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ADEODATO BARRETO, EDUCADOR SOCIAL TAGOREANO

adeodato-barreto-foto-0Com o número 84 da série que estou a dedicar a grandes vultos da humanidade, que os escolares dos diferentes níveis devem conhecer, e que iniciei com Sócrates, desta vez escolhi para a minissérie de amigos, admiradores e tradutores de Tagore, a figura de outro goês que se formou em Portugal, chamado Adeodato Barreto (1905-1937). Que realizou em Portugal um excelente labor social e educativo, embora, infelizmente, tenha falecido muito jovem. No nosso vizinho país mora seu filho Kalidás Barreto, que de alguma maneira continuou o labor iniciado por seu pai, a favor dos trabalhadores e no parlamento de Lisboa como deputado socialista. Foi escritor, poeta, jornalista, historiador, jurista, político e educador social. Com os seus companheiros estudantes de Goa fundou em Coimbra o Instituto Indiano e o jornal Índia Nova.

OUTRO IMPORTANTE TAGOREANO DA LUSOFONIA:

Professor, notário, jornalista e poeta, de seu nome completo Júlio Francisco António Adeodato Barreto, tinha nascido na localidade de Margão a 3 de dezembro de 1905. Em 1923 partiu para Coimbra, em cuja universidade estudou as carreiras de Direito, Letras e Ciências Filosóficas. Preocupado com a educação, diplomou-se também na Escola Normal Superior e, por um tempo, exerceu de docente em várias instituições educativas, chegando a criar a Universidade Livre de Coimbra. O labor social e pedagógico que desenvolveu na comarca da cidade do rio Mondego, a favor da infância, do povo e dos trabalhadores, é merecedor de um estudo profundo, porque foi exemplar e modelar, seguindo os princípios do movimento da Escola Nova e as ideias educativas tagoreanas. Infelizmente morreu muito jovem, sem poder desenvolver mais o seu estupendo labor. No entanto, escreveu de forma profunda sobre muitos e variados temas e, juntamente com Telo de Mascarenhas e José Paulo Teles, com o apoio de vários professores da Faculdade de Letras, criou o Instituto Indiano de Coimbra e, em 1928 o jornal Índia Nova, para promover a civilização e o humanismo orientais, onde também foram publicados alguns poemas tagoreanos e estudos sobre a sua figura. Da autoria de Barreto é um amplo estudo sobre a Civilização hindu (Autodomínio. Tolerância. Humanismo. Síntese), que foi publicada como livro pela revista Seara Nova de Lisboa no ano 1936. Como tinha que ser, dedica amplos espaços às figuras de Tagore e Gandhi. Surpreende que é ainda hoje o dia em que não está publicada a tradução que fez do francês para o português da biografia sobre Mahatma Gandhi, publicada em 1925 em Paris pelo também tagoreano Romain Rolland, que com grande agrado pela sua parte autorizou a sua tradução. E ainda mais, que esteja inédito um estudo descritivo e crítico que Barreto escreveu em 1929-30 com o título de Ideias pedagógicas de Tagore, sobre a pedagogia tagoreana, seguido de um ensaio para a aplicação às escolas portuguesas dos seus princípios fundamentais. Por último, não quero deixar de assinalar que desde a rua do Rego d´Água, número 3, de Coimbra, no dia 27 de abril de 1931, Barreto envia uma muito interessante e longa carta manuscrita a Robindronath. Na mesma, entre outras cousas, solicita autorização para realizar traduções de obras tagoreanas para o idioma português. Desde Santiniketon, a 18 de abril do mesmo ano responde no nome de Tagore o seu secretário particular Onil Kumar Chondro. Tenho cópias de ambas as cartas, que se encontram digitalizadas no museu-biblioteca-arquivo de Robindro-Bhovon de Visva-Bharoti-Santiniketon (Bengala).

PEQUENA BIOGRAFIA:

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Com uma das suas filhas

Adeodato Barreto nasceu na localidade goesa de Margão, concelho de Salcete, onde ainda se conserva a sua casa natal, a dia 3 de dezembro de 1905, e com 31 anos, por culpa de uma tuberculose pulmonar, faleceu em Coimbra, no Sanatório dos Olivais, o 6 de agosto de 1937. Era filho de Vicente Salvador Mariano Barreto e de Jacinta Genoveva Verediana Colaço e Barreto. O dia 16 de março de 1930 casou na Sé Nova de Coimbra com Emília do Carmo Costa. Com ela teve cinco filhos, cujos nomes são uma combinação de nomes indianos e portugueses: Maria Regina Veridiana Sarojini Barreto, Maria Isabel das Dores Lakshimi Barreto, Luís Maria Kalidás Costa Barreto (que, com 86 anos, mora atualmente em Castanheira de Pêra, e foi um importante político e sindicalista socialista português), Vicente Camilo da Costa Barreto e Maria Jacinta Eulália Lilavati Costa Barreto.

