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O mês de maio é o mês das Nossas Letras, que celebramos desde o ano 1963, em que se cumpria também o centenário da publicação da famosa obra poética de Rosália de Castro Cantares Galegos (1863). Por este motivo, dentro da nossa série de “As Aulas no Cinema”, iniciada no PGL há poucos anos, por estas datas da “Semana das Letras Galegas” sempre escrevemos dous ou três depoimentos dedicados a temas e autores galegos. No presente ano, dentro da série de grandes vultos da humanidade que iniciei com Sócrates, dedicarei um a Rosália de Castro (1837-1885), a nossa grande poeta, e na seguinte semana outro a Eduardo Pondal (1836-1911), o autor do nosso hino, que hão fazer os números 47 e 48 da série, respetivamente. Os galegos e lusófonos, ademais de outras, temos, por sorte, duas grandes poetisas: Rosália de Castro e a brasileira Cecília Meireles, de antepassados galegos e açorianos, pois o apelido Meireles é claramente um apelido de origem galega.

Rosália de Castro nasceu em 1837 (na partida batismal há lapso no ano, figurando o de 1836, o que leva a dúvidas sobre a data real de seu nascimento). No livro de registo de batismos da Capela do Hospital Real de Compostela (hoje Hostal dos Reis Católicos) há uma certidão de 23 de fevereiro desse ano assim redigida, e assinada pelo pároco: “Em 24 de fevereiro de 1836, Maria Francisca Martínez, residente em São João do Campo, foi madrinha duma criança de sexo feminino, que solenemente batizei e ungi com os Santos Óleos, dando-lhe nome de Maria Rosália Rita, filha de pais incógnitos (desconhecidos), criança essa que a madrinha levou e a que não dei número de registo, por não ter passado para o hospício dos expostos”. Essa criancinha era Rosália de Castro, que entrava na vida como resultado dum amor sacrílego: “Um espírito mau, algum demónio / lhe presidiu o nascimento”. Era filha de D. Teresa de Castro e Abadia, fidalga solteira, de 33 anos, e de um padre, José Martínez Viojo, de 39, e com certeza de humilde berço camponês, como aliás eram naquela altura todos os dessa profissão. Da mãe pouco se sabe e do pai nada, além da paróquia que regeu e a data de óbito. Sobre a madrinha ainda se discute: era criada da mãe? Era agente do pai? Ninguém com segurança sabe. Acerca da infância e a adolescência de Rosália, enjeitada, também paira densa névoa. Viveu os seus primeiros anos com a tal madrinha numa aldeiazinha da comarca padronesa de nome Lestedo? Passou – quando? – a morar com a (s) irmã (s) do pai em Castro-Ortonho? Viveu evidentemente a infância e a puberdade entre camponeses, tendo como única língua a galega. Quando e como assumiu D. Teresa a maternidade da filha oprobriosa? Levou-a a viver consigo primeiro a Padrão, no “solar dos Castros”, antes de a receber na sua casa de Compostela? Mistério. Quando e como registou a rapariga de “pais incógnitos” como filha sua, dando-lhe o seu apelido? Ninguém sabe, embora haja quem afirme, sem provas documentais, que a “adotou”, com 9 anos. Só se sabe que em 1853, portanto com 16 anos, Rosália estava em Compostela. Com quem vivia? Qual tinha sido a sua escolarização, pública ou privada, até essa idade? E depois? Vagas suposições, ou “tradições familiares”, indocumentadas. Teve em Compostela amores com o malogrado poeta Aurélio Aguirre? Há quem suponha que os teve com Eduardo Pondal, a outra grande figura da renascida poesia galega. Conheceu em Compostela o seu futuro marido, o polígrafo Manuel Murguia, que haveria de vir a ser cognominado um dia de “O Patriarca” do nacionalismo galego? Ou foi em Madrid, onde tinha ido por motivos também não esclarecidos? O que decerto se sabe é que em 1858 casou com Murguia, figura já de reconhecido talento, mas também criatura fisicamente ridícula, um homúnculo, de carácter fortemente contencioso, Rosália no ano anterior publicara um opúsculo de “poetisa”, que aquele, jornalista, tinha resenhado, gentilmente. Não se sabe mais desta Rosália jovem, e recém-casada, do que da menina aldeã e da moça padronesa. Qual foi a vida amorosa de Rosália – se é que alguma teve – antes de casar? E depois de casada? Já houve quem, baseando-se na poesia, reconstruisse toda uma história da sedução da jovem virgem por um anónimo amante de Padrão, que teria continuado a sê-lo depois de já consorciada com Murguia. A relação interna do casal também continua a ser objeto de controvérsias. Foram felizes ou infelizes? Nunca se saberá. Murguia, sempre que se referiu às “indizíveis dores” íntimas da sua mulher usou uma linguagem sibilina. A vida de Rosália desde o seu casamento até à sua morte, foi uma série contingente de mudanças de residência, devidas à incerteza dos empregos do esposo: um lar instável e uma saúde cada vez mais precária, com apertos económicos, sete partos e seis filhos, um deles morto na primeira infância, num trágico acidente. Madrid, Compostela, Simancas, Corunha, Vigo, Lugo, e, finalmente, Padrão. Todas estas deslocações, assim bem como as viagens por ela própria aludidas a La Mancha, Extremadura, e às costas, mediterrânicas de Múrcia e Alicante não estão melhor documentadas do que o resto da sua vida. Em resumo: uma biografia opaca, tanto no que tem a dizer com os dados externos como nos internos. Até a atualidade ela tem sido feita enchendo as amplas zonas de total escuridão com “pensa-se”, “suspeita-se”, “supõe-se”, “quiçá”, “é lícito imaginar”. Houve sempre silêncios – algum, como o relativo ao nascimento, explicáveis – mas poder-se-ia falar duma “conspiração” para apagar as pegadas do trânsito desta mulher pela vida. E dessa conspiração fizeram parte os seus descendentes e amigos, até data muito recente. Nessa cabala entrou também Murguia, cujas referências escritas à sua cônjuge foram sempre ambíguas ou mesmo misteriosas, e com frequência nada coerentes. E que, já próximo da morte, destruiu – segundo confissão própria – todas as cartas que dela possuía. A própria Rosália, deu também indícios do seu interesse de deixar da sua passagem por este mundo o mais leve rasto possível. Passou a última década da sua vida isolada da sociedade, na sua casa d’A Matança, em Padrão. Em 15 de julho de 1885 veio a sua morte, que ela tão insistentemente chamara, bater à sua porta. Poucos dias antes, tinha pedido ser levada até “às verdes ribeiras, as ribeiras de Carril”, na ria de Arouça para olhar o mar – seu amante vitalício – pela última vez. E lá esteve sentada, ao cair da tarde, vendo o sol que afundava nas águas. Voltou para casa, e teve, consoante o marido atesta, uma agonia lenta e dolorosa. A certidão de óbito regista com oficial implacabilidade: “filha ilegítima de D. Teresa de Castro”. Foi enterrada, por explícita vontade, no cemitério de Adina, que ela tão amoravelmente cantara, ao lado da mãe. Em 1891, com grande pompa, foi levada do amado cemitério rural, para um mausoléu do Convento de São Domingos de Bonaval em Compostela (hoje Panteão de Galegos Ilustres). Esta transladação era o começo da sua “canonização” oficial.

