Partilhar

Manuel Maria: Dia das Letras para um defensor do reintegracionismo

Manuel Maria | Foto: web RAG
Manuel Maria | Foto: web RAG

Na reuniom do sábado, 4 de julho, a Real Academia Galega (RAG) decidiu dedicar o Dia das Letras de 2016 ao escritor Manuel Maria (Outeiro de Rei, 6 de outubro de 1912 — Corunha, 8 de setembro de 2004). De diferentes setores interpreta-se esta escolha como «de consenso» e, também, um intento da RAG de salvar a sua imagem após a controvérsia criada com motivo da homenagem este ano a Filgueira Valverde. Tampouco desta vez o plenário da RAG optou por Ricardo Carvalho Calero, umha figura que, ano após ano, chega às votações finais, mas continua a ser explicitamente vetado polo seu papel em defesa do reintegracionismo.

Defensor do reintegracionismo

A Real Academia vetou Carvalho, no entanto, e como já aconteceu em 2012 com Valentín Paz-Andrade, o Dia das Letras de 2016 será dedicado a umha pessoa que defendeu em vida a valia das teses reintegracionistas.

Débe-se facer unha aproximación [ao português], claro, mais no se debe forzar. Eu coido que hoxe aínda estamos nunha fase de recuperación do idioma e hai que conseguir que a xente asuma a lingua, normalizar o galego. Logo poderemos pensar en normativizar. Galego e portugués son dous idiomas moi próximos, con fundamentos comúns, e hai que voltar ás orixes.

Joel Gômez entrevista Manuel Maria em La Voz de Galicia, 9 de julho de 1981

— [XMC] ¿Qué opinas do reintegracionismo?
— [MM] Estou a favor. Non escribo en reintegrado, porque cando comenzou este movemento eu xa era vello, son algo preguizoso, e teño uns hábitos de escritura de trinta anos. Pero gustaríame que se utilizase a grafía do portugués, conservando o noso próprio idioma. A primeira razón na que me baso para dicir isto, é que a grafía portuguesa vaille mellor. En segundo lugar por diferenciar a ortografía galega da española. E por último, porque isto favorecería tremendamente que tódolos lusófonos puidesen ler ós escritores galegos, sen grandes dificultades. A ortografía paréceme unha ponte importante. Xa no ano 54, falando deste problema co poeta catalán, Carles Riba, dicíame que se eles tivesen un estado ó lado cunha lingua semellante, como temos nós, farían unha aproximación a el. Isto é esencial. Creo que parte do futuro da nosa lingua e a súa expansión natural está cara a Portugal. O resto da xente do estado español é moi diferente a nós, hai moitos séculos de mentalidade centralista enriba, e eu coido que os escritores de linguas periféricas, en Madrid, non se len nin traducidos.

Xosé Manuel del Caño, em Conversas con Manuel María (Xerais, 1990)

Penso que iste é o camiño [publicar seguindo os critérios reintegracionistas]. Eu estou máis identificado coa cultura portuguesa que coa española. Galego e portugués son a mesma língua, con algunha variante. Por outra parte, os escritores galegos aínda que nos traduzan ó español non seremos lidos, mentres, deste xeito, temos unha grande cantidade de leitores potenciais.

Camilo Gómez Torres, em Manuel María: os traballos e os días (Laiovento, 2001)

Época do «córpus mais rico», na norma da AGAL

m_A_Luz_RessuscitadaNo caso do escritor da Terra Chã, a defesa das teses reintegraiconistas nom ficou apenas como declaraçom de intenções, pois publicou três poemários seguindo a normativa da Associaçom Galega da Língua (AGAL), constituída em 1981: Versos do lume e o vaga-lume (1983), A luz ressuscitada (1984) e Oráculos para cavalinhos-do- demo (1986). Precisamente, A luz ressuscitada levou o carimbo da AGAL, pois esta obra inaugurou a coleçom ‘Criaçom’ da editora da AGAL.

A SALETA

Nom sei como agradecer tanta ternura,
tantos dias usados em comum,
tantas horas de plenitude,
tanta beleza que enterrache em mim,
tanta luz gastada simplesmente
em olhar-me envelhecer; ofício duro,
doente, fatal e inevitável.
Eu só tenho, para celebrar a tua
nédia e imarcescível primavera,
esta melancolia senhardosa
semelhante, quiçá, a umha camélia
e as palavras murchas e azedas
que tentam florecer nos meus poemas.

‘A Saleta’, poema com que inicia A luz ressuscitada,
é umha homenagem à companheira de Manuel Maria

Estas obras vírom a luz na década de oitenta. A própria RAG reconhece que nesta etapa literária Manuel Maria publicou «o seu mais rico córpus poético» e indica também que se envolveu «ativamente» em antividades de entidades como a AS-PG ou a AELG. Contudo, o artigo da Real Academia nem cita a AGAL nem tampouco nomeia a produçom reintegracionista do futuro homenageado.

 

+ Ligações relacionadas:

 

Sónia Engroba: ‘Não somos conscientes nem conhecedores do poder da nossa própria língua’

Novidades Através: 50 anos de Abril na Galiza

Lançamento do livro González-Millán, a projeção de um pensamento crítico, em Braga

Valentim Fagim ministra o ateliê Estratégias alternativas para o galego na Corunha

Lasanha de abóbora e grelos

Estes são os projetos reconhecidos na quinta edição dos Prémios Mil Primaveras

Sónia Engroba: ‘Não somos conscientes nem conhecedores do poder da nossa própria língua’

Novidades Através: 50 anos de Abril na Galiza

Lançamento do livro González-Millán, a projeção de um pensamento crítico, em Braga

Valentim Fagim ministra o ateliê Estratégias alternativas para o galego na Corunha