O seu pai possuía uma grande erudição e um importante senso pedagógico, que muito influíram na educação de seu filho, e nos irmãos de Adeodato Luís Norberto Sebastião Barreto, José Casimiro Sarto Barreto e Júlia Clara Olinda Barreto Lobo. Depois de completar os cursos liceais em Pangim, a capital de Goa, Adeodato partiu para Portugal, com dezassete anos de idade. Em Coimbra, em 1923, matriculou-se no curso de Direito, e no seguinte ano na Faculdade de Letras, no curso de Ciências Histórico-Filosóficas. Foi muito amigo de Flausino Torres, com quem estudou. Na cidade do Mondego foi eleito presidente do Centro Republicano-Académico, em outubro de 1929. Obteve em 1928 a licenciatura em Direito, e em 1929 a de Ciências Histórico-Filosóficas, nas correspondentes faculdades da Universidade de Coimbra. Em abril de 1930 está cursando o primeiro ano dos estudos na Escola Normal Superior desta mesma universidade. Terminados os seus estudos superiores, concorreu ao Estágio Profissional do quarto grupo dos Liceus. Pretendia desta forma dedicar-se à docência, embora o seu espírito irrequieto o levasse a optar pela carreira jurídica. Ainda assim exerceu o magistério, como professor na Escola Secundária Bernardino Machado de Figueira da Foz e em Coimbra, e foi nomeado em 1932 professor agregado do Liceu de Évora. Logo passa a exercer neste momento a carreira jurídica ao aceitar o cargo de escrivão de direito em Montemor-o-Novo, sendo nomeado notário em Aljustrel (Alentejo) meses depois, onde permaneceu por quatro anos.

Adeodato teve muitos sonhos, alguns dos quais viu cumpridos em vida, apesar infelizmente de falecer tão jovem, no melhor momento da sua digna e frutífera vida. Quando ainda não tinha terminados os estudos universitários quis fundar um jornal académico, de forma que nasceu em Coimbra o Índia Nova, do qual, junto com José Teles e Telo de Mascarenhas foi seu diretor. Entre 1928 e 1929 foram publicados seis números. Não ficando contente com esta criação, dedicou os seus esforços a uma empresa mais alta, a de fundar o Instituto Indiano, sediado na Faculdade de Letras de Coimbra, contando com o apoio de Mendes dos Remédios, Providência da Costa e Joaquim de Carvalho, que decidiram auxiliá-lo e organizá-lo de forma cooperativa, e mesmo Tagore e Sylvain Levi deram o seu apoio ao mesmo. O Instituto teve um grande sucesso, com muitas atividades, a base de conferências e de artigos em jornais, onde se desenvolveram temas indianos, assim como as publicações de Edições Swatwa. Em secção à parte do presente depoimento incluímos um texto da goesa Sandra Ataíde Lobo, sobre estas duas criações de Adeodato. Também em 1934, encontrando-se em terras alentejanas, criou um novo jornal com o título de O Círculo, do qual se chegaram a publicar sete números.

adeodato-barreto-capa-livro-sobre-a-india-portuguesaA sua positiva atitude cheia de humanismo e generosidade levou-o a intervir junto dos mais necessitados e desprotegidos, criando um serviço de assistência social semanal aos pobres e administrar gratuitamente cursos noturnos de alfabetização aos mineiros da região de Aljustrel, ensinando-os a ler e a escrever, com lições totalmente gratuitas. Por todo o lugar onde passou deixou a sua grande pegada pedagógica e a sua ação educativa desinteressada. Mesmo em Coimbra, no seu momento, colaborou na fundação da Universidade Livre, e em Montemor criou uma Liga Pró-instrução, promovendo conferências e palestras e cursos gratuitos de ensino a analfabetos adultos. A sua atividade de assistência aos desvalidos não passaria desapercebida à PIDE, à qual dá conotação subversiva. Pelo que Adeodato passa a ser vigiado e, mais tarde, quando concorre ao notariado de Goa, é preterido por informações políticas. Em Coimbra, ademais, chegou a estudar o idioma “Esperanto”, do qual era um grande defensor e entusiasta. Em Aljustrel contribuiu para fazer surgir um florescente movimento esperantista, tal como no seu momento chegou a afirmar Francisco Rasquinho. Com os cursos de esperanto na localidade alentejana pretendia espalhar os ideais de paz e fraternidade humanas.

