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Educação difusa e ambiental no filme “Central do Brasil”

José Paz Rodrigues (*) – O nosso grande pedagogo Manuel Bartolomé Cossío (1857-1935), com o qual coincido plenamente, dava com razão muita importância à educação informal ou espontânea dos rapazes, que ele denominava “difusa”. Seguindo o pensamento dos grandes educadores e pedagogos mundiais, considerava que a educação que mais influía nas crianças era aquela que recebia espontaneamente, de forma inconsciente, do ambiente e do contexto mais próximo.

Em primeiro lugar, do ambiente familiar e do relacionamento com os seus pais, irmãos e avós, por isto a “primeira escola” muito importante é o lar familiar. A criança copia tudo o que vê e ouve, daí o grande valor que tem a conduta dos seus pais, que, se for modelar, vai influir positivamente na própria da criança. Mais tarde vai ter uma grande importância o relacionamento com os amigos da escola, na formação dos rapazes. Quando as crianças jogam (o jogo é a atividade mais importante na infância), está aprendendo muito sem dar-se conta, e além disso de forma muito agradável, quando lê como passatempo, quando desenha livremente e desenvolve a sua criatividade, quando escuta música, canta, ou ele mesmo toca algum instrumento musical, quando participa como ator em alguma montagem teatral, quando cuida de plantas, árvores, flores ou animais, quando coleciona postais ou selos e quando passeia da mão de seus pais e avós e vai fazendo perguntas sobre os elementos que observa à sua volta. Cossío, que já tinha desenhado décadas antes as suas famosas “Missões Pedagógicas”, pôde levá-las à prática em 1931 com a instauração da 2ª República, sendo o primeiro projeto educativo que o novo governo pôs a andar. Projeto que respondia perfeitamente, do ponto de vista educativo, ao que venho de resenhar, e se desenvolveu em numerosos lugares do rural do nosso país, com grande sucesso.

Se de mim dependesse, levaria a cabo nos estabelecimentos de ensino uma profunda reforma do currículo escolar. Dando entrada no mesmo a atividades artísticas e lúdicas, hoje subvalorizadas e/ou esquecidas de forma muito injusta. Porque do ponto de vista pedagógico e formativo são muito mais importantes que outras excessivamente valorizadas. Para isso haveria que mudar por completo os calendários e especialmente os horários das escolas. Naturalmente, seria necessário fazer uma consciencialização social sobre a importância das artes e dos jogos. Em primeiro lugar, entre mães e pais, depois entre os mesmos docentes, dos quais muitos têm opiniões erradas sobre o interesse formativo dos conteúdos escolares. Finalmente, entre os administradores educativos, nas últimas épocas e legislaturas muito ignorantes sobre o que realmente é educar, e sobre o papel dos estabelecimentos educativos e a importância do ofício docente. E, dado que de momento há muito caminho a percorrer no nosso ensino para conseguir o que proponho, está bem que falemos dos tempos livres dos rapazes em período de férias.

Uma das mais importantes metas que temos que conseguir entre crianças e jovens é, em concordância com as suas aptitudes, atitudes, interesses e motivações pessoais, que adquiram passatempos positivos. O que há ser muito benéfico para eles próprios, e para a sociedade em que moram. Que aprendam a utilizar de forma adequada o seu tempo de lazer ou tempo livre. Só desta maneira conseguiremos que os jovens, por aborrecimento, não acabem na toxicodependência ou noutras condutas perniciosas, delituosas ou viciantes. Existem infinidade de atividades artísticas e lúdicas para ocupar os tempos livres. Cada rapaz deve praticar aquelas de que mais goste, adaptadas às suas preferências e interesses. As leituras como passatempo, os conta-contos, as dramatizações, o visionado de filmes clássicos de cinema de qualidade, ou a realização de curtas-metragens. A fotografia, a música, à base de escutá-la, de aprender cantigas ou a aprendizagem instrumental, chegando a dominar algum instrumento: gaita-de-foles, guitarra, pandeireta, clarinete, flauta, violino… As redações livres e espontâneas de poemas, contos ou lendas. Os passeios, roteiros e caminhadas para desfrutar da natureza. A prática de todo o tipo de desportos: futebol, voleibol, natação, ténis, atletismo… A prática de jogos tradicionais e cooperativos, de que a nossa cultura tão rica é. E dentro das atividades artísticas há uma grande variedade: pintura, desenho, modelado em barro, títeres, máscaras teatrais, recortáveis, elaboração de papagaios de papel, tear, origami, escultura de balões, cestaria, carpintaria, filatelia, trabalhos em arame… Por isso, que importante seria que nas escolas os rapazes pudessem participar em variedade de obradoiros ou oficinas pedagógicas! E no verão, agora que as crianças já estão em férias, seria importantíssimo que funcionassem ludotecas na maioria das vilas e nos bairros das cidades, e mesmo que houvesse uma ludoteca ambulante pelas aldeias do rural. Um exemplo o temos no programa “Ourense Lúdico”, coordenado pela Associação Sociopedagógica Galaico-Portuguesa (ASPGP), iniciado em 1995, infelizmente hoje, por falta de ajudas desde 2011, reduzido a umas poucas atividades na cidade ourensana, para integrar as crianças de imigrantes.