Infelizmente, ainda é hoje o dia que a sua biografia, a começar pela sua vida ao mundo, veria a ser um tecido de ocultações, reticências, alterações e invenções. E uma maranha de dados errados ou conflituosos, quando não uma total ausência deles. Ricardo Carvalho Calero, sem dúvida o seu mais apurado biógrafo, confessou no seu momento a sua perplexidade perante numerosos pontos da vida de Rosália, onde as lacunas abundam, sinalando que “as fontes resultam amiúde estranhamente contraditórias e incompletas. Uma sua verdadeira biografia é uma cousa que está ainda por se fazer” (como bem sinala na sua extraordinária obra, ainda sem superar, História da Literatura Galega Contemporânea, publicada pela Galáxia em 1973).

 

FICHAS TÉCNICAS DOS DOCUMENTÁRIOS:

1. Rosalia de Castro, feminista na sombra. Mulheres na história.

Vídeo biográfico com uma duração de 50 minutos.

https://www.youtube.com/watch?v=wmTeO-zjbag

2. Rosalia de Castro: angústia e infinito.

Vídeo da palestra pronunciada sobre Rosália por Mª do Cebreiro Rábade.

Produtora-Editora: Biblioteca Nacional. Duração: 56 min.

 

BIOGRAFIA “OFICIAL” DE ROSÁLIA:

Recolhida da “web” da Fundação “Rosalia de Castro”.