Tinha Adeodato grandes qualidades humanas. Era um teimoso partidário de uma educação geral, porque, sem ela, os mais belos princípios da moral não seriam compreendidos nem adaptados. Amou com sinceridade e com entusiasmo a “ideia” de uma consciência moral coletiva. Quisera que a sabedoria e a virtude fossem o índice valorativo de todos e não a marca augusta de alguns. Barreto propagava, aliás, um nacionalismo indiano que caracterizava como universalista, não chauvinista nem de base individualista, mas de fundo claramente anti-imperialista, para um tempo de ainda indiscutível colonialismo, mas o facto merece o seu registo. De forma merecida, recebeu em diversas ocasiões várias homenagens de lembrança da sua importante figura. Em agosto de 1941, no Cine-Teatro Nacional de Nova Goa, o seu amigo José Teles pronunciou uma palestra sobre ele, dentro da sessão de homenagem à sua memória, promovida pela direção do Instituto Adeodato Barreto. Em 1974 houve na localidade lusa de Castanheira de Pêra, onde mora seu filho Kalidás, uma homenagem a Adeodato. O qual é resenhado em O Castanheirense em 10 de dezembro de 1974. Em diversas publicações deram-se a conhecer diferentes homenagens celebradas. No Diário do Alentejo de Beja (9 a 15 de outubro de 1987) lembram-se os 50 anos da sua morte. E também na Seara Nova de Lisboa (núm. 14 de outubro-novembro de 1987). Manuel Ferreira, no Jornal de Letras, Artes e Ideias de Lisboa (núm. 405, de 10-16 de abril de 1990) escreve sobre a sua publicação O Livro da Vida. No Diário das Beiras (núm. 538, de 11 de dezembro de 1995) comenta-se sob o título de “Poeta indo-português homenageado em Goa”, o programa de atos de lembrança celebrados na sua terra goesa. José L. Pereira Jorge, com o título de “A. Barreto esse quase desconhecido” publica um depoimento no Lucerna de Leiria (núm. 18 de abril de 1996). O Espaço Lusófono da Casa da Cultura de Coimbra, em 2001, organizou-lhe uma homenagem de lembrança, recolhida no trabalho de António F. Noronha da Silva, com o título de “Uma simples recordação: Júlio Francisco António Adeodato Barreto. Goa 1905-1937 Coimbra”. O próprio filho Kalidás, escreveu um depoimento com o título de “Adeodadeodato-barreto-capa-livroato Barreto: uma vida curta e cheia”, no Rua Larga de Coimbra (núm. 9 de julho de 2005).

Sobre as suas importantes criações e fundações, convém lembrar como estas foram apoiadas e acolhidas. O professor J. Providência Sousa Costa, docente da Faculdade de Letras de Coimbra, escreveu no seu momento no Índia Nova que era do maior interesse a criação do Instituto Indiano, porquanto este poderia ser o “núcleo gerador” de um grande seminário de estudos orientais em Portugal. Precisamente numa Ata desta Faculdade de Letras, de data 8 de fevereiro de 1926, ficou registado o desejo dum grupo de estudantes indianos de que se organize na Faculdade uma sala indiana. O decano da faculdade louva os estudantes pela sua iniciativa, e expõe rapidamente o seu próprio plano dum futuro instituto oriental, com estas palavras: “Resolve-se louvar os estudantes e pôr à sua disposição uma sala e todas as facilidades desde já, esperando porém a oportunidade de criar oficialmente a Sala Indiana”. O grande orientalista, amigo de Tagore, que por um tempo esteve dando aulas e palestras em Santiniketon, Sylvain Lévi, mandou uma carta ao Índia Nova, publicada no núm. 2 de 12 de junho de 1928, em que diz: “é de destacar a simpatia e o carinho com que é acolhida a criação do Instituto Indiano da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra”. O próprio Barreto, depois de criar o jornal O Círculo de Aljustrel, chegou a dizer: “O pior é que O Círculo não é uma empresa como tantas. Tem a sua tipografia própria, capitais empregados, tipo expressamente escolhido para dar o seu aspeto gráfico, etc., enfim, não pode desaparecer sem um sério golpe nas minhas finanças. A tipografia num meio pequeno como este, precisa do jornal para viver (…)”. No A Voz da Justiça de Figueira da Foz, dias 6, 10 e 13 de maio de 1933, sai em três séries uma entrevista muito interessante a Adeodato Barreto, que me

Kalidás, filho e continuardor
Kalidás, filho e continuardor

rece a pena ler. Neste jornal chega a publicar mais de vinte artigos.

O seu falecimento sendo tão jovem foi lembrado também nos jornais. No Jornal de Lagos, em 14 de agosto de 1937; e no Heraldo de Goa em 3 de agosto de 1939 e em 6 de agosto de 1940.

FICHAS TÉCNICAS DOS DOCUMENTÁRIOS:

1. Adeodato Barreto: Vídeos.

Ver em: https://wikivisually.com/video/Adeodato_Barreto

2. Mineiros de Aljustrel.

Duração: 22 minutos.

