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Galegas no XI Encontro de Escritoras em Brasília

Adela Figueroa (*) – Como participante no XI Encontro Internacional de Escritoras senti a grande honra das minhas colegas, Helena Gallego (Marim, escritora e jornalista), Célia Vázquez, (Universidade de Vigo, escritora) e de Maite Caramés (linguista e magnífica repórter fotográfica). Mas também o meu orgulho pela minha língua universal, extensa e útil, em que nos entendemos com todas as nossas colegas, escritoras do mundo luso, mercê a nossa idioma comum .

Também por dominar a língua española estabelecemos contato frutífero com as nossas companheiras, que vindas de toda a América do Sul e Miami, intercambiaram a sua criatividade e a sua amizade neste XI EIDE.

A posição das galegas foi a mais vantajosa neste encontro. Não temos qualquer problema para nos relacionar em castellano, mas também podemos exprimir a nossa criatividade e perceber a das outras na nossa própria língua. Galiza tem, neste caso, uma posição privilegiada.

Porque a expressão da poesia encontra o seu melhor caminho quando ela for na língua do coração. Na língua em que sentimos. Pode-se traduzir, evidentemente, mas nunca vai dar igual.

Neste encontro conhecemos escritoras de Moçambique (Fátima, Langa ou Rikem, Márcia); brasileiras entre as que cito com especial afeto e identidade Vanda Salles, com as suas Cantigas para mulheres, Malu Otero, Hermilda Chavarria ou Valeria Gurgel.

Colombianas, Bolivianas, Mexicanas, etc. Todas deram rendida conta da sua empatia para com o mundo e os seus problemas. Identidades mestiças como resultado da permeação das diversas culturas que se encontraram em toda a América, nomeadamente na América do Sul.

Escutamos as poesias de Valsema Rodríguez, recitadas com emoção e representação viva e abrangente, os contos de todos os países, como o de Munay Pashñita de Guadalupe Mansilla, do Peru.

Comprovamos como a aparente conquista da América pela Europa não pode fugir da influência dos povos que lá foram dominados: negritude vinda da África, cultura índia dos indígenas, submetidos por espanhóis ou portugueses, acabaram por permear a cultura europeia que, na sua soberba, fala em descoberta ou em “culturalização” ignorando que lá, quando eles chegaram, havia habitantes com língua e cultura diferentes. Que os habitantes da África que lá foram levados, traziam consigo diversas línguas e culturas que também conseguiram impregnar a mais formal dos “conquistadores”.

 

Adela Figueroa recitando no XI Encontro de Escritoras em Brasília

Clicar na imagem para ampliar | Fotografia: Maite Caramés

 

O resultado é uma viçosa mestiçagem de grande sensibilidade e riqueza que está a forjar uma nova identidade. Percebe-se esta com muita força no Brasil. País com mais de 220 milhões de habitantes e com um crescimento econômico anual de mais dos 4% e com uma força vital notória lá onde quer que dirigirmos a nossa olhada.

Perante esta realidade, agora, de volta à velha Galiza, à Europa, não posso compreender como há quem iniba, voluntariamente, a sua capacidade de falar e escrever em galego corretamente, sendo que esta língua nos abre a porta à nossa cultura e à grande janela da Lusofonia.

Não se entende como o galego não é ensinado sob a norma universal da ortografia comum luso-galega, pois nós bem que comprovamos que com o galego caminhamos pelo Brasil todo, entendendo-nos e fazendo-nos entender e , ainda, lemos as nossas obras e demo-las a conhecer neste fabuloso encontro internacional de escritoras. A vantagem das galegas é muito superior a de qualquer outro país, pois as línguas española e portuguesa juntas sumam mais utentes que outra qualquer, para além de tocar em todos os continentes (é sabido que o nº de utentes de chinês é grande, mas esta língua só é falada num único país e com inúmeras variantes do chinês mandarim).

Não se entende como as editoriais galegas não exploram este campo da Lusofonia onde teriam muitas mais oportunidades, para além dos subsídios da “Xunta de Galícia”. Eu penso que não há nada como a independência e esta tem uma base importante na independência econômica. Para mim foi sempre assim e desta maneira agi durante toda a minha vida (com independência).

Quero dar o meu muito obrigada a Nazareth Tunholi, organizadora do Encontro, e a Celia Vázquez, da Universidade de Vigo, que me animou a lá ir. Também a gratidão a Maite Caramés que fez uma excelente reportagem fotográfica quer deste evento quer do nosso maravilhoso passeio pelo Brasil. E, ainda, ao Brasil por ser um país forte, viçoso e com futuro.

 

Maria Teresa Caramés e Adela Figueroa no Museu da Lingua Portuguesa,
em São Paulo, com a cantiga medieval Ondas do Mar de Vigo

Clicar na imagem para ampliar | Fotografia: Maite Caramés

 

(*) A luguesa Adela Figueroa participou no XI EIDE com a Palestra: A escritora galega na encruzilhada. A oficina (obradoiro) A Galiza na Encruzilhada, apresentação de livros: O Mistério da Escada Interior, recital de Poesias dedicado a Cecília Meireles.

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