Partilhar

Luitar a favor do desarmamento nuclear, com o filme ‘A Voz do Silêncio’

Conforme proclamada pela Assembleia Geral da ONU, a Semana do Desarmamento é realizada em todo o mundo, de 24 a 30 de outubro, todos os anos. Em 2009, os gastos militares mundiais ultrapassaram cerca de 1,5 trilhão de dólares. A necessidade de uma cultura de paz e de uma redução significativa de armas no mundo nunca foi tão grande. E ela se aplica a todos os tipos de armas. Sobre o perigo das armas nucleares, Albert Einstein disse: “Eu não sei com que armas a Terceira Guerra Mundial será disputada, mas a Quarta Guerra Mundial será travada com paus e pedras”.

O custo humano e material das armas convencionais também é alto. De pelo menos 640 milhões de armas de fogo licenciadas em todo o mundo, aproximadamente dous terços estão nas mãos da sociedade civil. O comércio legal de armas de pequeno calibre excede quatro bilhões de dólares por ano. O comércio ilegal é estimado em um bilhão de dólares. E essas armas convencionais, como as minas terrestres, causam destruição da vida e da integridade física, que continua por anos após os conflitos terem acabado. E ainda, além dos efeitos óbvios destas armas, está o seu custo mais elevado. Um custo resultante de prioridades equivocadas e da falta de visão. O ex-Presidente dos Estados Unidos, Dwight D. Eisenhower (1952-1960), e Comandante Geral das Forças Aliadas durante a Segunda Guerra Mundial, coloca a questão desta forma, falando no início de seu mandato como Presidente, e disse: “Cada arma produzida, cada navio de guerra lançado ao mar, cada foguete disparado significa, em última instância, um roubo àqueles que têm fame e não são alimentados, aqueles que estão com frio e não têm o que vestir. O custo de um moderno bombardeiro pesado é este: a construção de uma moderna escola em mais de 30 cidades.”

Desde o nascimento das Nações Unidas, as metas do desarmamento multilateral e da limitação de armas foram consideradas centrais para a manutenção da paz e da segurança internacionais. Estas metas vão desde a redução e eventual eliminação das armas nucleares, destruição de armas químicas e do fortalecimento da proibição contra armas biológicas, até a suspensão da proliferação de minas terrestres e de armas leves e de pequeno calibre. Estes esforços têm o apoio de uma série de instrumentos-chave da ONU. O Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares (TNP), o mais universal de todos os tratados multilaterais sobre desarmamento, entrou em vigor em 1970. A Convenção sobre Armas Químicas entrou em vigor em 1997, e a Convenção sobre Armas Biológicas, em 1975. O Tratado Abrangente de Proibição de Testes Nucleares foi adotado em 1996. A Convenção sobre Proibição de Minas entrou em vigor em 1999. A ONU apoiou tratados regionais de proibição de armas nucleares na Antártida, América Latina e no Caribe, no Pacífico Sul, Sudeste da Ásia, África e Ásia Central. Outros instrumentos adotados pela ONU proíbem armas nucleares no espaço sideral e em alta mar.

Assembleia Geral e o Conselho de Segurança abordaram as questões do desarmamento continuamente. A Assembleia também realizou sessões especiais sobre o desarmamento em 1978 e 1988. Alguns órgãos da ONU se dedicam exclusivamente ao desarmamento. Entre eles está a Conferência sobre o Desarmamento. Como único fórum de negociação multilateral da comunidade internacional para acordos sobre o desarmamento, a Conferência negociou com sucesso tanto a Convenção sobre Armas Químicas como o Tratado Abrangente de Proibição de Testes Nucleares.

Em nível local, os membros das forças de paz da ONU trabalham frequentemente para implementar acordos específicos de desarmamento entre partes em conflito. Esta abordagem tem sido usada com sucesso na África Ocidental, por exemplo, onde o Escritório do Representante Especial do Secretário-Geral organizou reuniões regionais para harmonizar os programas de desarmamento, desmobilização e reintegração dos ex-combatentes. A situação na Libéria serve como um bom exemplo para mostrar como este trabalho é feito.

Mantendo o sentimento expressado por Eisenhower, a ONU é plenamente consciente, em todos estes esforços, da relação direta entre desarmamento e desenvolvimento. Sobre esta relação-chave o Secretário-Geral Ban Ki-Moon disse: “Podemos fazer progressos significativos em direção aos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio se alguns destes recursos (usados em gastos militares e seus armamentos) fossem redirecionados para esforços para o desenvolvimento econômico e social. Em um momento de elevação dos preços de alimentos e combustíveis e de incertezas na economia global, o mundo não pode ignorar o potencial de desenvolvimento do desarmamento e da não-proliferação.” Infelizmente, cada vez é menos o poder da Assembleia da ONU para luitar contra a proliferação de armas de todo o tipo, nomeadamente nucleares, por culpa dos países poderosos que existem no mundo, que jogam com outros interesses, que nada têm a ver com eliminar as armas da faz da Terra. Por isto, há muito pouco, o Papa Francisco comentou que está muito preocupado porque podemos estar às portas da terceira grande guerra mundial.