Ver em: https://www.youtube.com/watch?v=3NnTdIW5pMk&feature=youtu.be

3. Poetas de Goa: Vídeos.

Ver em: https://wikivisually.com/wiki/Category:Poets_from_Goa

ENSAIO BIOGRÁFICO E CRÍTICO SOBRE BARRETO:

Em 1940 o escritor goês Lúcio de Miranda publicou um muito interessante depoimento sobre Adeodato Barreto, de perto de 40 páginas, no Boletim do Instituto Vasco da Gama de Pangim (Goa). O artigo aparece, com o título de “Adeodato Barreto (Ensaio biográfico e crítico)”, no número 45 do Boletim do ano 1940, páginas 38 a 76, e pode ser consultado na internet, dentro da seção da Universidade de Aveiro “Memórias de África e do Oriente”. Do mesmo tenho por bem reproduzir a seguir um fragmento:

Adeodato Barreto: A educação espiritual do europeu, excessivamente materializado e dominado por essa falsa ideia de progresso, que se baseia numa exagerada mecanização da vida, é um dos principais remédios pela ética de Adeodato para os angustiosos problemas morais do momento atual. Isto é, aliás, o fundamento da doutrina de há muito pregada por uma plêiade magnífica de filósofos e pensadores, tanto orientais como ocidentais, que têm em Rabindranath Tagore e Keiserling os seus expoentes máximos dos dois hemisférios. Na realização desta doutrina não se trata é claro, de renunciar aos benefícios da civilização material regressando ao negativismo apático da velha filosofia búdica ou bramânica: o que se procura, simplesmente, é temperar os excessos do materialismo europeu, intolerante e sectário, pela influência suavizadora do espiritualismo hindu, estruturalmente contemporizador e universalista. Neste sentido, a corrente reformadora de que Adeodato se tornou prosélito apaixonado, opõe-se ao tradicionalismo integralista de Henri Massis, Charles Maurras e alguns doutrinários portugueses cuja orientação conduz ao dogma da supremacia do Ocidente.
A espiritualização dos ocidentais, como é natural, reduz-se a um problema de cultura e, portanto, tem que ser resolvido por meios pedagógicos e por uma ação humanista, da qual resulte o nivelamento das raças e a comunhão dos povos. Assim se conseguirá um equilíbrio social em nada semelhante ao da rasoira igualitária que a civilização europeia tem pretendido impor, pela força, no mundo. A sabedoria indiana, como há pouco se disse, não aconselha a uniformização, mas sim a unidade na pluralidade. Existe, de facto, um certo número de sentimentos e ideais que são comuns a toda a humanidade e que de modo algum contrariam os interesses nacionais, os matizes étnicos e a psicologia individual. É neles, pois, que se deve basear a doutrina da unidade, tendo como meio a sublimação de toda a força espiritual que se possa dizer universal e humana. Nesta ordem de ideias, como é óbvio, excluem-se os nacionalismos exaltados os imperialismos, os racismos, os privilégios de casta, os dogmatismos religiosos, os totalitarismos, aniquiladores de individualidade – e caminha-se firmemente para a democracia e para a paz, a qual, segundo muito bem observa Spinoza, não é a simples ausência da guerra, mas uma virtude que tem a sua origem na força da alma.
Eis o grande ideal pelo qual pugnou Adeodato, amando a sua terra e a dos outros; orgulhando-se da sua raça, sem preconceitos de nobreza; marcando a sua posição de homem livre sem preocupações de hierarquia; espalhando, finalmente, os tesouros inesgotáveis da sua rica espiritualidade, numa consciente obra de dignificação da personalidade humana”.

AS SUAS FUNDAÇÕES DE CARÁCTER INDIANO:

Em colaboração com vários dos seus amigos goeses, estudantes como ele nas universidades de Portugal, fundou várias instituições indianas e um jornal: o Instituto Indiano e o jornal Índia Nova. Sobre os quais tem pesquisado muito a minha amiga goesa, que mora em Lisboa, Sandra Ataíde Lobo, e publicou interessantes trabalhos sobre o tema. Dos quais tenho por bem tirar a informação que segue.

1. O Instituto Indiano:

A criação dum Instituto Indiano na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra constituía o primeiro destes projetos, pelo qual travou uma batalha a partir do início de 1926. Para tal Adeodato Barreto conseguiu motivar um grupo de colegas goeses e cativar o diretor da Faculdade, Mendes dos Remédios, bem como os professores Providência da Costa e Joaquim de Carvalho. A dificuldade em reunir condições materiais para a concretização do programa do Instituto levou-o a escrever na Seara Nova, em 1927, num número dedicado ao Oriente organizado por Cordato de Noronha, para apelar ao auxílio dos privados e à proteção dos poderes públicos.

