro de Gesteda lembra, entom, um velho abusso feudal, e que a luita pola morada digna vem de mui longe.
O direito consuetudinário galego comtemplava o costume da “graciosa”, pola qual o dividor ao que lhe eram vendidos os bens raízes em poja tinha um prazo de 30 anos para recuperá-los ao mesmo preço polo que foram vendidos, limitando a especulaçom imobiliária. Para Bernardo Herbella de Puga, a “graciosa” convinha “à maior parte dos habitantes de Reino da Galiza e por esta convenência geral fai-se razoável e justo. Resulta que o costume de conceder tal graciosa dos trinta anos na Galiza tem todos os requisitos e circunstâncias que o constituem em vigorosa força de lei e é capaz de derogar as que se tiveram estabelecido antes dela”[3]. Stop despejos!
NOTAS:
[1] Fernando Cabeza Quiles, Os nomes de lugar, Vigo, Xerais, 1992, p. 322; e Toponimia de Galicia, Vigo, Galaxia, 2008, p. 188.
[2] Antonio López Ferreiro, Fueros municipales de Santiago y de su tierra, Madrid, Ediciones Castilla, 1975 [1895], p. 33 e n.2.
[3] Bernardo Herbella de Puga, Derecho práctico y estilos de la Real Audiencia de Galicia, Santiago de Compostela, Imprenta de Viuda de Compañel, 1844.