A vida de Rosália é uma história realmente apaixonante, cheia de interesse histórico, cultural e intelectual. O seu relato é entender da perspetiva de uma menina filha de mãe solteira e fidalga as chaves sociais de seu tempo; é assistir em primeira fila como moça, em Compostela, e em Madrid, a um processo de formação rico e complexo; é seguir-lhe os passos, em Vigo, na Corunha, em Lestrobe… à sua densa criação literária e mais ao projeto que acabou originando a Galiza dos nossos dias. Hoje as investigações biográficas sobre a sua figura provocaram claros avanços no desenho dos seus principais perfis. Ainda assim, continua a ser um repto estudá-la e explicá-la na sua totalidade e na sua complexidade. rosalia

Nasceu em Compostela a 24 de fevereiro numa casa do Caminho Novo (hoje Rosalia de Castro). Filha de Maria Teresa de la Cruz de Castro e Abadia (1804-1862) fidalga vida a menos, e do sacerdote José Martínez Viojo (1798-1871). Batizada na capela do Grande Hospital Real (hoje Hostal dos Reis Católicos). Atua de madrinha Maria Francisca Martínez, criada da mãe. O presbítero consigna na partida batismal: “Maria Francisca Martínez…foi madrinha de uma menina que batizei solenemente… chamando-a Maria Rosalia Rita, filha de pais incógnitos cuja menina levou a Madrinha e vai sem número por não ter passado pela inclusa”.

CANTARES GALEGOS E FOLHAS NOVAS:

A obra poética de Cantares Galegos, com poemas intimamente ligados à tradição popular, que se supõem compostos entre 1861 e 1863 (data esta última da sua primeira publicação), é o primeiro livro escrito por Rosália. Uma espécie de manifesto lírico do nacionalismo galaico, livro de mocidade, e como tal nele se encontra uma comunhão com a alegria instintiva do povo, com as suas danças e canções, cujos vibrantes ritmos ela sente, usa e interpreta, de maneira natural, espontânea e estilizadamente estética. Exprimindo um mundo que ela viveu na sua infância, compartilhando os seus risos e as suas dores. Apresentando o seu “cancioneiro”, Rosália diz que nele se encontram: “Cantos, lágrimas, queixas, suspiros, anoiteceres, romarias, paisagens, devesas, pinhais, saudades, ribeiras, costumes, tudo aquilo, enfim, que pela sua forma e colorido é digno de ser cantado, tudo o que teve um eco, uma voz, um sussurro, por leve que fosse, com tal que chegasse a me comover”.

A sua segunda obra poética Folhas Novas aparece em 1880, quando Rosália já se tinha tornado famosa. Este livro não apresenta a unidade temática dos Cantares, e está dividido em cinco partes: “Vaguidades”, “Do íntimo!”, “Vária”, “Da Terra” e “As viúvas dos vivos e as viúvas dos mortos”.

Pouco antes da sua morte veio a lume, em 1884, esta vez em língua castelhana, o cancioneiro En las orillas del Sar (Nas margens do Sar). A sua obra poética completa-se com alguns escritos em prosa e com o romance em castelhano El caballero de las botas azules (O cavalheiro das botas azuis). Em 1944, a editorial Aguilar publicou as suas Obras Completas, com numerosas reedições, embora, apesar de escrever “completas”, sempre fossem incompletas.

O primeiro poema que Rosália publicou em galego saiu à luz em 1861. O mesmo parte da quadra popular: “Adeus, rios; adeus fontes; adeus, regatos pequenos; adeus, vista dos meus olhos; não sei quando nos veremos”. E continua com os versos:

Minha terra; minha terra,

terra onde me eu criei,

hortinha que quero tanto,

figueirinhas que plantei.

Prados, rios, arvoredos,

pinheirais que move o vento,

passarinhos piadores,

casinha do meu contento.

Moinho dos castanhais,

noites claras de luar

sinozinhos timbradores

da igrejinha do lugar.

Amorinhas das silveiras

que eu lhe dava ao meu amor;

caminhinhos entre o milho,

adeus para sempre, adeus!

Adeus glória, adeus contento!

Deixo a casa onde nasci,

deixo a aldeia que conheço,

por um mundo que não vi.

Deixo amigos por estranhos,

deixo a veiga pelo mar;

deixo, enfim, quanto bem quero…

Quem pudera não deixar!…

(…)

Não me esqueças, queridinha,

se a saudade me matar…

Tantas léguas mar adentro…

Minha casinha, meu lar!”

Nota: O poema completa-se com outras 8 estrofes. É muito lindo escutá-lo cantar por Amáncio Prada.

Do poemário Folhas Novas escolhemos o poema “Negra sombra”:

Quando penso que te foste,

ao pé do meu travesseiro

tornas fazendo-me troça.

Quando imagino que és ida,

no sol mesmo te me mostras,

e tu és a estrela que brilha,

e tu és o vento que zoa.

Se cantam és tu que cantas;

se choram és tu que choras;

e és o murmúrio do rio

e és a noite e és aurora.

Em tudo estás e tu és tudo,

p´ra mim e em mim mesma moras,

nem me abandonarás nunca,

sombra que sempre me assombras.”

HOMENAGEM DE 7 POETAS A ROSÁLIA:

Foram numerosos os poetas e poetisas – não só galegos – que lhe dedicaram seus poemas como homenagem. Realizamos uma pequena escolha para completar o presente depoimento.

