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NIETO CABALLERO, CRIADOR DA 1ª ESCOLA NOVA DA AMÉRICA LATINA

Continuando com a série dedicada a grandes vultos da humanidade, que iniciei com o grego Sócrates, e que é muito importante que os escolares de todos níveis conheçam, dedico o presente depoimento, que faz o nº 59 da série, a um grande pedagogo latino-americano, chamado Agustín Nieto Caballero (1889-1975), pois ele foi o criador da primeira “Escola Nova” que houve na América Latina, no ano 1914, a que pôs o nome de “Gimnasio Moderno”, instituição educativa que ainda funciona hoje na cidade colombiana de Bogotá, a capital do país.

nieto-caballero-agustin-foto-1Agustín Nieto Caballero foi um ilustre educador colombiano que nasceu a 17 de agosto de 1889 em Bogotá, e faleceu na mesma cidade a 3 de novembro de 1975, com 86 anos. Estudou nos EUA e na Europa entre 1904 e 1914. Criou, com outros colaboradores, em 1914, o “Gimnasio Moderno”, de que também foi reitor. Esta instituição educativa foi a mais importante da América do Sul e contribuiu com novas ideias, formando-se nela os dirigentes, ideólogos e intelectuais colombianos. Mas os seus contributos também se projetaram para fora, no âmbito da educação pública. Foi a institucionalização da escola nova o seu segundo grande contributo de transcendência que mereceu todos os elogios, gerando impactos significativos a nível nacional e latino-americano. Nieto Caballero demonstrou ser o adail da focagem “Escola Nova” na Colômbia e demais países da América Latina, fazendo sentir a necessidade de realizar inovações educativas, tomando distância entre a escola e o fanatismo político, procurando relações com organismos internacionais, e difundindo a sua proposta educativa a nível da América do Sul e influindo de maneira determinante na instauração das escolas novas nos demais países do continente. O próprio Nieto Caballero chegou a dizer sobre a escola nova que tinha criado o seguinte: “Chamámos-lhe Gimnasio, pensando na atividade do corpo e do espírito; e Moderno, acrescentamos, como para sentir-nos obrigados a manter-nos em contínua renovação. Esse nome é certamente um compromisso”.

Nieto Caballero desempenhou, entre outros cargos e funções, o posto de diretor geral da educação primária e secundária no Ministério da Educação colombiano, e foi o responsável pela reforma destas escolas entre 1932 e 1936. Foi também membro de honra no Congresso Mundial da educação, celebrado em 1936 em Cheltenham; presidente da Vª Conferência Internacional de Instrução Pública, celebrada em Genebra em 1936; Reitor da Universidade Nacional da Colômbia entre 1938 e 1941; membro do Conselho Nacional colombiano de educação; chefe da delegação colombiana perante a Conferência Geral da Unesco do ano 1947, e delegado do seu país noutras muitas conferências internacionais de educação. Foi ademais o presidente do Comité Internacional dos “10” para o estudo dos planos e programas da Unesco, e presidente da Conferência Mundial de Educação, celebrada em Genebra no ano 1958. Entre as importantes condecorações que recebeu destaca a Medalha de ouro da Organização de Estados Ibero-americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI, 1963). Foi o iniciador de reformas educativas e fundador de organizações de estudantes e de instituições. Porém, não só teve como principal preocupação na sua vida formar homens de bem, como também escrever, com estilo limpo e claro, obras de temas educativos, conferências, discursos, artigos de imprensa. Rumos da Cultura é o título geral da série onde foi reunindo o seu acervo escrito. A sua leitura oferece sábias ensinanças aos mestres de escola a aos ministros de Estado. Outras das suas obras foram: Sobre o problema da Educação Nacional (1936), Palavras para a juventude (1958), Rumos da Cultura (1963), Os mestres (1963), O Ensino Secundário e as reformas da educação (1964), Crónicas de viagem (1964), Crónicas ligeiras (1964), Uma escola (1966), A Escola e a Vida (1979) e Escola Ativa (1987), estes dois livros em edição póstuma. Ademais dos livros citados, escreveu e publicou outros: Aspetos da guerra europeia (1914), Sobre o problema da educação (1924 e 1935), As casas escolares e a sua ação em Bogotá, e O segredo da Rússia (1960).

