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Matérias de livre configuração no ensino obrigatório, uma oportunidade ou uma ameaça?

Uma das novidades da Lei Orgânica para a Melhora da Qualidade Educativa (LOMCE, nas siglas em castelhano) será as matérias de livre configuração, que se poderão destinar a reforçar matérias troncais ou a incorporar matérias novas, mesmo podendo cada centro propor as suas próprias. Ao todo, serão cinco horas, uma em 1º de ESO, outra em 2º de ESO e a três restantes no bacherelato.

No PGL quisemos recolher a opinião de dous docentes a respeito da introdução de língua portuguesa nos centros de secundário usando esta figura. Estamos perante uma novidade ou perante uma ameaça? Ou num ponto intermédio?

Olívia Pena

Professora de Português e Galego no IES Alfredo Brañas (Carvalho)

Olívia Pena
Olívia Pena

Estamos num momento crucial para a introdução da língua portuguesa no ensino secundário. Nunca houve tanto interesse por parte das autoridades na promoção desta língua na Galiza —outra coisa diferente é o que esteja a acontecer na prática—e temos quase a obriga de aproveitar estas circunstâncias. Agora, mais do que nunca antes, o professorado pode forçar as engrenagens mais oxidadas das escolas, porque há apoio das altas instâncias para superar essas «dificuldades».

Sem deixarmos nunca o otimismo, e com vontade e persistência da nossa parte, a língua portuguesa está chamada a ser a nossa primeira língua estrangeira. Ora bem, acho que não deve ser a qualquer preço.

Nas últimas semanas tem-se falado muito das novas matérias de livre configuração, que dependerão de cada escola, e já há movimentos entre o professorado para tentar a introdução do português por essa via, especialmente nos centros menos favoráveis à sua implantação. A iniciativa, como é óbvio, não pode deixar de ser recebida com alegria e esperança. Porém, devemos ter cuidado e ver nessa matéria (com menor carga horária do que segunda língua estrangeira e sem presença em todos os níveis educativos) mais uma outra possibilidade de abrir o nosso campo de acção do que uma via alternativa para introduzir a língua.

Acho-a perfeita como introdução ou complemento, do género Introdução à Lusofonia ou Cultura Lusófona e, assim concebida, excelente para desenvolver em paralelo com a matéria de língua portuguesa. Nos casos mais difíceis, poderia ser inclusive uma simples questão de forma, mas é necessário não perdermos a perspetiva. Não queremos que a história do galego se repita com o português. Já sabemos o que é viver numa língua de segunda categoria, em luta constante pela sua normalização, por demonstrar que é tão válida como a outra, e tudo isso. E haveria-de acontecer, se, existindo cobertura legal —como existe—, para que o português seja leccionado como segunda língua estrangeira no secundário, ao lado do francês e do inglês, principalmente, mas também do alemão e do italiano, nos conformássemos com uma categoria inferior.

Qual a sensação que iria ficar na comunidade educativa e na sociedade em geral? Nem é bom imaginá-lo, pois não?

Eliseu Mera

Professor de Música no IES Pintor Colmeiro (Silheda)

Uma porta é sempre uma porta

  1. Eliseu Mera
    Eliseu Mera

    O atual governo da Junta nom vai dotar de conteúdo a Lei Paz-Andrade.

  2. O português nom terá a posiçom que lhe corresponde no nosso sistema educativo até que deixe de ser considerada língua estrangeira.

No entanto, que fazemos?

A opção que mais se utilizou nos centros educativos foi a de ofertar a matéria “Segunda Língua Estrangeira: Português”. Considerar “estrangeira” uma língua nada no Reino da Galiza é uma aberração concetual, mas permite que entre dignamente nas aulas. Porém, revela-se um recurso difícil de estender, pois provocaria numerosos conflitos com o professorado doutras línguas que estariam em concorrência e apenas chegaria a uma pequena parte do alunado.

A LOMCE permite que cada centro inclua umha matéria de livre configuração no bacharelato e nos dous primeiros cursos da ESO. Nom é a panaceia, mas umha proposta tipo Cultura Lusófona, centrada na aprendizagem do padrão internacional, poderia-se introduzir de maneira consensual —incluindo outros departamentos— e chegaria a um maior número de alunas e alunos que uma segunda língua estrangeira.

Às vezes cumpre entrar pola porta de atrás para poder abrir a dianteira.

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