1. Valentim Lamas Carvajal (1894-1906):

À rola da Galiza” (fragmento):

Tu bem estar deverias

p´ra gala da terra nossa

numa gaiolinha de ouro

cheia de pedras preciosas

e deveriam pôr-te já

na tua fronte duas coroas,

que já lhas deste à Galiza

e são, docíssima rola, uma os Cantares galegos,

e outra, as últimas Folhas.”

2. Manuel Curros Henriques (1851-1908):

A Rosália” (fragmento):

Do mar pela beira

eu via-a passar:

na fronte uma estrela

na boca um cantar.

(…)

Ai, dos que levam na fronte uma estrela!

Ai, dos que levam na boca um cantar!”

3. Teixeira de Pascoaes (1877-1952):

A Rosália de Castro” (fragmento):

Divina Rosália. Ó santa protetora

da terra da Galiza, a nossa terra Mãe!

Onde derrama um oiro triste a luz da aurora,

onde a névoa do mar descobre e encobre o Além,

onde há alma de Deus, no mundo prisioneiras,

onde há rezas e sol, à noite nas lareiras…

(…)

Divina Rosália.

Senhora da Saudade e da Melancolia…

Alma de Deus despida, exposta à chuva, ao vento.

Alma, só num deslumbramento.

Alma, só alma a errar na solidão.

Alma, só alma, eterna aparição.

Aparição da dor, aparição do amor.

Alma, só alma, apenas alma em flor”.

4. Cecília Meireles (1901-1964):

Rosália” (fragmentos):

Irmã, irmã,

de amar e de entender,

de querer ressuscitar

e conhecer

pessoalmente,

só Rosália

(e que Santa Teresa me perdoe),

mas é assim,

naturalmente…

tratando-se de poesia

e não de santidade.

Rosália desperta

a fala dos antigos Cancioneiros

que nos alimentaram

na infância da literatura

nossa”.

5. Guilherme de Faria (1907-1929):

À alma de Rosália” (fragmento):

(…) – Rosália, Rosália!

A voz do teu sentimento

teve na minha poesia

o seu último lamento.

Pois foi-nos sorte mofina,

e para sempre mofina, a mesma graça imortal:

A saudade peregrina

da Galiza e Portugal!”.

6. Emílio Pita (1909-1983):

Cantigas a Rosalia” (fragmento):

Era uma roseira rosa

era uma rosa rosinha

Rosa rosinha roseira

a rosa de Rosalia

(…)

Cantam as vagas do mar,

cantam as ondas da ria,

cantam os pingos da chuva,

Rosalia Rosalia.

Rosalia está na rosa,

no mar, na chuva, na ria.

Rosalia está no vento

e está no céu da Galiza”.

7. Celso Emílio Ferreiro (1913-1979):

Dizemos Rosália” (fragmento):

Dizemos Rosalia

e acende-se um espelho

na noite larga e fria.

(…)

Espetado em fileiras

de galegos que partem

p´ras terras estrangeiras.

Dizemos Rosalia

e o coração da Mátria

sangra na noite fria”.

TEMAS PARA REFLETIR E REALIZAR:

Vemos os documentários citados antes, e depois desenvolvemos um Cinema-fórum, para analisar a forma (linguagem fílmica) e o fundo (conteúdos e mensagem) dos mesmos, assim como os seus conteúdos.

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Rosalia de Castro- estátua em Porto (Portugal)

Organizamos nos nossos estabelecimentos de ensino uma amostra-exposição monográfica dedicada a Rosália de Castro, a sua vida, a sua obra, as suas ações e a sua influência na cultura e literatura galega e lusófona. Na mesma, ademais de trabalhos variados dos escolares, incluiremos desenhos, fotos, murais, frases, textos, lendas, livros e monografias. Com uma amostra especial dos seus livros.

Para realizar na nossa escola ou no nosso liceu podemos escolher uma das seguintes atividades:

  • Organização dum Livro-fórum, depois de ler por todos, estudantes e docentes, o livro Rosalia de Castro. Antologia poética. Cancioneiro rosaliano, editado por Guimarães Editores de Lisboa em 1985, e coordenado na sua íntegra (seleção, organização, adaptações, versões, apresentação e notas) por Ernesto Guerra Da Cal.
  • Organização, com participação de escolares e professores, dum recital poético de poemas rosalianos, de poemas de outros autores dedicados a Rosália de Castro, e também de poemas que possam ter criado os estudantes como homenagem à nossa grande poetisa.

  • Realização de uma audição musical de poemas rosalianos cantados por Amáncio Prada e por outros cantores galegos.

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