Como escritor fez importantes contributos para o jornalismo colombiano através dos seus escritos, depoimentos e artigos nos jornais El Espectador e El Tiempo, na Revista de América, e também colaborou como correspondente em numerosas publicações estrangeiras. Foi fundador e promotor da revista Cultura, onde participaram e colaboraram homens tão destacados como Luís López de Mesa, Luís Eduardo Nieto, Raimundo Rivas, Manuel António Carvajal e outros.

Em finais de 1924, encontrando-se Robindronath Tagore na casa de Victória Ocampo em S. Isidro (Buenos Aires), Nieto Caballero quis conhecer pessoalmente Tagore. Para isto deslocou-se da Colômbia para a Argentina, para entrevistar-se com o grande educador e escritor bengali-indiano.

FICHA TÉCNICA DOS VÍDEOS:

1. Agustín Nieto Caballero.

Duração: 18 minutos. Biografia e o seu contributo para a educação.

Ver em: https://www.youtube.com/watch?v=5D8Qj0ThyTw

2. Cátedra A. Nieto Caballero.

Duração: 79 minutos. Produtora: Gimnasio Moderno de Bogotá (2013).

Conferencista: Mário Galofre Cano.

Ver em: https://vimeo.com/63405809

Nota: É interessante consultar a Página (Web) do Gimnasio Moderno entrando em:

https://gimnasiomoderno.edu.co/

PEQUENA BIOGRAFIA DE NIETO CABALLERO:

Nieto Caballero licenciou-se em 1912 em Direito na Universidade de Paris; estudou filosofia, sociologia e ciências da educação na Sorbonne e no Colégio de França durante quatro anos, e psicologia no Teacher College da Columbia University, em Nova Iorque. Quando voltou para Colômbia em 1914, reuniu-se com José Mª Samper, Tomás Rueda Vargas, Tomás Samper, Ricardo Lleras Codazzi e outros livres-pensadores, com a finalidade de reformar profundamente a educação nacional, de tal maneira que fosse concordante com as ideias de Maria Montessori e de Ovídio Decroly, segundo os quais a criança está dotada de forças suficientes para a sua autoeducação, e a função do mestre consiste em fomentar-lhe e facilitar-lhe este caminho.

NIETO CABALLERO Aula do Gimnasio Moderno
NIETO CABALLERO Aula do Gimnasio Moderno

Com o “Gimnasio Moderno”, considerado como a primeira escola nova da América Latina, ao fundá-lo, Nieto Caballero procurava o resgate dos valores humanos e o exercício da personalidade, que era um dos objetivos das ideias liberais da época, onde a escola, só a escola, é capaz de assegurar uma independência real e definitiva. Com esta instituição educativa Nieto Caballero fez um notável contributo para o desenvolvimento e crescimento do país. Muitos dos que foram estudantes no Gimnasio Moderno tomaram parte ativa na vida pública e intelectual da Colômbia. Foi nele onde se levaram a cabo as famosas jornadas de caixas escolares, que consistiam em pequenos-almoços e vestidos para as crianças das escolas públicas. Nieto Caballero também se preocupou com a educação da mulher, e o demonstrou ao fundar, em 1928, o Gimnasio Femenino em Bogotá. Como educador e homem de letras, participou em numerosos eventos e deu múltiplas conferências e palestras.

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Com Ovidio-Decroly

Nieto Caballero desenvolveu um amplo labor diplomático. Em 1931 assistiu como delegado da Colômbia ao Congresso Internacional de imprensa, que se celebrou em Madrid. Já antes comentámos a sua participação em diversas conferências e congressos internacionais. Foi delegado do seu país na Sociedade de Nações entre 1931 e 1934; também presidente da delegação da Colômbia no 8º Congresso Científico Americano, celebrado em 1940 em Washington, e desempenhou a representação latino-americana na Conferência Internacional de Educação na Universidade de Michigan, em 1941. Em reconhecimento ao seu labor foi nomeado embaixador da Colômbia perante o Chile no biénio 1942-43. Voltou ao seu país e regeu a cadeira de Orientação Educativa na Escola Superior e no Instituto Pedagógico Nacional. Viajou em várias ocasiões como conferencista convidado pelas universidades de Londres, Paris e Atenas. Também a ele se deve a fundação da Cruz Vermelha Nacional Juvenil. Recebeu a Cruz de Boyacá de mãos do presidente Guillermo León Valencia; a Universidade Pedagógica Nacional outorgou-lhe o título de “doutor honoris causa” em 1967; o presidente Carlos Lleras Restrepo, em 1969, concedeu-lhe a condecoração de Cavalheiro Eminente de Bogotá; a República da França concedeu-lhe em 1970, as Palmas Académicas pelo seu contributo para o campo da educação; e em 1973 foi-lhe outorgada a Ordem Caro e Cuervo. Os seus ensinamentos não ficaram nas aulas do colégio, nem tampouco nas suas conferências nas universidades.

