No caminho certo

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vilarponteirmandadeComeçou 2018 com uma grande notícia que traz uma imensa alegria a qualquer pessoa implicada na regeneração da língua.

E é a campanha em defesa dos nomes autóctones dos dias da semana iniciada pelos coletivos Agal, A Mesa e Via galego.

A ninguém escapará a mudança, o novo consenso de que se andava a procura para avançar.

Acho que é uma campanha das que podem mudar tendências, sim, mudar a tendência social de defender aquilo que Fraga nos permitia (subalternidade do castelhano) para passarmos a reivindicar, agora em comum, a necessidade de uma língua plena, mesmo que os seus usos não coincidam com o castelhano.

Algumas pessoas não deixamos de repetir que o problema do galego nunca foi apenas de estatuto social, ou de eliminar certos castelanismos mas sobretudo de clarificar o diagnóstico prévio, de em que estado é que a própria língua chegou até nós e de como avançarmos na sua regeneração.

O problema da oficialidade no poder foi não querer aceitar que a língua na Galiza “em si mesma” estava doente, e era preciso regenerá-la, para que de novo fosse digna e útil.

Esta nova campanha retoma o caminho de que nunca se deveu sair, o de regenerar.

Com três elementos que farám que triunfe: O primeiro, a unidade dos movimentos galeguistas, a segunda a documentação audiovisual que reivindica as palavras em boca de quem as guardou para nós, as nossas labregas, a nossa gente popular. E por último a utilidade inegável destes nomes, destes novos referentes galegos para colocar simbolicamente a língua no lugar ao que pertence.

Uma língua que se reconhece a si mesma olhando ao passado e ao futuro a um mesmo tempo, aberta à nossa própria história (Reino Suevo) e aberta aos falantes de língua portuguesa.

E nisso se reconhece o verdadeiro galeguismo da iniciativa, consensual, em defesa da língua do povo, para elevar a língua a um novo patamar.

Nisso se reconhece sempre o galeguismo autêntico, com mais de 1 século a oferecer alternativas para cada momento.

É preciso também lembrar que isto de regenerar sempre foi polémico em cada momento, mas olhando para trás quanto poderemos agradecer àquelas pessoas valentes que se lhes acusou de lusistas ou anti-galegos em cada altura, em cada escolha, por defenderem os símbolos certos que nos reuniam coa língua portuguesa.

Assim aconteceu com o monumento dos mártires “pola libertade” em Carral, que incomodou porque no galego autentico era “libertá”, ou com o próprio nome das Irmandades no seu nascimento, acusados na imprensa de ignorantes por não escreverem “Hermandade”, ou ainda com motivo do primeiro missal galego da editorial SEPT que ficou na imprensa durante dias sem imprimir à espera de deixar ou não passar “deus” como palavra galega.

Não por acaso um outro símbolo soube deixar escrito o seu sempre em “Galiza” para que agora nós o sintamos como próprio.

Autênticos debates que na altura não pareceriam relevantes para alguns, mas sim para quem sabia aonde queria ir coa língua.

E olhando para trás, que lhes podemos dizer a estes galeguistas mais do que obrigado por luitar por todos nós.

E agora, que dirão amanhá de nós?

E Agora, agora que? Agora tocam…. os dias da semana,

com uma grande vantagem, desde já temos um presente para todas as pessoas, adultas ou crianças, este grande videoclipe “Na segunda feira” da Mamá cabra que nos limpa de preconceitos e nos anima a continuar, a ensinar “os nossos tesouros, as palavras das nossas avós”.

 

Máis de Luís F. Figueiroa