Não te vaias. Prece ao sol

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Por Adela Figueroa

Meu sol, não te vaias.
Não te vaias,
Não te vaias!
Deixa comigo a tua luz
Ainda que for, apenas,uma raiolinha
A me alumiar o caminho
Agora triste, para o nosso sagrado lar.
Quero ver para me safar
das injustiças que nos governam,
Quero enxergar para não bater
nos abusadores,fartos de poder
sobre as nossa vidas:
Despótico poder sobre a palavra e a língua,
Cruel poder sobre o meu corpo de mulher.
Não vês desde as alturas que cruzas no teu carro,
Como se esfarela a minha pobre liberdade?
E a nossa escolha fica tristemente aferrolhada?
Quero, meu sol, que as tuas débeis raiolinhas d’ora
Me deam força
Para me revoltar contra quem nos priva dum lar,
Quem nos furta o alimento são,
a luz da casa e a dignidade.
Guarda para mim, meu solinho,
O direito justo a dispor do meu sagrado corpo de mulher
Quero para o meu povo o direito a dispor
Da Sagrada Terra herdada dos Kalaikois.
Galiza Kalaikaia :Mãe viçosa.
Somos as filhas da Terra
Que as tuas débeis raiolas, ainda fecundam ora.
Volta-te sol -meninho para nós
Inocente, crescente, criativo, indulgente.
Sagrado picarinho amoroso,
Deitado já no colo do mar.
Aguardamos-te aqui, neste sagrado Outeiro
Seguros do teu santo nascimento,
Ressuscitando da ilusão da tua morte
Para nos salvar da noite
Sem luz e sem pão,
Sem liberdade e sem Lar
Que nos ameaça hoje .
Voltarás aqui amanhã para nos iluminar.
Nos, por em quanto, Ficamos por cá.
Meu sol não te vaias!!

Invocação feita do Outeiro do Cotom dos fogos,( Eira da Xoana) na noite mais pequena do ano 2013.