Para este tema escolhi hoje um filme excelente, em que se pode apreciar o relacionamento entre uma antiga mestra e um rapaz que vem de perder a sua mãe num acidente rodoviário. Ambos percorrem juntos um amplo roteiro que vai da estação do comboio de Rio de Janeiro ao Nordeste do país, à procura do pai do rapaz.

 

Ficha técnica do filme:

Título original: Central do Brasil (Estação Central do Brasil).

Diretor: Walter Salles (Brasil, 1998, 112 min., a cores).

Roteiro: João Emanuel Carneiro e Marcos Berstein, baseado no filme Alice nas Cidades de W. Wenders.

Música: António Pinto e Jaques Morelenbaum. Fotografia: Walter Carvalho.

Atores: Fernanda Montenegro (Dora), Vinícius de Oliveira (Josué), Marília Pêra (Irene), Soia Lira (Ana), Othon Bastos (César), Otávio Augusto (Pedrão), Stella Freitas (Iolanda), Matheus Nachtergaele (Isaías), Caio Junqueira (Moisés) e Zélia Bastos (Filomena).

Prémios: Este filme recebeu infinidade de prémios. Entre eles há que destacar: “Urso de Ouro” ao melhor filme, “Urso de Prata” à melhor atriz e prémio de melhor filme do júri ecuménico do Festival de Berlim de 1998. Prémio ao melhor roteiro no Sundance Festival de EUA no mesmo ano. Indicado para o Globo de Ouro, está considerado como o melhor filme do Brasil na década de 90.

Argumento: Dora é uma mulher que trabalha na estação Central do Brasil escrevendo cartas para pessoas analfabetas; uma das suas clientes, Ana, aparece com o filho Josué pedindo que escrevesse uma carta para o seu marido dizendo que Josué quer visitá-lo um dia. Saindo da estação, Ana morre atropelada por um autocarro e Josué, de apenas 9 anos e sem ter para onde ir, vê-se forçado a morar na estação. Com pena do rapaz, Dora decide ajudá-lo e levá-lo até o seu pai que mora no sertão nordestino. No meio desta viagem pelo Brasil eles encontram obstáculos e descobertas enquanto o filme revela como é a vida de pessoas que migram pelo país na tentativa de conseguir melhor qualidade de vida ou poder reaver os seus parentes deixados para trás.

 

 

Mestra e aluno ocasional em roteiro pelo Brasil:

Este tão premiado filme retrata com emoção o cotidiano de milhões de brasileiros que vivem migrando pelo país em busca de um lugar ao sol, por condições mais dignas de vida, vindos das regiões mais pobres do Norte e Nordeste, geralmente estabelecendo-se em São Paulo ou no Rio de Janeiro. No filme, Fernanda Montenegro vive Dora, uma mulher que ganha a vida escrevendo cartas para analfabetos na estação Central do Brasil, no Rio de Janeiro. Cada relato revela uma das inúmeras facetas que compõem a vida brasileira. Dora tem como cliente a Ana, que sempre lhe pede para escrever cartas para o marido. Ana vem acompanhada de Josué, seu filho que aos nove anos ainda não conhece o pai. Numa dessas consultas, Ana é atropelada e morre. Josué fica abandonado. A contragosto, Dora acaba acolhendo o menino e envolvendo-se com ele, não sem antes colocar-se com o menino em situações de risco iminente. Sente-se, então, na obrigação de levar o rapaz ao encontro do pai. A viagem mostra um Brasil agreste, endurecido e cheio de perigos. A cumplicidade entre os dous cresce à medida que o tempo passa. A personagem de Fernanda Montenegro tenta valer-se de uma realidade com a qual tenta não estabelecer nenhum vínculo emocional. Mas, aos poucos, é envolvida e transformada por ela. Josué é a vítima que a chama à responsabilidade que não pretende assumir. Ao mesmo tempo, para o menino, conhecer o pai torna-se a possibilidade de entrar em contacto com um universo novo, do qual não tem a menor ideia, e que nem por isso será alentador. A construção coerente desses personagens e da própria história são os principais trunfos de “Central de Brasil”, um filme que faz justiça a todas as premiações obtidas até agora.

