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Galiza despediu Neira Vilas e Chao Rego

Na passada semana, a cultura galega aginha sofreu duas perdas, com poucas horas de diferença: Xosé Neira Vilas e Xosé Chao Rego.

Xosé Neira Vilas | Foto: Santos-Díez (arquivo AELG)
Xosé Neira Vilas | Foto: Santos-Díez (arquivo AELG)

Neira Vilas (nascido em Grês, Vila de Cruzes, no ano 1928). Filho de labregos e estudou à distância estudos de contabilidade, chegando a exercer um tempo. Em 1949 emigrou à Argentina, onde entrou em contato com o galeguismo. Já em 1961 emigrou novamente, já para a Cuba, junto da sua companheira, Anísia Miranda. Na ilha das Caraíbas morou mais de trinta anos, regressando à Galiza só em 1994.

Ainda que a sua obra literária é muito alargada e nela explorou quase todos os géneros, será para sempre lembrado polas Memórias de um neno labrego (1961), em que desmitificou o drama da vida camponesa galega do século XX, frente ao costumismo idealista habitual em certa literatura. Trata-se, ainda, do livro galego mais traduzido, com versões em várias dúzias de idiomas.

Segundo o ex-presidente da AGAL, Miguel Penas, Neira Vilas «narrou umha Galiza que conhecíamos dos relatos dos nossos pais e avós, ainda mais próxima para aqueles que temos as nossas raízes também no cerne geográfico do país. Relatou as vivências da nossa gente que foi expulsa da terra. Desse povo que muitas vezes é neste exílio onde termina por reconhecer-se. Exercendo de galego e com a dignidade da língua sempre por diante».

Num dos capítulos de Galego, português, galego-português? (Através Editora), o autor refletia sobre a identidade da língua galega e os vínculos com a Lusofonia. Em opiniom de Neira, galego e português som «a mesma língua», e acrescentava que, por vizinhança, «falo muito com portugueses mas também com brasileiros, e tenho falado com africanos de Angola, Moçambique, Cabo Verde».

Chao Rego

Xosé Chao Rego |Foto: Paco Rodríguez (LVG)
Xosé Chao Rego |Foto: Paco Rodríguez (LVG)

Com o passamento de Xosé Chao Rego perde a Galiza um galeguista que exerceu o seu labor fundamentalmente num dos âmbitos mais refratários à língua galega, a Igreja Católica, da qual chegou a ser crego.

Galeguismo, aliás, que lhe vinha de família —irmão do jornalista galego-francês Ramon Chao e sobrinho-neto do escrito José Maria Chão Ledo. Como como cristão de base —após se secularizar— e como teólogo, foi um dos promotores das revistas Irimia e Encrucillada, referentes do cristianismo galeguista.

Como ensaista escreveu essencialmente sobre teologia e antropologia, uma alargada obra que lhe valeu em 2002 a distinçom como membro de honra da AELG.

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