A SUA FORMAÇÃO PRÉVIA E O SEU TRABALHO PEDAGÓGICO POSTERIOR:

O seu grande ideal, como promotor da Nova Educação na Colômbia, era o de educar a juventude colombiana – e, por extensão, a de toda a América Latina – sob exclusivos parâmetros baseados na disciplina, confiança e desenvolvimento tanto pessoal como artístico e intelectual dos estudantes.

Desde criança, a sua vida tingiu-se de preto devido à morte prematura de seus pais Agustín Nieto e Paulina Caballero. Porém, apesar da perda dos seus progenitores, teve a oportunidade de ser criado pelos seus tios, os quais se preocuparam com oferecer-lhe a melhor educação, tanto a ele como a seus irmãos. É assim, como a história demonstra que assistiu aos mais destacados colégios de Bogotá, como os Irmãos Cristãos, o Colégio Americano, Araújo e Ramírez e o Liceu Mercantil. Devido à dificuldade de obter uma educação de alta qualidade na Colômbia, preocupados com o seu futuro profissional, os seus tios decidiram mandá-lo à Europa com a finalidade de que começasse ali a sua vida universitária. Foi assim como estudou na escola de Direito em Paris, onde obteve o título de Bacharel em Leis. Quatro anos mais tarde, continuou os seus estudos em Filosofia e Ciências da Educação na histórica Universidade da Sorbonne de Paris e no Colégio da França. Mais tarde, decidiu empreender a sua viagem à “Grande Maçã”, onde realizou estudos de Biologia e Psicologia, no Teacher´s College da Universidade de Colúmbia, um dos mais reconhecidos na cidade de Nova Iorque.

Em 1910, quando realizava os seus cursos na Europa, viveu de perto as reflexões e as reformas que surgiram ao redor da educação tradicional baseada no castigo. Ademais, teve relacionamentos diretos com as novas formas de educação e com grandes pedagogos, como o doutor Ovídio Decroly. Desta maneira, incentivado pelo grande amor que sentia pela Colômbia e o seu desejo de encontrar o bem comum, tomou como inspiração todo o aprendido e regressou ao seu país, com o propósito de modificar o modelo de educação existente. Inicialmente, tentou formar uma escola estatal onde começaria a pôr em prática estas novas modalidades, porém, devido às impossibilidades, alheias à sua vontade, decidiu formar uma instituição privada, que chegaria a converter-se na Escola Nova da América do Sul: o “Gimnasio Moderno”.

Apesar das adversidades, a intolerância religiosa e a falta de docentes que compreendessem estas novas ideias educativas, Nieto Caballero funda o “Gimnasio Moderno” em 1914, e põe em marcha mecanismos educativos como as excursões escolares, os trabalhos manuais, a disciplina de confiança e os métodos ativos do ensino, rompendo com o esquema tradicional, cumprindo, no entanto, com o seu ideal pedagógico. Apesar de que a fundação desta escola demandava grandes despesas económicas e foi difícil conformar um grupo fundador de apoio, Nieto Caballero não desistiu até ver o seu sonho feito realidade: conformar uma instituição pedagógica, onde a instrução não podia ser independente do elemento educativo, mantendo o lema “Educar antes que instruir”.

Em 1915, Agustín Nieto contraiu matrimónio com Adelaida Cano e junto a ela, dedicou a sua vida a trabalhar pelo colégio e a percorrer extensamente os principais países da Europa e da América, onde pôde estudar meticulosamente toda a tendência nova da educação, e à sua vez, estabelecer vínculos de estreita amizade com grandes educadores contemporâneos, como John Dewey, Maria Montessori e Ovídio Decroly. Porém, a sua preocupação com a Colômbia gerou que as suas atividades não se fossem centrar num só setor da sociedade, pois ao criar o “Gimnasio Moderno”, colaborou simultaneamente, em reformas educativas nacionais; organizou as Caixas Escolares, criadas em 1915, com o objetivo de assegurar o pequeno-almoço e procurar vestido para as crianças de baixos recursos que concorriam à escola pública, pois considerava que era impossível ensinar a quem tem fame e frio, “e uma vez assegurada a parte material pode-se entrar à inteligência, o corporal é um meio e não um fim”.