O título do filme, já amostra uma intenção. Trata-se de um significante por baixo do qual vários significados podem desenvolver-se. Começa na estação de ferro Central do Brasil, e ela estabelece-se como um núcleo central, a partir do qual irradiam as histórias, em diferentes níveis. A nível sociológico, abre uma janela para importantes aspetos da sociedade brasileira, tais como, a ausência de ordem, a violência, a pobreza física e intelectual, a invasão agressiva dos espaços, muito bem mostrada na cena da invasão desordenada de corpos pelas janelas do comboio, e o anonimato dos pés lotando as calçadas da estação. Estabelece uma oposição entre a sociedade carente urbana carioca e a sociedade carente rural do Nordeste. A nível político, deixa claro a ausência de uma hierarquia representativa, e a situação de marginalização financeira e cultural de todo um povo que analfabeto, fica entregue às mãos de critérios autoritários de indivíduos sem escrúpulos como a Dora do começo, que mais tarde se transforma positivamente pela influência de seu “aluno”. Indivíduos que mantêm o poder de interferirem arbitrariamente na vida das pessoas, pelo simples facto de terem acesso à cultura. A nível antropológico, trazendo hábitos e personagens de passagem, fortemente constituídos e caraterizados, mas aprofunda-se mais nos valores da cultura urbana indiferente e moralmente deteriorada da mestra ocasional e na cultura sertaneja do rapaz, onde a descrença e a indiferença cínica e amoral é substituída pela fé, pela solidariedade e pela integridade moral. Finalmente a nível individual, com as duas personagens centrais, empreendendo uma profunda viagem ao centro deles mesmos, através da descoberta do Outro. Este é sem dúvida o nível mais interessante do ponto de vista educativo. O diretor do filme, Walter Salles, comentou no seu dia: “O meu é um filme sobre a necessidade de vermos o outro e descobrimos o afeto, capaz de mudar a nossa relação com a vida.” Mais adiante ele diz que é um filme sobre o olhar. E é assim que ele termina a sua obra, com Josué olhando Dora e Dora olhando Josué. Mas o que é lindo é como ele deixa claro que existe o olhar externo e um olhar para dentro, para os seus objetos de amor internos que intermeiam toda a nossa relação com o mundo e as pessoas. Dum ponto de vista psicanalítico, poderíamos intitular o filme de “Viagem em busca da figura paterna e da restauração do casal parental “. Esta é saga do rapaz, numa idade em que a figura masculina é fundamental para a constituição da identidade e da resolução do problema edipiano. Sendo a busca fundamental de Josué, ela atravessa também a viagem interna de Dora.

Mas a viagem de Dora tem outros rumos e caraterísticas próprias. Compreende a recuperação interna da figura da mãe, perdida no passado, pois morreu quando ela era criança, da idade de Josué. A restauração da figura do pai, que tinha ficado cindida de seus aspetos bons. O pai vivido internamente durante a maior parte do filme, foi o pai bêbado, autoritário em casa e palhaço na rua, ausente, volúvel, prefere o táxi ao ônibus, um pai que nunca a olhou, pois nem a reconhece quando a encontra na rua e só a percebe como um possível objeto sexual. Aquele pai que a deixou menina apitar o comboio durante toda a viagem, que dava espaço para ela criança, sendo continente para sua necessidade lúdica, só é recuperado no fim do filme, junto com a sua saudade. Quando pode pela primeira vez escrever a sua carta, e não mais a dos outros. Uma carta para Josué, que intermediou esse reencontro. A viagem de Dora passa ainda pela aquisição da feminilidade, todos aspetos necessários para o estabelecimento de vínculos amorosos.