Nesse artigo, Adeodato Barreto fazia o balanço da História do Império Português na Índia como uma hipótese civilizacional falhada, contrapondo o conceito de cooperação entre os povos que via ensaiado na política de Afonso de Albuquerque ao de assimilação que seguira o seu consulado. O primeiro poderia ter conduzido à criação duma civilização luso-indiana, o segundo, ao concretizar-se à sombra da desvalorização e perseguição da cultura nativa, conduzira à alienação goesa das suas raízes. O Instituto Indiano apresentava-se como um projeto de carácter académico que desafiava a Universidade portuguesa a criar uma tradição indialogista que impulsionasse o conhecimento da cultura indiana, cumprindo Portugal finalmente a sua obrigação enquanto país colonizador.

A argumentação usada em defesa da existência do Instituto construía-se como contradiscurso da ideologia colonial, ao subverter o núcleo da fundamentação do domínio dos povos não-europeus. A responsabilidade civilizacional do colonizador afigura-se não como missão civilizadora, como veiculava o discurso colonial corrente, mas como responsabilidade de fomentar a aproximação dos povos pela promoção do conhecimento, da cooperação e do diálogo civilizacional. Descartava-se deste modo o carácter unilateral do relacionamento entre povos que tinha a sua expressão na política de assimilação e decorria da aspiração universalizante – porque apresentada como modelar e possibilitada pelas relações de domínio – da civilização europeia, a qual constituía o pilar da construção da sua hegemonia cultural.

De acordo com esta conceção, cujo desenvolvimento acarretaria necessárias consequências para a legitimação, senão legitimidade, do domínio colonial, a iniciativa de criação do Instituto Indiano correspondia à ambição dos estudantes goeses de verem reconhecida e divulgada a relevância civilizacional indiana, mas assumia-se sobretudo como provocação para uma nova postura de Portugal enquanto potência colonial.

2. O jornal Índia Nova:

A 7 de Maio de 1928, poucos dias após a nomeação de Oliveira Salazar para o Ministério das Finanças, fora publicado o primeiro número do jornal Índia Nova, tendo saído cinco números até 31 de Outubro de 1928 e um sexto número, comemorativo do centenário de Francisco Luís Gomes, a 31 de Maio de 1929. Ao longo do tempo, os estudantes sustentaram-no com publicidade angariada junto de empresários em Coimbra e em Goa, mas as dificuldades financeiras acabariam por ditar o seu fim. Para além de Adeodato Barreto, os seus diretores foram Telo de Mascarenhas (1899–1969), seu colega em Direito, e José Teles, com quem cursava Ciências Filosóficas. Espelhando a intenção de abarcar os estudantes goeses espalhados pelas universidades portuguesas, tinha como redatores correspondentes o estudante de Direito José António Ismael Gracias (1903-1993), em Lisboa, e Luiz Couto, que se formaria em Medicina e Farmácia, no Porto.

O título escolhido ao evocar o influente semanário Young India, publicado por Gandhi entre 1919 e 1932, denunciava a simpatia pelo movimento nacionalista que vinha abalando o edifício do Império Britânico na Índia. Tal como o seu inspirador, os jovens estudantes optaram pelo formato de jornal, o que se poderá explicar por implicar menos custos que a produção de uma revista, que aparentemente melhor serviria a vocação do periódico, mas também poderá decorrer do propósito evidente nas suas páginas de, a par dos artigos de reflexão que as atravessam, dar visibilidade através do comentário noticioso a aspetos da atualidade local e internacional, normalmente despercebidos dos jornais portugueses.

O subtítulo “jornal de expansão da cultura indiana” anunciava o âmbito em que se moveria, sendo no editorial de apresentação estabelecido o entendimento abrangente do conceito de cultura, abarcando o campo político-cultural. Tal esforço de divulgação inscrevia-se numa estratégia de resistência cultural visando a restauração da identidade goesa, considerando-se que a sua reinscrição na civilização indiana permitiria a devolução do sentimento de comunidade e a sua união em torno dum projeto de futuro.

Este projeto decorria da tese do desenraizamento cultural do povo goês, que já víramos aflorada por Adeodato Barreto no artigo da Seara Nova. Ainda no primeiro número, Santana Rodrigues (Goa, 1887-Lisboa, 1966) em O Primeiro Dever retomá-la-ia para nela radicar a inexistência dum ideal que unisse os goeses e os soltasse da letargia em que tinham submergido. Considerando um dever de todos os homens e povos a defesa da autonomia e dos direitos que a consolidam, a reapropriação da identidade olvidada era apresentada como essencial à recuperação da autoestima coletiva e duma virilidade que, estimulada por um reencontrado amor pela liberdade, predispusesse o povo goês a lutar pelos seus direitos.

Nota: O texto anterior, dedicado ao Instituto Indiano e o Índia Nova, está tirado do trabalho publicado por Sandra Ataíde Lobo na revista de Lisboa Cultura (Revista de História e Teoria das Ideias), Vol. 26, ano 2009, pp. 233 a 236.