Em 1928 fundou o Gimnasio Femenino, com o fim de contribuir para uma mudança no panorama da educação da mulher na Colômbia. E além disso, como primeiro contributo pedagógico para a cidade, dedicou-se a criar bibliotecas que vão contar com material histórico e metodológico da ciência e do ensino. Vinculou-se ao Ministério da Educação em 1931, e representou a Colômbia na Sociedade das Nações, e em diferentes conferências internacionais de educação. Em 1932, ocupou o cargo de Diretor Geral da Educação e desenvolveu o labor de Inspector Nacional da Educação, onde teve a oportunidade de percorrer todo o país conhecendo diretamente a situação das diferentes escolas, e à sua vez, pôde dialogar com mestres e estudantes. Este cargo foi um dos mais importantes e enriquecedores para Nieto Caballero, pois considerava que o inspetor era aquela pessoa que dizia dar-se conta do ambiente espiritual e moral das instituições, ainda que a sua visita não devia ser nunca a de um agente de polícia, que vai a realizar uma investigação, mas sim a de um amigo cuja companhia é sempre agradável de partilhar, pois não se tratava de coibir mas de estimular “no lugar de deter, deve fazer avançar”.

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Deste modo, os 60 anos da sua vida cívica na Colômbia dedicou-os ao “Gimnasio Moderno”, e às preocupações educativas e sociais, guiado pelo seu espírito educativo e o seu sonho de transformar a sociedade colombiana, colaborou intensamente em programas para crianças de baixos recursos económicos, como o foram as Colónias de Férias, e a introdução de programas da Cruz Vermelha Juvenil no “Gimnasio Moderno”, tudo com o fim de “servir”. O seu reconhecimento como educador e o seu árduo trabalho social, levaram-no mais adiante a tornar-se reitor da Universidade Nacional da Colômbia, de 1938 a 1941, período em que se pôs grande empenho e importantes construções dentro da cidade universitária e onde pôde concluir algumas outras das suas iniciativas pedagógicas. Ao termo da sua passagem pela Universidade Nacional, novamente representou o seu país, ocupando durante 1942 e 1943, o cargo de embaixador da Colômbia no Chile, e assim, continuou por alguns anos ditando conferências e aulas em diferentes cidades da Europa e da América, até chegar a ser nomeado membro principal do Conselho Superior da Educação em 1947, grupo em que luitou por dar unidade ao conjunto da educação colombiana, enfatizando sempre a importância de estar em contacto com os organismos internacionais de educação e mantendo a ideia de que não havia objetivo de inventar o que já está inventado, nem tampouco levar o nacionalismo até tal ponto de querer resolver sós todos os problemas. Os seus grandes passos na educação e a sua dedicação a este tema, levaram-na a tornar-se um líder pedagógico, reconhecido a nível nacional e internacional. Ao terminar a década de 90, já era o principal convidado para representar a Colômbia em conferências e congressos internacionais, principalmente, organizados pela Unesco. Em janeiro de 1955 participou como convidado de honra da União Panamericana, do seminário de Segundo Ensino, reunido em Santiago de Chile; e no ano 1958, integrou como Delegado da Colômbia, o Comité Intergovernamental para o estudo do Ensino Primário na América Latina, onde foi nomeado seu presidente.

A valorização do seu trabalho foi constante. Em 1964, com motivo dos 50 anos do “Gimnasio Moderno”, o presidente da República Guillermo León Valencia, confere-lhe a condecoração da Ordem de Boyacá, no grau de Grande Oficial, e à sua vez viaja a Los Ángeles, como convidado de honra da Universidade da Califórnia, para participar como membro ativo da Conferência da Educação Comparada do Hemisfério Ocidental. Alguns anos depois, o governo outorgou-lhe a ordem civil “Antonio Nariño”, na categoria de Granadino; foi nomeado membro correspondente da Academia Colombiana da História; e em 1973, recebe a Ordem Nacional “Miguel Antonio Caro e Rufino Cuervo”, no grau de Grande Cruz, concedida pelo presidente da República Miguel Pastrana.