 

 

“Mestra e “aluno” numa viagem ao seu interior:

É uma viagem interna ao mais profundo recôndito de todo o ser humano e que trata de um assunto central não só do Brasil, mas da estruturação de toda a pessoa humana, ou seja, a busca da identidade e a resolução do problema edipiano. A nossa identidade não fica nunca pronta. Estamos sempre construindo-nos e desconstruindo-nos, enfim constituindo-nos. Mas é necessário um terreno firme para suportar esses movimentos posteriores, que em grande parte seria a introjeção de uma mãe boa, e a resolução do problema edipiano. Por isto também o filme é muito rico, pois durante a viagem, “mestra” e “aluno”, com o seu relacionamento cada vez mais profundo, sincero e afetivo, vão-se enriquecendo ambos educativamente. Desde o início do filme, Dora é a espetadora do desmando, ela olha, vê e compreende mas não sente, nem reage, integra-se na indiferença generalizada. Além disso, exerce um poder arbitrário quando relê as cartas e resolve o destino das pessoas.

É evidente que paga um preço alto por isso, a solidão, decorrência direta da incapacidade de olhar para o outro e de se relacionar com ele. Tem uma postura agressiva e fálica, nas mesquinhas e apequenadas relações emocionais que chega a estabelecer. Irene, sua amiga, é um contraponto de Dora, mais feminino, mais doce, que olha nos olhos, tem um contacto próximo, estabelece facilmente vínculo com o menino, mas que também “ficou sem marido”, tampouco se completou como mulher. Não teve filhos, mas confessa abertamente a sua incompletude e busca saná-la, procura, e por isso mesmo tem muito mais chance de “chegar lá”. Tem prazer em cuidar de si e do menino. Verbalmente diz que não quer participar, mas na ação observamos um sorriso de prazer no arbítrio, participa da rasga de cartas, mas busca respeitar o desejo das pessoas, considerando-as de uma forma menos indiferente que Dora. Ela coloca limites para Dora. Quando desconfia que a amiga vendeu Josué, a televisão mostra o programa “Topa tudo por dinheiro” e ela diz firme: Dora, tudo tem um limite. Também a incentiva a ser generosa: Eu sabia que você era um bom soldado, disfarçando com Pedrão dentro da casa. Josué é uma criança encantadora. Vai tornar-se o analista de Dora.

É na relação com Josué, que Dora restaura os seus objetos internos bons e introjeta novos e desabrocha para a vida como ser humano, podendo perceber o outro e aproximar-se dele. A “mestra” ocasional termina por enriquecer-se muito com o relacionamento com o seu ocasional “aluno” e encontra sentido agora à vida. Outro aspeto fundamental dessa relação terapêutica, é que em muitos anos, ela não se tinha sentido objeto de desejo do outro, e Josué investe o seu desejo em Dora, ele olha-a e percebe-a como ser humano amorável e como mulher. Como um ser especial. Lacan diz que a gente investe com o seu desejo os objetos que percebe estarem investidos pelo desejo do outro, ainda mais quando esse outro, já está investido com o meu desejo. Sendo a base de toda a propaganda. E existe algo mais importante do que a gente sentir que é objeto do desejo do outro? De alguém que a gente tenha investido com o nosso desejo? Josué introduz o cuidado na vida de Dora. Tesouro introjetado como herança da mãe. Uma mãe que a seu modo foi suficientemente boa, ajudou-o a respeitar-se e perceber-se como um ser amorável.

A “mestra” ocasional termina por ser também uma mãe estupenda. Colocando-se no mesmo lugar da sua mãe que o desejou e o respeitou. Talvez estourada e explosiva como ele mesmo, mas terna e cuidadosa com ele. Josué é uma criança bem constituída, com objetos internos bons e consistentes que o ajudam a lidar com as suas angústias no desamparo e na sua busca da figura paterna idealizada. Tem uma mãe interna solidamente constituída que o acompanha e lhe possibilita ser moralmente íntegro, não se deixando comprar nem seduzir. No desamparo total deprime-se, como acontece na primeira noite que passa sozinho na estação, mas reage, não se deixa abater, busca consolo na imagem da virgem cuidando de seu bebé. É um misto encantador de arrogância mas também de dignidade que tem um cunho defensivo, certo, mas acrescido de um valor cultural. Similar aos valores do sertanejo descrito antes de tudo, como um forte. Seco e rude como a terra que o pariu, mas cheio de bravura e orgulhoso da sua integridade, além de solidário com os companheiros de infortúnio.