A SUA PRODUÇÃO LITERÁRIA:

As suas obras contêm importantes arquétipos e paradigmas da cultura hindu. Nos seus poemas observam-se as noções de eterno regresso e de transmigração, âncoras da filosofia indiana. Realizou a tradução para a nossa língua da monografia escrita por Romain Rolland sobre a vida de Mahatma Gandhi. Terminada a mesma comunicou ao Nobel galo que já tinha a tradução de seu livro, e este respostou-lhe imediatamente numa carta admirável, recusando todos os direitos de autor. Infelizmente, a tradução de Adeodato não foi publicada por várias dificuldades editoriais naquela altura, e ainda é hoje o dia que espera uma bem merecida edição por alguma editora lusa. Barreto colaborou também em diversas publicações periódicas de Goa e de Portugal. E nas que mais, em O Diabo e a Seara Nova portuguesas. Em 1930, utilizando o pseudónimo de “Srivijya Devadatta”, publicou o livro Verbo austero. O seu livro A Civilização Hindu (1935) nasce de uma série de artigos publicados previamente na Seara Nova sobre a matéria hinduísta. Este livro foi o único de que o leitor português dispunha para se informar da civilização indiana, pois, depois das traduções de livros teosóficos de hinduísmo teórico, feitas por Pessoa e outros, este livro é a maior contribuição para divulgar em Portugal a cultura indiana, e foi muito bem acolhido pela geração de O Diabo, a Seara Nova e os cadernos de divulgação de Agostinho da Silva. Mais tarde, escreverá O Livro da Vida, coletânea de poemas publicada postumamente em 1940 em Goa. Em 1936 publicou um livro dedicado a seu pai, a quem admirava, intitulado Fragmentos. Testamento Moral de Vicente Mariano Barreto. Em 1989 publica-se em Goa uma edição bilíngue de parte dos seus poemas, uma coletânea, que pretendia levar a quem não falava português a voz de um poeta genuinamente goês.

Infelizmente, existem bastantes livros seus que ainda é hoje o dia que esperam ser editados. A listagem resumida é a seguinte: Poetas luso-indianos (1929), Sobre o presente e o futuro (1930), Democracia orgânica (1931), Coletânea de ensaios (uns 7 ensaios), Temas educativos (13 temas), Coletânea de depoimentos em A Tribuna (6 ensaios) e Erguendo a luva, uma coletânea de artigos na defesa da Índia e dos indianos (17 artigos), escritos entre 1926 e 1932. Por sorte, em 2000, na editora Huguin de Lisboa, foram publicados num volume os seus livros Civilização Hindu e O Livro da vida (cânticos indianos). Seria muito interessante que, com o apoio dos ministérios da cultura de Portugal e da Índia e as fundações Oriente e Calouste Gulbenkian, se levassem a cabo as edições das suas obras inéditas, e entre elas a dedicada às ideias pedagógicas de Tagore, e a tradução do livro de Romain Rolland sobre Gandhi. Ademais de fazer uma edição fac-similar do jornal Índia Nova, e publicar as coletâneas dos seus numerosos artigos em diferentes publicações periódicas.

DEPOIMENTO DE ADEODATO BARRETO DEDICADO A TAGORE:

RABINDRANATH TAGORE E A COMUNHÃO DOS POVOS (Uma nova forma de

Humanismo)

(…)

É como exclama Tagore:

Ainda que nos enganemos com certas palavras aprendidas com a Europa, o swaraj (independência) não é a nossa finalidade exclusiva. A nossa luta é uma luta espiritual: uma luta em prol do Homem. ¡Emancipemos o homem das malhas que teceu à sua volta: as organizações do egoísmo nacional! ¡Convençamos a borboleta da infinita excelência da liberdade do céu, sobre o acanhado abrigo do casulo!…” (…)

Em diverso sector da vida espiritual indiana depara-se-nos outro patriarca: o do sonho rimado das estrofes da Oferenda lírica, e o do sonho corporizado da obra educativa de Santiniketan. É Rabindranath Tagore.

Da estirpe augusta de pensadores como Ram Mohan Roy, Devendranath Tagore, Keshab Chandra Sem e Suami Vivekananada, animado pelo mesmo bafo da eternidade que dinamizou esses deístas heterodoxos de visão larga e temperamento austero, Rabindranath, num sentido diverso do daqueles, (entre os quais se conta seu pai), quis materializar o seu sonho universalista numa obra de educação.

Num aprazível sítio – que seu pai crismara com muito acerto de “mansão da paz” (Santiniketan) (1), Tagore, depois de ter consumido quarenta anos dum idealismo rescendente a dedilhar as cordas da sua sitar, instalou em 1901 uma escola, tentando ensaiar, no limite dos seus apanhados recursos, sistemas pedagógicos expurgados dos velhos erros.