Finalmente, Nieto Caballero falece em Bogotá, em 3 de novembro de 1975; apesar da sua morte, deixou um legado de ensinos à sociedade completa, os seus contributos não só foram pedagógicos, mas também são o reflexo de uma vida de trabalho e metas cumpridas, a sua atitude jovial e luitadora representa os resultados de um labor realizado com esforço, dedicação e paixão; não teve medo nem à morte nem à velhice, e o seu interesse pela Colômbia e a sua esperança de conseguir uma transformação social, converteram-na num dos vultos mais importantes na história da educação colombiana.

O “Gimnasio Moderno” criou na sua honra a Medalha de Mérito “Agustín Nieto Caballero”, destinada a exaltar os serviços que pessoas ou entidades, nacionais e estrangeiras, tenham prestado à educação na Colômbia. Ademais, cumpriram com o seu sonho de permanecer onde sempre exista juventude e onde fez realidade os seus grandes ideais, portanto, foi sepultado nos jardins do “Gimnasio Moderno”, onde permanentemente o visitam as crianças a que tanto amou e as pombas que tanto cuidou. Ali pode-se encontrar a sua frase “Educar antes que instruir”.

Depois da sua morte, o país continuou a lembrar e celebrar a vida deste grande pedagogo. Em fevereiro de 1976, e como homenagem póstuma, o Presidente da República, Alfonso López Michelsen, ex-aluno do “Gimnasio Moderno”, inaugurou o Liceu Nacional “A. Nieto Caballero”, com capacidade para 3 600 estudantes. Em 15 de março de 1979, o presidente Júlio César Turbay Ayala, enaltece a Condecoração da Medalha do Mérito dando-lhe um carácter nacional, e cria, por meio do Decreto nº 1039, a “Grande Medalha A. Nieto Caballero”, chamada desta forma como exemplo e meta da juventude e do magistério colombianos. Por outra parte, ao longo da sua vida recebeu várias condecorações pelas suas obras publicadas, que contam com um minucioso e bem elaborado material histórico, crítico e pedagógico. Por Decreto nº 1133 de 1985, o edifício do “Gimnasio Moderno”, foi declarado monumento nacional da Colômbia.

AS PALAVRAS DE NIETO CABALLERO:

Recolhidas de várias das suas publicações em livros e depoimentos, fez uma escolha de frases e textos da sua autoria, em que se podem apreciar as suas ideias educativas e inovadoras no campo da pedagogia.

1. “A educação implica a formação integral do indivíduo: coração, cérebro, músculos; fases são de um mesmo problema. Daí que as estatísticas não nos digam nada quando nos falam em número de escolas. Só a qualidade pode dar-nos uma norma. É preciso saber se o local escolar tem ar, luz água, garantias higiénicas. Do contrário, é mais educativo, mais humano não ir a ele. Importa saber se ali mesmo há um mestre, um capataz. Tampouco é educativo nem humano pôr frágeis criaturas sob o domínio da ignorância e a torpeza”.

2. “A nossa aspiração seria ver convertida a universidade na casa do espírito colombiano, no lar da cultura, pátria, na escola da cidadania. Quiséramos que a universidade não fosse somente a fábrica de profissionais mais ou menos qualificados, como também um laboratório de investigação… Uma universidade que seja enciclopédia viva de conhecimentos, e síntese dos desejos espirituais da nação, respeitosa com a tradição e inspirada à vez na realidade palpitante do momento… Esta é a nossa missão universitária: formar homens capacitados, homens à altura da tarefa que devem realizar, homens animosos, sãos de alma e de corpo, preparados na técnica e com a vontade e espírito generoso para levar a bom fim as árduas empresas que vão solicitar os empenhos nacionais”.

3. Muito preocupado com a formação dos docentes e a grande importância de ter bons mestres, escreveu muito sobre o tema: “Não se poderá ser jamais demasiado exigente a este respeito. Por alguma razão Claparède, o profundo psicólogo suíço, nos dizia no seu Instituto de Genebra: fundamos este centro para o estudo das ciências da educação, porque na Suíça não abundam os mestres cientificamente preparados, e o grande Dewey queixava-se nas visitas às escolas americanas de não encontrar senão muito de vez em quando um verdadeiro mestre”.

