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Lançamentos em Ribeira de ‘Eu violei o lobo feroz’ e ‘Politicamente incorreta’, de Teresa Moure

PGL – Sexta-feira, 25 de abril, às 21h00, a escritora Teresa Moure apresenta em Ribeira as suas duas obras mais recentes, publicadas com a Através | Editora: Eu violei o lobo feroz e Politicamente Incorreta. O ato, no qual colabora António Llijó, decorrerá no Ateneu Valle-Inclán (praça de Compostela, 11).

Eu violei o lobo feroz

Trata-se do primeiro livro de poemas de Teresa Moure. Nele, umha singular Capuchinho Vermelho reconstrói e constrói a sua historia e identidade através de confissões quando é retida por terrorismo ecológico. Reproduzimos o primeiro poema do volume, o qual serve de aproximação a esta obra:

Este livro, que ainda não é,
nasce duma ferida
comprida e profunda,
duma fenda escura e húmida
nos calabouços duma prisão do esta
repressor.
Este livro, que ainda não é,
nasce duma ferida palpitante,
da dor imensa de ver-me desamparada
logo de tantas ideias libertadoras
que pulam, aí onde estais, fora destes muros,
nas ruas, nos antros mal ventilados
que não se conformam com o ar assético da democracia
Mas, sobretudo, este livro
nasce duma ferida
carnosa e suave
que ciclicamente sangra
e que levo aberta
entre as pernas.

 

Politicamente Incorreta

Uma mulher é politicamente incorreta quando diz o que não se espera dela e, ainda mais, quando pronuncia uma verdade não admitida pela opinião pública, pelo felizmente acordado no consenso social. Se alguém −é apenas um exemplo− insinuar que os poderes eleitos nem sempre nos representam ou que é preciso dedicar-se a sabotar as instituições, ou confiscar as igrejas para torná-las centros sociais, adota uma atitude subversiva que não encaixa no relato admitido pelos meios de in-comunicação. Nessa atitude rebelde lateja o desacato: para o modelo conservador, com as suas hierarquias e os seus interesses inconfessáveis, mas também para os pensamentos supostamente avançados, que se conformam com pôr remendos a um mundo que deve ser reduzido a cinzas. A politicamente incorreta é pessoa incómoda, pode assumir-se. Se atuar assim, desta maneira selvagem e provocadora, é porque acha um prazer inusitado em meter o dedo no olho a quem enunciar verdades que devem ser aceites e repetidas até a saciedade numa realidade em perpétuo fluxo. Esse prazer, como todos, é dissidente. Ameaça. Procura exercer uma crítica radical contra o poder. Procura algo mais formoso do que o poder: a autenticidade.

 

A autora:

altDizem de Teresa Moure que no seu tempo livre escreve. Às vezes mesmo nas paredes e nem falta quem assegure tê-la visto a borronear no mobiliário urbano por não dispor de computador, embora ela tente sempre não ser vista nestes excessos artísticos porque não quer acabar com a sua reputação de pessoa cívica. Entre parede e parede, reparte mimos sem medida, que ela nunca foi contida nem mesurada, cultiva unha horta abafada de flores duma beleza mortífera e acompanha as formigas nos seus trabalhos de verão. Ainda que ninguém a visse nunca sem um livro nas mãos, mente a quem a quiser escutar contando-lhe detalhes atrapalhados sobre as suas experiências −que apenas ela assegura que são tantas−, e as suas viagens ao longo do planeta, −quase todas imaginárias−. O seu maior desejo seria pastorear uma manda de girafas, mas, como estes teimosos animais não se habituam à chuva galega, está a pensar em inventar algo com que varrer as nuvens negras do céu. Talvez seja certo que escreveu vários romances, obras de teatro e ensaios, sempre em galego, porque tem o vício de se comprometer com as causas difíceis. Professora na Universidade de Santiago de Compostela duma matéria com o procaz nome de linguística geral, procura absorver cada dia do alunado a energia necessária para que o peso cruel da existência não lhe empeça somar-se a qualquer guerrilha destinada a construir um mundo melhor.

 

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