O seu modelo são as tradicionais escolas de floresta, célebres na Índia, as tapovanas (2). E, anos volvidos, quando a fama do poeta galga à Europa e o seu livro Oferenda lírica (Gitanjali) (3) obtêm o prémio Nobel de Literatura de 1913, as 12 mil libras em que se traduz esse prémio, aplica-as ele a ampliar e aperfeiçoar a sua querida escola, que se transforma, dentro de pouco tempo, numa Universidade Internacional (4).

Hoje a Universidade de Santiniketan cujo nome oficial é Visvabharati (5) é uma instituição de aura mundial, que sábios consagrados visitam e acarinham, que mantem secções proficientes de investigação científica e onde os altos estudos, tal como os secundários, os técnicos e os agrícolas, se prosseguem, mãos dadas a uma verdadeira aprendizagem da vida, num ambiente de arte serena e de pura e sã confraternização.

O escopo fundamental da universidade vem no seu programa e é, de por si, suficiente para nos definir o seu vastíssimo significado. Tem a Visvabharati por fim:

Estudar o Espírito Humano na realização dos vários tipos de verdade, através de pontos de vista diferentes…

Procurar realizar o encontro do Oriente e do Ocidente no terreno comum da cultura e da investigação, e, consequentemente, robustecer as condições determinantes da Paz Mundial através dum livre intercâmbio de ideias entre os dois hemisférios…”

Este programa de aproximação largamente humana – de continente para continente e de raça para raça – tem encontrado em Rabindranath, não obstante a sua avançada idade e abalada saúde, um verdadeiro apóstolo cheio de entusiasmo e evangélico ardor.

Desde o Japão remoto ao nevoento Canadá, desde a Espanha à Rússia, donde voltou maravilhado, poucos países terá deixado de visitar Tagore, na pregação da sua salutar mensagem de confraternização euro-asiática.

Em toda a parte conta o Poeta admiradores e amigos entusiastas. Mais de trinta institutos existem no Ocidente que ostentam o seu nome, estudam, divulgam as suas obras, e disciplinam o trabalho dos pioneiros ardentes do seu ideal de uma vasta “entente” entre civilizações (6)…

Místico e universalista como Gandhi, Tagore está, como ele, igualmente compenetrado da necessidade de acarinhar e preservar o património espiritual que é o timbre da civilização hindu. Mas, ao passo que aquele – político e homem de ação – vibra com a angústia nacional e desce até ela numa atitude de comunhão dolorida, este, – profeta e bardo – confina-se na sua torre ebúrnea desferindo notas e procurando encontrar, no gemer confuso das vozes discordantes, o rastro da harmonia, a centelha perdida da divina luz que supõe iluminar o Universo.

Procuro todos os dias – escreve ele, comentando o movimento gandhista de 1920 – com os ouvidos atentos, descobrir no meio da multidão dos ruídos o planger suave duma melodia. O ideal da Não-Cooperação, com a sua formidável retumbância sonora, as suas ameaças latentes e os seus clamores de negação, em nada parece um canto…

A infinita personalidade do homem não pode encontrar a sua realização senão numa grandiosa harmonia de todas as raças. Que a Índia represente a cooperação de todos os povos do mundo, é o que eu desejo…”

Gandhi, porém, responde-lhe com lapidares argumentos de ordem prática:

Quando uma casa está em chamas, cada um pega num balde e corre a apagar o incêndio!

Quando os que me cercam morrem e míngua o meu dever, o meu único dever, legítimo, é alimentar os famintos.

¡A Índia é uma casa em chamas!

¡A Índia morre de fome!…

E eu achei que me era impossível adoçar o seu sofrimento com um canto de Kabir…”

Não obstante esta antinomia ligeira, filha das funções diversas que desempenham na sociedade Tagore e Gandhi – duas expressões dinâmicas do humanismo da jovem Índia – são duas almas irmãs. O seu idealismo transparente, a sua magnanimidade sem limites, à par dum carácter austero e impoluto realizam com perfeição excecional, nesta desvairada encruzilhada da história, o complexo de virtudes que a Índia recomendou, em todos os tempos, aos seus filhos, como um modelo a seguir. Num tempo em que o próprio rasto dos profetas de Israel se perdeu no Ocidente, sob as patas dos cavalos de Nemrod, na Índia milenária, sempre igual a si mesma, renascem os velhos rishis, para escarmento dos Hitler e dos Mussolini, agitando nas suas mãos impolutas mensagens de amor e fraternidade.

Eis porque, aos pés desses gigantes do Oriente, o gigante do Ocidente, Romain Rolland, ensina esta oração piedosa aos “homens de boa vontade aos cives totius orbis:

Ó Tagore! Ó Gandhi! Rios da Índia que tais como o Indo e o Ganges abraçais num complexo comum o Oriente e o Ocidente, este, uma tragédia da ação heroica, aquele, um vasto sonho de luz, manando ambos do seio de Deus sobre o mundo revolvido pela charrua da violência, – espalhai as vossas sementes!…”

NOTAS :

1. No padrão de mármore que assinala o sítio onde meditava o velho Maharshi Devendranath Tagore, ainda hoje se lê a seguinte inscrição em bengali (que damos no original como amostra da sonoridade da língua):

Tini amar praner aram;

maner ananda;

atmar santi.

