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LINCOLN, ADVOGADO, ESTADISTA E ANTIESCRAVAGISTA

O Dia Internacional de Lembrança do Tráfico de Escravos e sua Abolição tem lugar a 23 de agosto. Foi escolhido o dia 23 para a celebração em referência à noite de 22 para 23 de agosto de 1791, quando escravos de São Domingos se revoltaram contra o sistema de escravidão, dando lugar à independência do Haiti. O acontecimento foi um ponto de viragem na história humana, tendo um grande impacto no estabelecimento dos direitos humanos. Esta data comemorativa funciona como uma homenagem às vítimas de escravidão e à sua luita. Este dia foi adotado pela UNESCO através da Resolução 29 C/40, sendo celebrado anualmente desde 1998. A UNESCO divulga todos os anos uma mensagem em memória deste dia e faz um convite aos governos e às organizações para aumentarem os seus esforços de reconciliação e para compartilharem as suas iniciativas. Para lembrar tal data e continuar com a série dedicada a grandes vultos da humanidade (que faz o número 8 da mesma) escolhi uma das pessoas que, tendo grande poder, mais se distinguiu na luita contra a escravidão, conseguindo mesmo no final a sua abolição nos EUA, onde foi presidente de 1861 a 1865. Estou a falar de Abraham Lincoln (1809-1865), grande figura histórica a que foram dedicados vários filmes e documentários, que comentarei neste depoimento.

Ao lado de George Washington, Lincoln é considerado um dos mais importantes presidentes americanos da história. Nascido em uma cabana próximo a Hodgenville, Kentucky, em 12 de fevereiro de 1809, aos dezanove anos de idade ele ingressou na tripulação de uma barcaça que transportava produtos agrícolas pelos rios Ohio e Mississípi até Nova Orleães. Em 1830, junto com seu pai, sua madrasta e seus meios-irmãos, Lincoln mudou-se para Decatur, no Illinois, onde trabalhou durante algum tempo cortando toras para cercas. Em 1831, ele deixou sua casa e trabalhou em vários tipos de empregos, como condutor de barcos e lojista.

Em 1834, Lincoln foi eleito para o Legislativo do estado de Illinois, onde ficou até 1843. Tornou-se advogado em 1837 e foi eleito para a Câmara Representativa dos Estados Unidos em 1846, onde cumpriu um mandato antes de voltar para Springfield, Illinois, para exercer a advocacia. Abolicionista convicto, e crítico declarado da escravatura, Lincoln participou de vários debates com o orador e senador americano Stephen Douglas (1813-1861) sobre se a escravatura deveria ou não ser legalizada nos novos territórios que se haviam tornado estados. A oratória brilhante de Lincoln nos Debates Lincoln-Douglas o fizeram famoso nacionalmente, e o recém-formado Partido Republicano o escolheu para concorrer contra Douglas nas eleições para o Senado americano em 1858. Embora tenha perdido, em 1860 os republicanos o escolheram como candidato a presidente. E Lincoln foi eleito.

Em 4 de fevereiro de 1861, pouco depois de ele assumir o cargo, os onze estados sulistas – Alabama, Arkansas, Flórida, Geórgia, Louisiana, Carolina do Norte, Mississípi, Carolina do Sul, Texas, Tennessee e Virgínia – se separaram da União e formaram os Estados Confederados da América. Lincoln, então, decidiu ir à guerra para tentar restaurar a União. Era o início da Guerra Civil Americana (1861-1865), ou Guerra de Secessão, um conflito que colocava em choque pontos de vista muito diferentes. Enquanto o Norte queria que os Estados Unidos continuassem a ser uma única nação, o Sul pretendia que se formassem duas nações independentes. Apesar da superioridade militar e industrial da União, a primeira grande batalha, que ocorreu no dia 21 de julho de 1861, teve uma esmagadora vitória da Confederação. Por dous anos consecutivos, as forças da União tentaram partir para a ofensiva, mas os confederados sempre as derrotavam. A história começou a mudar em julho de 1863, quando ocorreram os dous confrontos mais sangrentos do conflito. As forças do Sul, ao tentar invadir o Norte, foram detidas em Gettysburg, Pensilvânia. E as forças da União capturaram a fortaleza dos confederados em Vicksburg, Mississípi. Foi durante uma cerimônia em Gettysburg que Lincoln proferiu um famoso discurso em que prometeu que “nesta nação, sob a graça de Deus, terá um renascimento da liberdade; e o governo do povo, pelo povo e para o povo não perecerá sobre a Terra”. O sonho de Abraham Lincoln de um país unificado foi enfim assegurado. Mas, infelizmente, o próprio Lincoln não sobreviveu para usufruir a paz tão duramente conquistada. Em 14 de abril de 1865, enquanto assistia a uma apresentação no Teatro Ford, em Washington, ele foi assassinado por John Wilkes Booth (1838-1865), um ator desempregado escravagista e simpatizante da causa dos confederados.

