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Rute Pallares : “Perante a situação grave em que se encontra a língua galega em todo o país e, sobretudo nos contextos urbanos, surpreende-nos não haver mais iniciativas deste tipo em muitos outros lugares”

Dia 11 de maio decorre uma Jornada de Língua, a primeira edição e confiamos que tenha muitas reedições, no CEIP Paraixal, um centro escolar público de Teis, Vigo, situado um bocado longe do mundanal ruído. Para nos informar desta atividade contactamos com Rute Pallares, integrante da AMPA do centro e uma das organizadoras.i-xornadas-de-lingua

A primeira pergunta é, precisamente, por que esta Jornada focada na Língua decorre no vosso centro?

É uma pergunta que leva implícita uma triste realidade que conhecemos bem. Perante a situação grave em que se encontra a língua galega em todo o país e, sobretudo nos contextos urbanos, surpreende-nos não haver mais iniciativas deste tipo em muitos outros lugares. Para mim, a língua é importante e considero que as crianças galegas devem ser conscientes da riqueza que implica desde que nascem. Mas, para que isto for assim, a mensagem e a praxe tem de partir de toda a comunidade educativa: professorado, famílias e alunado. A intenção é que esta jornada, e as sucessivas, abram portas para irmos construindo uma comunidade consciente e identificada com a língua própria. Para isso, o galego deve ser normalizado fora das aulas onde o castelhano costuma ser a única língua veicular.

A aparecimento das Escolas Sementes colocou sobre a mesa a dificuldade, quando não impossibilidade, da transmissão da língua galega nas famílias de ambiente urbano. O CEIP Paraixal é um aliado para garantir este direito?

O CEIP Paraixal é simplesmente uma escola pública em que existe uma comunidade educativa que tem uma boa relação, com vontade de trabalho e onde se estão a dar sinergias e relações colaborativas cada vez mais esquecidas nesta sociedade. Os dois eixos principais de trabalho que nós como associação defendemos, e que a escola partilha dentro da formação transversal, são a defensa do uso da língua própria e a igualdade. Eu vejo uma intenção, nesta escola, de que o emprego do galego não seja reduzido a umas horas de docência tal e como marca a lei, mas que saia ao pátio. Creio que as crianças galego falantes devem ser reforçadas e o resto deve ser competente em língua galega porque é uma riqueza e um direito. Neste sentido parece que o trabalho está indo por bom caminho com uma comunidade implicada no labor e a trabalhar a partir do respeito mútuo.

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A Jornada conta com atividades mais focadas para adultas e outras que têm como alvo as crianças. No segundo caso, que esperades delas?

Eu não tenho uma expetativa formada. O objetivo das atividades é reforçar as crianças no uso da língua galega e que tenham uma boa experiência. Para aquelas crianças que se acheguem de fora da escola, o objetivo é verem que existem espaços de socialização em língua galega também entre crianças. Para isto, contamos de manhã com Eli Ríos e Raquel Queizás oferecendo uns obradoiros sobre a figura de María Victoria Moreno, de narração oral e criação literária. A jornada da tarde consta de ateliês de jogo colaborativo com a Liga Gallaecia de futebol gaélico misto, que já tem colaborado connosco nas Jornadas de Igualdade resultando numa experiência fantástica para adultas e crianças.

Nas atividades para adultas ides contar com a presença de Alba Nogueira, Valentim Fagim e Caxade. Que vos motivou a pensar nelas na hora de elaborar o programa?

A resposta é muito simples. Independentemente da sua profissão, para nós são referentes ativos na defesa da língua galega e também dos direitos linguísticos das crianças. Estou impressionada pelo seu grau de compromisso, a sua resposta e terem aceitado o humilde convite.

A Jornada conclui com festa e música. Será que língua e alegria devem ir de mãos dadas?

É claro que ter de fazer uma jornada onde o lema seja “a língua importa” indica que o problema é sério. Eu não creio em absoluto que o espaço da nossa língua seja exclusivamente a festa, mas si tenho a forte convicção de que é importante articular contextos ou espaços de socialização onde se podam criar redes e laços. Após uma jornada com obradoiros e palestras chega o momento de partilhar reflexões. A ideia é trabalhar em comum e para isso tem de haver comunidade. Contar com Caxade como fecho da jornada é um autêntico privilégio que vai alegrar muitas crianças e adultas que conhecem o seu trabalho. Por outra parte há famílias que nunca o ouviram pelo que vai ser uma oportunidade única para que se acheguem à música galega em galego. Estamos encantadas.

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