Para sensibilizar as crianças e jovens sobre tão terrível tema, considero de enorme importância organizar em todas as escolas de todos os níveis do ensino, atividades educativo-culturais dentro da Semana do Desarmamento. Para o meu comentário escolhi desta vez um filme intitulado “A Voz do Silêncio”, em que um rapaz de 12 anos se nega a jogar em sua equipa se não desaparecem do Planeta as armas nucleares. Tema em que é secundado por desportistas importantes. O próximo meu depoimento da série há versar também sobre o tema da luita contra as armas nucleares, com um formoso filme de desenhos animados intitulado “Quando o vento sopra”.

FICHA TÉCNICA DO FILME:

  • Cartaz alemão de 'A Voz do Silêncio'
    Cartaz alemão de ‘A Voz do Silêncio’

    Título original: Amazing Grace and Chuck (A Voz do Silêncio / The Silent Voice).

  • Diretor: Mike Newell (USA, 1987, 114 min., colorido).
  • Roteiro e Produção: David Field. Edição: Peter Hollywood.
  • Música: Elmer Berstein. Fotografia: Robert Elswit.
  • Produtoras: Delphi IV e V Productions e ML Delphi Premier Productions.
  • Atores: Jamie Lee Curtis (LynnTaylor), Gregory Peck (Presidente), William Petersen (Russell), Red Auerbach (Himself), Lee Richardson (Jeffries), Joshua Zuehlke (Chuck Murdock), Alex English (Amazing Grace Smith), Alan Autry (George), Michael Bowen (Hot Dog), Dennis Lipscomb (Johnny B. Goode), Frances Conroy (Pamela) e outros muitos.
  • Argumento: Chuck, um rapaz de 12 anos de idade do Estado de Montana, em protesto pela existência de armas nucleares, e para reivindicar o desarmamento nuclear, recusa-se a jogar beisebol, o que resulta na perda de um jogo pela Little League Baseball da sua equipa. Esta ação fá-la depois de visitar uma instalação nuclear. “Amazing Grace” Smith, um jogador de basquete fictício dos Boston Celtics, interpretado pelo astro da NBA Alex English, também se junta a ele no seu protesto e renuncia ao basquete profissional. Isto dá-lhe cobertura nacional, e faz com que mais atletas participem do protesto contra as armas nucleares. O filme chega ao clímax quando o presidente dos Estados Unidos, interpretado por Gregory Peck, se encontra pessoalmente com Chuck e admira a sua determinação pelo desarmamento de armas nucleares, mas, ao mesmo tempo diz das dificuldades extremas de tornar o país vulnerável aos arsenais nucleares da União Soviética. A história passa-se nos EUA.

ORIGINAL REIVINDICAÇÃO JUVENIL:

A Voz do Silencio Foto 7Chuck Murdoch é um jovem muito inquedo, que mora na pequena cidade de Montana. Ademais é um rapaz muito popular por ser a estrela da equipa local de beisebol no seu posto de lançador. Um dia visita o silo nuclear do povo e fica horrorizado com o que olha. Descobre que uma só bomba podia destruir a Terra em menos tempo do que imaginar se possa. Por isto, decide tomar uma postura totalmente em contra das nucleares, ao ver o seu potencial de destruição. Ocorre-se-lhe iniciar uma campanha contra as armas fabricadas com energia nuclear, abandonando a sua carreira de desportista para luitar a favor da eliminação das armas nucleares. Pouco a pouco, ao seu ativismo reivindicativo, vão-se somando cada vez mais pessoas e também importantes desportistas. Poderá a voz de um jovem mover as autoridades mundiais em pós de uma causa tão nobre? O filme coloca o dilema de se renunciarias ao teu trabalho, que no caso do jovem, é o que melhor faz, por aquilo em que acreditas. O protagonista não só renuncia ao que melhor sabe fazer, senão que empurra sem querer figuras do desporto de todo o mundo, que seguem o seu exemplo. Ademais, vendo que o facto de deixar o desporto não tem muito sucesso, nega-se a falar até conseguir o seu objetivo de retirar todas as armas nucleares. A sua reivindicação vai sendo, graças aos meios de comunicação, mais conhecida entre a população, e mesmo o presidente americano chega a intervir falando com o rapaz. O jovem não entende que, perante o poder destrutivo das armas nucleares, não existe alguém no mundo, para fazer algo pela eliminação e erradicação imediata de todo o tipo de armas nucleares. Que podia fazer-se extensível a outro tipo de armas como as químicas ou as de destruição maciça.

