O fanatismo diante do espelho

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Ramiro Vidal Alvarinho – Cara Gloria Lago: envio-che estas linhas desde as luzes do conhecimento que lhe negas àqueles que te seguem. Alguns temos a ventura de ter lido, estudado, escuitado e assimilado outras conceçons sobre as línguas e o seu papel nas comunidades humanas que nada tenhem a ver com as tuas ideias supremacistas.

Quiçá porque as tuas opinions, contra o que tu entendes, nom som as únicas possíveis,  já que nom passam de ser opinions. Opinions que partem de apriorismos falsos. Explicarei-che por que todo aquilo que divulgas e predicas com tanta soberba e vaidade é umha falsidade manifesta. É claro que, já de entrada, é mentira que haja línguas superiores e línguas inferiores. Por outra parte, tens o feio costume de pretender impôr as tuas opinions sobre temas que desconheces, ou será que manipulas o teu exército valendo-te das trevas mentais que há nas pobres cabeças dos teus soldados?

Vou-che explicar de umha maneira pedagógica e esquemática, singelíssima, por que és umha falsária. Lembras o escándalo que intentache montar a conta de certos atos organizados pola Equipa de Dinamizaçom Lingüística do Conservatório de Compostela? O detonante, os protestos de uns pais que se queixavam da publicitaçom desses eventos, escrita em “reintegracionista”. No centro das tuas iras, a professora Isabel Rei; dedicas várias linhas do teu blogue a insultá-la sem a conheceres de nada. Ainda bem que nom falache com ela, se nom ficavas sem o teu interessante relato de terror e já nom tinhas que contar-lhe à tua incauta clientela. Porque, segundo tu, num princípio, quando viras o cartaz, alcançache o estupor ao pensares que estava escrito em português, mas a tua surpresa e indignaçom foi ainda maior ao comprovar (nom sei orientada por qual cabeça lúcida) que nom era português a língua em que isso estava redigido, mas “em reintegracionista”. Umha, segundo tu, pseudo-língua.

Aqui está a raíz do teu problema de conhecimento; se falasses com a Isabel Rei, como che dixem antes, ficarias sem relato. Porque Isabel Rei muito prestamente havia-te tirar do teu erro: isto qui, diria-che, com efeito está redigido em português, nom pretende estar redigido noutra cousa que português, nom se trata de um erro e é umha decisom absolutamente consciente decidir fazer isto em português. Nom sei se o diria exatamente com estas palavras ou o diria melhor, porque com certeza ela tem mais domínio da palavra do que poda ter eu.

Nom existe o “reintegracionista”, nem como língua, nem como pseudo-língua. Quando nasce a Associaçom Galega da Língua, que é a entidade que editou o primeiro manual de língua na grafia histórica, assentando as bases do que chamamos a “normativa AGAL”, fijo-se a partir da conceçom de que a nossa língua era o galego-português, ou seja, que a umha banda e a outra do Minho nom é que haja duas línguas muito parecidas, mas umha só língua. Mas a Isabel Rei, nom escreve na “normativa AGAL”, mas em português, segundo as normas do acordo ortográfico, ou seja, sim, escreve no que entenderiamos como “português”. Isso ela explicaria-cho noutras palavras, mas no fundamental diria-che isto que che estou a dizer.

Agora vem a segunda parte, quer dizer, por que em “português” e nom em “galego”. O estatuto de autonomia da Galiza, com efeito, dá ao galego a categoria de língua própria. É a única língua própria da Galiza, de facto; o espanhol é oficial, mas nom é língua própria, nom tem essa condiçom legal. Nom aparece por nengumha parte que a normativa que a RAG carimba de correta seja oficial, ainda que a nível administrativo seja a operativa. De todos os modos, é curioso. Porque ou eu nom entendim algumha cousa demasiado bem, ou dá-me que tu, todo este tema, nom o consideravas nem digno de observáncia. O facto de que o galego seja língua própria da Galiza nunca foi para ti umha questom digna de respeito e, de facto, tu e os teus acólitos gostades muito de cacarejar que as línguas som dos seus falantes e nom dos territórios. Também nom gostades da RAG, sobretudo quando a RAG toma decisons ou manifesta qualquer cousa que nom favorece as vossas teses. Importa a RAG quando serve para cargar contra o reintegracionismo; quando por exemplo resolve que “Galiza” é umha forma válida para denominar o nosso país, entom o que daí se diga nom tem nengum valor.

Que a ti nom che regale a vista ver um cartaz em “galego” ou em “português” nom tem nada a ver com o facto de que escrever em “galego” ou em “português” seja ou nom legal. Nada há de ilegal em escrever em qualquer das normas do galego-português, nada há de ilegal em escrever em qualquer idioma, de facto nada há de ilegal em escrever em códigos  inventados (ou “pseudo-idiomas”) nem há nada de ilegal em escrever com erros ortográficos ou gramaticais. Poderá ser correto, ou incorreto; isso sim, até as normas oficiais de qualquer idioma som arbitrárias. O factor humano implica arbitrariedade sempre, as convençons som arbitrárias.

De qualquer maneira, nom sei o que é que che fai pensar que lhe podes dizer tu, nem a Isabel Rei nem a ninguém, como deve escrever. Se, com efeito, as línguas som dos falantes e tu exerces de especificamente nom-falante de galego, pouco tens tu a dizer de como se deve escrever nem falar o galego, nem és ninguém para dizer que é e que deixa de ser galego.

Como explicar-che de umha forma concluinte e sintética em que situaçom estás? Por dizê-lo de umha maneira suave, errache o disparo. Um centro de ensino da índole que for, nom pode promover e publicitar um ato noutra língua que nom for “galego” (norma RAG) ou espanhol? Pode-se dar aulas de matemática em inglês e nom se pode escrever “coelho” em lugar de “coello”, “palavra” em lugar de “palabra”, “olho” em vez de “ollo”… Enfim, a tua capazidade para o absudo parece ilimitada.

A tua soberba supremacista empece-che assimilares o que verdadeiramente és: a presidenta de umha organizaçom fascista, supremacista, e xenófoba. Que a presença do português seja capaz de provocar em ti essa airada reaçom apenas prova o teu fanatismo enfermo, nom podes suportar a realidade de que @s galeg@s entendamos o português. Achas que trabalhas pola liberdade lingüística, e trabalhas polo escurantismo e o ódio cego entre povos.

Tu quigeras ser, sem dúvida, lembrada como umha honrada cidadá com ideias modernas e democráticas que ganhou o pulso ao túçaro nacionalismo galego; o teu verdadeiro espelho som os sionistas no Israel, os nostálgicos do apartheid na África do Sul e o Ku Klux Klan nos Estados Unidos.

Bom, polo menos, já sabes como se chama cada cousa, e, sobretudo, o infundado da tua fabulaçom. Esperemos que a próxima vez que abras a boca seja para dizer algumha cousa coerente e com conhecimento de causa.

 

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