(Êle é o repouso da minha vida,

a alegria do meu coração,

a paz do meu espírito).

2. Eis como ele guisa os seus planos pedagógicos: “A nossa instituição ideal deverá ficar situada sob a sombra acolhedora das árvores, num campo aberto, longe do bulício das cidades. Os mestres serão simultaneamente investigadores e professores, e os discípulos poderão, ao mesmo tempo que estudam, desenvolver-se num ambiente de paz e quietação. Sendo possível, jardins e campos de lavoura deverão agregar-se ao Vidialaya (escola). Os alunos poderão auxiliar as operações agrícolas e vigiar, nas horas vagas, os gados e as vacas leiteiras…Poderão também cavar a terra, plantar árvores e regá-las. As aulas deverão funcionar ao ar livre, sob as árvores, e a aprendizagem far-se-á em passeio pelos campos, na companhia do professor. Desta forma, estabelecer-se-á um contacto efetivo com a natureza, não apenas por meio de emoções, mas por via do trabalho e da mecânica (toil)”.

-Do “Siksha-samasya” (em bengali).

3. Acha-se traduzido em português pelo grande poeta brasileiro Guilherme de Almeida. A edição é também brasileira. De todas as obras de Tagore – hoje património universal – só foi traduzida em Portugal O Jardineiro de Amor, edição da livraria A. Figueirinhas (Porto).

São contudo bastante numerosos em Portugal os admiradores de Tagore, e alguns estudos têm sido publicados, dentre os quais: Santiniketan por Tudela de Castro, e O espiritualismo Oriental na obra de Rabindranath Tagore, tese de licenciatura, pelo Prof. Norton de Matos.

4. “Todas as nossas hesitações desaparecerão se colocarmos a nossa instituição à luz do mundo inteiro…O nosso objetivo é o desenvolvimento duma completa humanidade no homem e tudo o que for menos que isso, longe está de nos satisfazer…” (Duma carta de Tagore, em 1913).

5. O nome de Visvabharati foi extraído do seguinte compreensivo verso do Sânscrito Védico:

Yatra visvam bhavaty ekanidam

(Aí onde a mundo todo forma um ninho)

Admirável a delicadeza subtil desta ideia!

6.-Eis como o grande sábio Sten Konow, de Oslo (Noruega), que visitou e foi professor extraordinário em Santiniketan, traduz os efeitos no Ocidente do apostolado tagoreano: “É uma visão de poeta, mas ela chegou-nos no

DOUS POEMAS DE BARRETO:

As azinheiras

São como eu aquelas azinheiras
do montado…

Como o verão alegre põe doçuras
e sorrisos no côncavo estrelado,
aprestam, em sorrisos, seu toucado
e vão erguendo ao céu os galhos novos.

Mas sob o verde-claro dos renovos
o negro da tristeza
se lhes adensa, em rama, tristemente
nos abrigos;

a quem as vê por dentro já pressente
o inverno que ameaça a Natureza:
-igual ao que adensa na minha alma,
igual ao que não veem meus amigos…

O Génesis da Mulher

Deus, logo que fez as flores,
Parou e pôs-se a cismar…
– Falta a flor dos meus amores.
Vou outra flor inventar.

Colheu lírios e boninas,
Rosa… cravo e malmequer,
Mogarins, zaiôs e cravinas…
E fez de tudo a mulher.

Viu, porém, que a nova flor
Era a que mais graça tinha
Disse, então, cheio de amor:
– Não és só flor, és rainha!

TEMAS PARA REFLETIR E REALIZAR:

Vemos os documentários citados antes, e depois desenvolvemos um Cinema-fórum, para analisar a forma (linguagem fílmica) e o fundo (conteúdos e mensagem) dos mesmos, assim como os seus conteúdos.

Organizamos nos nossos estabelecimentos de ensino uma amostra-exposição monográfica dedicada a Adeodato Barreto, a sua obra, as suas ideias sociais e educativas, o seu pensamento e a sua defesa da indianidade e dos trabalhadores. Na mesma, ademais de trabalhos variados dos escolares, incluiremos desenhos, fotos, murais, frases, textos, lendas, livros e monografias.

Podemos organizar no nosso estabelecimento de ensino um Livro-fórum, lendo antes todos, estudantes e docentes, um dos livros escrito por Adeodato. Dentre eles podemos escolher o intitulado Civilização Hindu, seguido de O livro da vida: cânticos indianos, publicado pela Hugin de Lisboa no ano 2000.

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