Com a mesma facilidade que estabelece um vínculo aberto e amoroso com Irene, nega com veemência o vínculo sem cuidado de Dora, rejeita-a e agride-a mas ao mesmo tempo cola-se a ela talvez por ser alguém que conheceu a sua mãe, que o liga ao que sobrou dela. Instinto de vida, de sobrevivência?
Quando Dora se arrepende e o arranca do apartamento, rejeita com ódio o cuidado de quem o abandonou. Mais um sinal da intensidade dos seus vínculos. Ele é sempre intenso, não conhece a indiferença. Quando Dora diz que ele é um castigo, no meio dos romeiros, ele foge, não aceita ser humilhado, ser desprezado, não ser cuidado. Quando ela desmaia de dor e desespero cheia de remorso e culpa, vendo-se envolvida pela intensidade da fé e das emoções daquele povo que ela por tanto tempo desconectou dos seus e tratou com ligeireza, ao acordar está no colo de Josué, que a embala com carinho e cuidado de mãe.

Restauração da figura parental, é um fio condutor da busca de Josué. De início Dora faz de tudo para separar essas figuras, começando pela carta que não envia, depois dizendo-lhe que o pai mora em outro planeta, que ele nunca vai chegar lá. Mas ele resiste e une os dous até no nome, é Josué de Paiva Fontanelle, Paiva de mãe e Fontanelle de pai, os dous estão juntos aqui em mim. No fim do filme Dora percebe a importância disto e debaixo da foto do casal reunido dos filhos mais velhos, coloca lado a lado a carta que a mãe mandou para o pai e a que o pai mandou para a mãe, ambos anunciando que se queriam reencontrar.

Finalmente quero falar de outro aspeto muito interessante do filme, como é o do espaço do brinquedo. Ele é fundamental para a criança e é através dele que ela desenvolve as suas potencialidades e a sua criatividade, além das habilidades necessárias para a sobrevivência na vida adulta. Ele vivia agarrado ao pião que o pai fez para ele “com as próprias mãos”. Mas não existia espaço para brincar na estação, foi tentando recuperar o seu pião que ele perdeu a mãe. Quando une Dora e o camionista, brinca de chofer de camião no colo deste último. Quando chega à casa do irmão, a primeira cousa que este faz é brincar com ele com o jogo de palavras, o outro faz junto com ele um pião, deixando-o brincar de marceneiro e depois vemos os três irmãos a brincar à bola na rua.

Ao final Dora abandona o rapaz. Porque ela o abandona? Acho que não é abandono, é prova de amor. Quem ama cuida e cuidar é buscar o que é melhor para o outro e não para si. Ele estava muito melhor com os seus irmãos, na sua família, no seu meio, dentro da sua cultura, à espera do pai e já com figuras masculinas substitutivas, que mesmo que o pai real não voltasse, tinham tudo para ajudá-lo a ser um homem digno e feliz. Quem ama não prende nem controla o seu objeto de amor. Deixa-o livre para ser feliz. À sua maneira, seguindo o seu caminho, vivendo a sua vida. Mães ou pais controladores e possessivos, excessivamente protetores, são os menos educativos, ao não respeitar a autonomia e liberdade dos filhos.

 

 

Temas para debater, refleitr e realizar:

Com a técnica do “Cinema-fórum”, depois de ver o filme, debater sobre os aspetos formais do mesmo ao redor da linguagem cinematográfica empregada (espaço, tempo e movimento fílmicos, planos e panorâmicas). Também sobre a psicologia tão rica das diferentes personagens que no mesmo aparecem, e em especial a de Dora e Josué, protagonistas principais.

Elaborar uma monografia, com textos e desenhos livres, sobre a temática do filme, os espaços geográficos, os protagonistas e os valores humanos apresentados. Com o material recolhido e elaborado, pode organizar-se uma amostra-exposição.

Desenhar um amplo plano de atividades circum-escolares artísticas e lúdicas que podem organizar-se durante o ano nos estabelecimentos de ensino. Também um plano de dinamização infantil para ensinar a ocupar os tempos livres das crianças em tempos de férias.

 

 

(*) Académico da AGLP, Didata e Pedagogo Tagoreano.

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