FILMOGRAFIA DEDICADA A LINCOLN: FICHAS TÉCNICAS DOS FILMES:

A. Filmes:

1. Abraham Lincoln.lincoln-cartaz-filme-de-1930

Diretor: D. W. Griffith (EUA, 1930, 97 min., preto e branco).

Roteiro: Stephen Vincent Benet.

Fotografia: Karl Struss. Produtora: United Artists.

Nota: Pode ver-se entrando em:

http://cinemalivre.net/filme_abraham_lincoln.php

Atores: Walter Huston, Una Merkel, William L. Thorne, Lucille La Verne, Helen Freeman, Otto Hoffman, Edgar Dearing, Russell Simpson, Charles Crockett, Kay Hammond, Helen Ware, E. Alyn Warren, Jason Robards Sr., Gordon Thorpe e Ian Keith.

Argumento: O primeiro filme falado do mestre D.W. Griffith faz uma retrospetiva da vida de Lincoln, famoso presidente dos EUA.

2. Young Mr. Lincoln (A mocidade de Lincoln).

Diretor: John Ford (EUA, 1939, 95 min., preto e branco).lincoln-cartaz-filme-de-1939

Roteiro: Lamar Trotti. Produtoras: 20th Century Fox e Cosmopolitan Production.

Fotografia: Bert Glennon. Música: Alfred Newman. Produtor: Darryl F. Zanuck

Nota: Pode ver-se entrando em:

http://cinemalivre.net/filme_a_mocidade_de_lincoln_1939.php

Atores: Henry Fonda, Alice Brady, Marjorie Weaver, Arleen Whelan, Eddie Collins, Pauline Moore, Richard Cromwell, Donald Meek, Judith Dickens, Eddie Quillan e Ward Bond.

Argumento: Nova Salem, Illinois, 1832. Uma família que está viajando em uma carroça necessita de mantimentos da loja de Abraham Lincoln (Henry Fonda) e a única coisa de valor que eles têm para trocar é um livro sobre Direito. Abraham fala sobre suas ambições com Ann (Pauline Moore), uma jovem mulher que logo morre. Ele se muda para Springfield, a nova capital do estado, e em 1937, juntamente com o amigo John T. Stuart abre um escritório de advocacia. Lincoln conhece Mary Todd (Marjorie Weaver), uma mulher do Kentucky que, ao contrário de Lincoln, era rica. É focado o primeiro caso de Lincoln, no qual primeiramente impede que Matt Clay (Richard Cromwell) e Adam Clay (Eddie Quillan) sejam linchados por terem assassinado Scrub White. Ambos os irmãos se declaram culpados, como se um protegesse o outro. Abigail Clay (Alice Brady), a única pessoa que poderia testemunhar, é a mãe dos acusados e se recusa a dizer algo, pois o testemunho dela salvaria um dos filhos, mas automaticamente condenaria o outro à forca.

3. Lincoln.

Diretor: Steven Spielberg (EUA, 2012, 149 min., cor).lincoln-cartaz-filme-2012

Roteiro: Tony Kushner, segundo o livro de Doris Kearns Goodwin.

Fotografia: Janusz Kaminski. Música: John Williams.

Produtoras: 20th Century Fox, DreamWorks SKG, Amblin Entertainment, Imagine Entertainment, The Kennedy, Marshall Company, Participant Media, Reliance Entertainment, Office Seekers Productions e Parkes/MacDonald Productions.

