Extremadura e o software livre

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Por José Ramom Pichel Campos

Existem várias estremaduras, uma que começa polo prefixo ex- em Espanha, a que todos conhecemos, de Cáceres e Badajoz, e aquela de Portugal chamada Estremadura que é exatamente a regiao de Lisboa.

Extremadura leva muitos anos com um plano estratégico que pretende socializar sobretudo às gerações novas no uso das tecnologias livres. Eis o Linex que foi o Linux de Extremadura. A vanguarda estava e está em Extremadura. Na Galiza chámase-lhe vanguarda quando se poe wifi em toda a aldeia, ou nos parques, e a partir daí os jornais baptizam o evento de “X está na vanguarda tecnológica”. Mas essa vanguarda nao é mais do que ligar a gente à Internet para na maior parte dos casos dias e dias de facebook, tuenti, chats e ver correios eletrônicos.

No entanto, Extremadura sim que está no cabeçalho tecnológico. O governo extremenho nao se dedicou a auto-alcunhar-se de vanguarda, nem falta que fai, simplesmente usou esse mítico slogan punk apanhado novamente por Nike, esse mesmo de “Just do it” ou seja em tradução absolutamente livre, “Não perguntes, fai-no”. Extremadura apostou polo software livre, apostou por implantar nos colégios e liceus estas tecnologias, trabalhando num futuro para apanhar frutos a 25 anos.

Aqui temos cada vez mais uma indústria tecnológica que está apostando embora timidamente polo software livre ainda que com empresas claramente com essa vocação, temos várias organizações empresariais que começam a dizer que é necessário e possível apostar pola tecnologia baseada em código aberto, temos um centro de referência em software livre, temos uma excelente comunidade de software livre saída na sua grande parte das Universidades, mas como ocorre com outras cousas, seguimos sem estratégia comum, com múltiplos fios na maior parte graças às iniciativas individuais, e querendo atacar de vez a tudo. Com rapidez, sempre a maldita rapidez.

Em Extremadura acreditarom na lentidão. Na lentidão que dizia Kundera, essa que fai que as cousas se fagam com carinho, que se acabem fazendo tranquilamente, reflexionando sempre, deixando que o caldinho tome o seu sabor. E agora com paciência e o passar dos anos, têm gente formada, gente com ganas, tecnologia compreendida pola sociedade. E também, suponho e também desejo muitos erros polo caminho, muitas oportunidades para aprender.Também Extremadura há uns meses apostou polo português como língua estratégica para o seu crescimento económico. Na Galiza o galego é um problema.

 


(*) Artigo publicado na coluna Medo aos aviões, do jornal Galicia Hoxe.