4. Em resposta ao inspetor Escobar Roa, que lhe chamava “douto pedagogo de gabinete”, Nieto Caballero escreve: “Tivesse vindo o senhor comigo nalgumas das maravilhosas excursões que desde há dez anos vêm fazendo os alunos do Gimnásio Moderno, verdade é que nem sempre teria podido oferecer ao doutor Escobar Roa o macho de aluguer a que já está acostumado para as suas andanças. (…) Andando às vezes, durante longos dias, ao passo dos arrieiros antioquenos, quando voltam das suas compras, como me coube fazer com o meu grupo de excursionistas através do Tolima e do Valle; cavalgando outras, semanas inteiras, como na excursão ao Llano del Casanare, nos passeios pela Antioquia e Caldas e os Santanderes; e por último voando também até a costa atlântica… assim e não de outro modo dei-me eu um banho de colombianismo que me molhou até os próprios ossos”.

5. Sobre o perfil do mestre diz: “O complexo do problema reside na delicadíssima missão que aos mestres está encomendada. É muito difícil erigir-se em exemplo e o mestre deveria sê-lo sempre: exemplo vivo de retidão moral, de laboriosidade, de amor ao estudo, de modéstia efetiva, de tato, de discreção, de suavidade e de firmeza de caráter à vez”.

6. Sobre a escola assinala: “Ao analisar uma escola devemos desentranhar qual é o seu espírito… dogmático… ou democrático; existem escolas onde é preciso obedecer cegamente e escolas onde se permite pensar e agir… lembrai constantemente que ensinais mais com o vosso exemplo que com a vossa palavra, ou melhor, que só ensinais com as vossas palavras quando elas se ajustam aos vossos atos”.

7. Falando do mestre antigo e do mestre moderno comenta: “O passado é o mestre que infunde temor e medo; o presente é o mestre que inspira respeitoso afeto. O passado é o mestre que dogmatiza; o presente é o mestre que insinua. O passado é o mestre que impõe o seu modo de pensar; o presente é o mestre que cria individualidades conscientes. O passado é o mestre que faz repetir intermináveis lições de memória; o presente é o mestre que estuda com os seus alunos a realidade e se preocupa com fazê-los compreender, por interessá-los, por manter viva a sua atenção. O passado é o mestre que se contenta com instruir; o presente é o mestre que educa, que não perde de vista a formação integral do indivíduo: desenvolvimento físico, sentimentos, caráter, vontade, espírito”.

8. Acredita que pela educação se pode alcançar a paz e a confraternidade entre os povos e nações: “Temos que propor criar um ambiente de mútua inteligência, de confraternidade, se possível, entre todos os povos, e isso só o alcançaremos quando a nossa ação começar na infância e continuar através da juventude para chegar até a idade madura convertida já em ideia-força difícil de derrubar”.

Nota: É muito interessante a leitura do artigo escrito por Nelson Torres Vega, sob o título de “Agustín Nieto Caballero: pensamiento pedagógico y aportes a la Escuela Nueva”, que foi publicado no nº 33 da Revista UNIMAR, ano 2015, páginas 57 a 73 (pode consultar-se pela Internet)

TEMAS PARA REFLETIR E REALIZAR:

Vemos os documentários citados antes, e depois desenvolvemos um Cinema-fórum, para analisar a forma (linguagem fílmica) e o fundo (conteúdos e mensagem) dos mesmos, assim como os seus conteúdos.

Organizamos nos nossos estabelecimentos de ensino uma amostra-exposição monográfica dedicada a Agustín Nieto Caballero, a sua vida, a sua obra, as suas ideias, o seu pensamento pedagógico, a sua escola nova do “Gimnasio Moderno” e as suas publicações. Na mesma, ademais de trabalhos variados dos escolares, incluiremos desenhos, fotos, murais, frases, textos, lendas, livros e monografias. A citada amostra há de incluir também uma secção especial dedicada ao Gimnasio Moderno de Bogotá, que ainda funciona hoje.

Desenvolveremos um Livro-fórum em que participem todos os escolares e docentes. O livro da sua autoria mais adequado para ler é o intitulado Rumos da Cultura, editado pelo Gimnasio Moderno em 1963. Embora também sejam interessantes Palavras para a juventude (1958), Uma Escola (Ed. Antares de Bogotá, 1966), A Escola e a Vida (Instituto Colombiano de Cultura, 1979) ou Escola Ativa (Ed. Presencia de Bogotá, 1987).

 

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