Nota: Pode ver-se entrando em:

https://mail.google.com/mail/u/0/#sent/15d94d75b445d1b5?projector=1

Atores: Daniel Day-Lewis, Sally Field, Tommy Lee Jones, David Strathairn, Joseph Gordon-Levitt, James Spader, Lee Pace, Hal Holbrook, Gulliver McGrath, David Costabile, Michael Stuhlbarg, Peter McRobbie, Jared Harris, Jackie Earle Haley, Joseph Cross, John Hawkes, Tim Blake Nelson, Bruce McGill, Stephen Henderson, Gloria Reuben, David Oyelowo, Jeremy Strong, Walton Goggins, Boris McGiver, Stephen Spinella, Adam Driver, Dane DeHaan e Lukas Haas.

Argumento: Baseado no livro Team of Rivals: The Genius of Abraham Lincoln, de Doris Kearns Goodwin, o filme se passa durante a Guerra Civil norte-americana, que acabou com a vitória do Norte. Ao mesmo tempo em que se preocupava com o conflito, o 16º presidente norte-americano, Abraham Lincoln (Daniel Day-Lewis), travava uma batalha ainda mais difícil em Washington. Ao lado de seus colegas de partido, ele tentava passar uma emenda à Constituição dos Estados Unidos que acabava com a escravidão.

B. Documentários:

1. A história de Abraham Lincoln.

Da série “Conhecendo a história” (Brasil). Duração: 10 min. aproximadamente.

Nota: Ver entrando em: https://www.youtube.com/watch?v=A_qu1We6Ruk

2. Abraham Lincoln. Duração: 24 min.

Nota: Ver entrando em: https://www.youtube.com/watch?v=48UOAGC08Xs

3. Lincoln, um alvo a abater. Duração: 44 min.

Nota: Ver entrando em: https://www.youtube.com/watch?v=q_YI614EDyc

Argumento: Um documentário histórico que narra em detalhe os pormenores à volta do assassinato de Abraham Lincoln. Este foi o crime mais dramático na história americana: a verdadeira história do assassinato de Abraham Lincoln. Numa versão histórica narrada pelo ator americano Tom Hanks, o filme é interpretado por Billy Campbell como presidente dos Estados Unidos, Abraham Lincoln e Jesse Johnson como John Wilkes Booth.

4. Abraham Lincoln. Duração DVD: 90 min.

Canal de História (History Channel): Coleção “Grandes Biografias”.

Nota: Ver entrando em: https://www.youtube.com/watch?v=5usM88pLO60

Argumento: Abraham Lincoln (12 de fevereiro de 1809-14 de abril de 1865) foi um grande estadista e advogado, e o 16º presidente de EUA. É lembrado por restaurar a unidade federal da nação e por terminar no seu país com a escravidão.

PENSAMENTO DE LINCOLN ANALISADO NAS SUAS PRÓPRIAS PALAVRAS:

A melhor maneira de analisar as ideias e o pensamento de Lincoln é ler as suas formosas frases e palavras, das quais recolhemos uma pequena antologia.

-“ Pode-se enganar a todos por algum tempo; pode-se enganar alguns por todo o tempo; mas não se pode enganar a todos todo o tempo”.

-“ O campo da derrota não está povoado de fracassos, mas de homens que tombaram antes de vencer”.

-“ Quando pratico o bem, sinto-me bem; quando pratico o mal, sinto-me mal. Eis a minha religião”.

-“ Pecar pelo silêncio, quando se deveria protestar, transforma homens em covardes”.

-“ Ninguém é suficientemente competente para governar outra pessoa sem o seu consentimento”.

-“ Quase todos os homens são capazes de suportar adversidades, mas se quiser por à prova o caráter de um homem, dê-lhe poder”.

-“ Não te esqueças que os estranhos são amigos que ainda não conheces”.

-“ O que mais me interessa saber, não é se falhaste mas se soubeste aceitar o desaire”.

-“ A melhor parte da vida de uma pessoa está nas suas amizades”.

-“ Só tem o direito de criticar aquele que pretende ajudar”.

-“ Nunca devemos mudar de cavalo no meio do rio”.

-“ Tanto é a capacidade de se descrever os outros tal como eles se julgam”.

-“ Se a escravatura não é má, nada é mau”.

-“ A perda de um inimigo não compensa a de um amigo”.

-“ Nenhum mentiroso tem uma memória suficientemente boa para ser um mentiroso de êxito”.

-“ Nosso Senhor ama os pobres, por isso fez tantos”.

-“ Não me interessa nenhuma religião cujos princípios não melhoram nem tomam em

consideração as condições dos animais”.

-“ Antes de começar a criticar os defeitos dos outros, enumera ao menos dez dos teus”.