Olhado este filme por crianças e jovens, pode ajudar muito a sensibilizá-los por um tema tão preocupante, colocando-os a favor do desarmamento e da eliminação de todo o tipo de armas, na defesa da paz e da violência, tão queridas por Gandhi e Tagore, entre outros muitos pacifistas. Poderosas, rápidas e devastadoras, são algumas características que se podem atribuir às armas nucleares. A sua criação, remete-nos ao século XX, quando o famoso e renomado cientista, Albert Einstein, apresenta ao mundo a sua mais nova e bombástica invenção, as bombas atómicas, atendendo assim a interesses geopolíticos e propiciando a morte de milhares de pessoas, fruto dos efeitos devastadores do capitalismo. Tal descoberta, gerou impactos significativos, já que o mundo estava vivendo uma segunda guerra mundial e em pleno desenvolvimento tecnológico e científico. Nesse contexto, as cidades japonesas de Hiroxima e Nagasaki, por exemplo, foram bombardeadas e destruídas pelas forças norte-americanas, que disputavam a hegemonia do planeta. Isso amostra os efeitos imensuráveis que o Urânio 235 ou o plutônio, constituintes da bomba atômica e altamente radioativos, podem provocar aos moradores de uma cidade ou até mesmo de toda a população mundial. Com isso, esses materiais podem provocar, sem dúvida, uma nova guerra mundial, agora pelas suas posses, visto que tais mecanismos de destruição em massa são uma garantia de poder, soberania e segurança para países detentores. Contudo, certas armas nucleares podem dizimar toda a população do globo, o que gera medo entre as nações e os seus governantes. O país mais nefasto e imperialista da Terra, os Estados Unidos da América, por exemplo, apresenta grandes quantidades de reatores nucleares, que propiciam a produção da bomba. Portanto, acordos e verdadeiro compromisso entre os países para minimizar a produção de bombas atômicas, seria um bom começo para evitar uma catastrófica terceira guerra mundial.

TEMAS PARA REFLETIR E REALIZAR:

Depois de ver este interessante filme americano, utilizando a técnica de dinâmica de grupos do “cinema-fórum”, debater sobre os aspetos fílmicos do mesmo, o roteiro e a linguagem cinematográfica utilizada pelo diretor, os planos, os “travellings”, os “flashbacks”, os movimentos de câmara de rotação e deslocamento, a montagem e a trilha sonora e outros recursos fílmicos que aparecem na fita. Também sobre a psicologia e as atitudes das diferentes personagens que aparecem no mesmo, especialmente a do moço protagonista e a dos desportistas que o apoiam, assim como a do presidente dos EUA interpretado pelo grande ator Gregory Peck.

Elaborar uma monografia, consultando a internet e publicações, sobre os factos mais graves e destacados relacionados com a bomba atómica e as nucleares, nomeadamente o caso do bombardeio das cidades nipónicas de Hiroxima e Nagasaki em agosto de 1945, o acidente nuclear de Chernobyl, que teve lugar em 26 de abril de 1986, do que continuam as sequelas, e o mais recente de 11 de março de 2011 na localidade japonesa de Fukushima. Com os materiais elaborados e recolhidos, podiam-se organizar nos estabelecimentos de ensino amostras e exposições ilustradas com fotos, frases reivindicativas, lemas, murais e textos e poemas dos estudantes, sob o título de “O Perigo Nuclear”.

Pode organizar-se nas escolas de todos os níveis educativos um Ciclo de Cinema sobre o perigo das nucleares e das armas atómicas. Ademais de A Voz do Silêncio e Quando o vento sopra, o ciclo poderia incluir outros interessantes filmes que sobre este tema há, e, entre outros, Hiroshima meu amor, Dr. Estranho Amor, Silkwood, O Dia seguinte, 007 – Operação Relâmpago, Chernobyl, Força em alerta, A Soma de todos os medos, O fim do mundo, A última ameaça, Herança nuclear, Síndrome da China e O jogo da guerra. Ademais de cinema-fórum, os estudantes poderiam realizar outras atividades lúdico-artísticas à volta dos filmes projetados.

Escolas Semente e Concelho da Corunha comemoram o centenário da Escola de Ensino Galego das Irmandades da Fala

Ateneo de Ponte Vedra organiza jornada polo 25 de abril

Lançamento do livro 50 anos de Abril na Galiza, na faculdade de Filologia da USC

“Nunca será suficiente lembrar o que significou Abril nas duas margens do mesmo rio”, Carlos Pazos-Justo e Roberto Samartim falam para o PGL a respeito do livro 50 anos de Abril na Galiza

Tseltal versus galego: a inculturação da Igreja em Chiapas

Chulas de bacalhau

Escolas Semente e Concelho da Corunha comemoram o centenário da Escola de Ensino Galego das Irmandades da Fala

Ateneo de Ponte Vedra organiza jornada polo 25 de abril

Lançamento do livro 50 anos de Abril na Galiza, na faculdade de Filologia da USC

“Nunca será suficiente lembrar o que significou Abril nas duas margens do mesmo rio”, Carlos Pazos-Justo e Roberto Samartim falam para o PGL a respeito do livro 50 anos de Abril na Galiza