-“ O homem que trabalha somente pelo que recebe, não merece ser pago pelo que faz”.

-“ Para você que está chegando agora, criticando o que está feito, deveria estar aqui na hora de fazer. Não sejas um especialista em usar a crítica ao que está feito como pretexto para nada fazer. Assina, aquele que fez, quando no momento de fazer, não sabia-se como”.

-“ O caráter é como uma árvore e a reputação como sua sombra. A sombra é o que nós pensamos dela; a árvore é a coisa real”.

-“ A face de um velho amigo é como um raio de sol por entre escuras e sombrias nuvens”.

-“ Não poderás ajudar aos homens de maneira permanente se fizeres por eles aquilo que eles podem e devem fazer por si próprios”.

-“ Não fortalecerás os fracos, por enfraquecer os fortes. Não ajudarás os assalariados, se arruinares aquele que os paga. Não estimularas a fraternidade, se alimentares o ódio”.

-“ A maior habilidade de um líder é desenvolver habilidades extraordinárias em pessoas comuns”.

-“ O êxito da vida não se mede pelo caminho que você conquistou, mas sim pelas dificuldades que superou no caminho”.

-“ Tenha sempre em mente que a sua resolução de atingir o sucesso é mais importante do que qualquer cousa”.

-“ A demagogia é a capacidade de vestir as ideias menores com palavras maiores”.

-“ Não sou obrigado a vencer mas tenho o dever de ser verdadeiro. Não sou obrigado a ter sucesso mas tenho o dever de corresponder à luz que tenho”.

-“ Nenhum homem jamais se perdeu em uma estrada reta”.

-“ Eu sou a favor dos direitos animais bem como dos direitos humanos. Essa é a proposta de um ser humano integral”.

-“ Só tem direito de criticar aquele que tem coração para ajudar”.

-“ À noite, quando começo a pensar nos meus defeitos, durmo imediatamente”.

-“ O amor é a coisa mais alegre. O amor é a coisa mais triste. O amor é a coisa que eu mais quero”.

-“ Podes caminhar sem pressa mas nunca caminhar para trás”.

TEMAS PARA REFLETIR E REALIZAR:

Servindo-se da técnica do Cinema-fórum, analisar e debater sobre a forma e o fundo dos filmes e dos documentários antes resenhados.

Organizamos nos nossos estabelecimentos de ensino uma amostra-exposição monográfica dedicada a Abraham Lincoln, a sua ação, o seu pensamento, a sua vida e a sua obra. Na mesma, ademais de trabalhos variados dos escolares, incluiremos desenhos, fotos, murais, frases, textos, lendas, livros e monografias. Completaremos a mesma com uma pequena secção dedicada à história dos EUA, especialmente aos factos que merecem a pena ser apresentados. Podemos também expor como este país, desde o século XIX, é um dos que mais conflitos bélicos têm desenvolvido em muitos países do mundo para vender as suas armas.

Podemos ler entre todos (alunos e docentes) o livro Escravidão e capitalismo histórico no século XIX: Cuba, Brasil e Estados Unidos, do qual são autores Rafael Marquese e Ricardo Salles, editado pela Editora Civilização Brasileira. Enquanto declinava ou era abolida em determinadas zonas do Novo Mundo, a escravidão reflorescia no Sul dos Estados Unidos, em Cuba e no Brasil. Áreas que se tornaram polos dinâmicos de uma nova e maciça expansão da escravidão africana. Tais transformações suscitam questionamentos que este livro busca responder, ainda que de formas distintas, quando não divergentes. Como definir a segunda escravidão? Quais são seus quadros temporais e espaciais? Quais suas relações com a reestruturação da economia-mundo capitalista no século XIX? Qual a pertinência do conceito para as historiografias nacionais de Brasil, Estados Unidos e Cuba? E para a História Atlântica e Global? Como explicar os processos de abolição da escravidão nos Estados Unidos, Cuba e Brasil? Eis perguntas que por meio da técnica do Livro-fórum, depois de todos ter lido o livro, nos podemos reformular. Outro livro interessante para ler podia ser o intitulado Doze anos de escravidão, escrito por Solomon Northup, um livro de memórias em que se narra a vida de um homem negro nascido livre no estado de Nova Iorque que é sequestrado, vendido como escravo, e mantido em cativeiro por doze anos.

 

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