Antes de que no século XVIII a atual estrada da Corunha a Tui deslocasse a capital da paróquia para o Mesom do Vento, era o Caminho Inglês a principal artéria da freguesia de Sam Pedro de Ardemil, cujo nome vem de umha vila altomedieval propriedade de um senhor da terra de nome germánico Ardemirus, seguramente composto polos elementos gôticos hard ‘duro, severo’ e mêreis ‘famoso, célebre’. O nome do fundador de Ardemil, já que logo, significava em germánico algo assim como o ‘Mais Duro’. Esta *(villa) Ardemiri seguramente fosse durante um tempo Ardemir, antes de chegar à forma definitiva de Ardemil, topónimo que, como outros rematados em –mil, deu pé a interpretaçons populares que viam aí algum “milheiro” de qualquer cousa. Segundo a tradiçom popular, em tempos de guerras com os mouros um milheiro de sarracenos seria acurralado nestas terras e, antes da desonra de se renderem e converter-se em prisioneiros, preferiram que os cristaos lhe prenderam lume no seu agocho. A lenda deveu-se ver favorecida pola proximidade com a localizaçom do famoso romance galego-português do Figueiral –publicado pola primeira vez em 1609 por Bernardo Brito, monge de Alcobaça, no seu livro Monarchia Lusitana, depois de que o conde de Marialva lho ouvisse a uns labregos da Beira – E o tributo das cem donzelas de Mauregato, com ressonáncias em Morgade.
Se Ardemil foi nos tempos fundacionais a vila rural dum tipo duro, os seus sucessores nom desmerecêrom tal epíteto, ainda que pedimos desculpas por antecipado por nom poder ou nom saber encontrar também informaçom sobre as mulheres bravas desta paróquia, ficando um artigo defetuosamente monomasculino. Seguro que haverá ocasiom de remediá-lo.
Dentro da área de influência da Unión Campesina, organizaçom impulsionada polos anarquistas corunheses entre 1907 e 1912 para abolir os foros e para a auto-organizaçom labrega (até tinham programada a construçom de um sanatório comunitário), com os ventos favoráveis da II República os de Ardemil constituem em 1933 umha sociedade agrária e de ofício vários da CNT, de filiaçom mista, tanto com labregos como proletários do ferro[1]; e Manuel García Gerpe, no seu artigo publicado no exílio “Como se forja un pueblo”, dava conta cumha ativa sociedade de agricultores no Canedo, na linha ideológica da Izquierda Republicana[2]. No registo de sindicatos de 1936 constam os seguintes três em Ardemil, sem orientaçom ideológica definida, duas das quais ham de corresponder-se com as antes citadas[3]:
O Sindicato de Profesiones Varias y Campesinos de Brea-Ardemil, domiciliado na Vrea, tinha de presidente a Francisco Candela[4] Barbeito, de vice-presidente a Constante Barbeito Moscoso, de secretário a Maximino Candal Ríos, vice-secretário Celestino Fariña Rumbo, contador José Precedo Louro, e de vogais a Jesús Souto Cancelo, José Gómez Sánchez e Ramón Martínez Martínez. O tesoureiro do sindicato era Mariano Castro Pardo.
A Sociedad Agrícola “La Harmonía Campesina” de Ardemil, com Francisco Gómez Gandeoso de presidente, José Vieites López de vice-presidente, Manuel Gómez Pardo de tesoureiro, José Gómez Candal de contador, José Castro Rodríguez de secretário, e como vogais José Gómez Vascoy, Manuel Vascoy Gómez, Jacobo Brandariz Cancelada e José Graña Suárez.
A Sociedad La Defensa del Agro de Ardemil, domiciliada no Mesom do Vento, com Francisco Gómez Gandeoso também de presidente, quem devia ser um bom organizador, Andrés Blanco Calvo de secretário, Andrés Gómez López de tesoureiro, e os vogais Ramón Figueira Pazo e Jacobo Brandariz Cancelada, quem também estava em “La Harmonía Campesina”.
Por culpa do fascismo este enorme pulo auto-organizativo popular foi defenestrado, e os três sindicatos labregos e obreiros de Ardemil foram clausurados e o seu património incautado polos ladrons de camisa azul, sem que na chamada Transiçom lhe foram restituídos estes bens aos legítimos donos.
Ainda que em Ardemil nom se registam mortos durante o Golpe de Estado de 1936, em Ordes si que foi detido um vizinho natural desta paróquia, José de la Iglesia Vilariño, casado na vila e filho de Francisco de la Iglesia e María Vilariño. Na farsa de julgamento ao que foi submetido reconheceu que em Santiago lhe deram umha escopeta com a que foi à Corunha a defender a legitimidade democrática, sem chegar a entrar em combate contra a Guarda Civil ou o Exército. O delegado da Ordem Pública acussou-no de ser de maus antecedentes e destacar-se nas Milícias Populares de Ordes na construçom de trincheiras e colocaçom de dinamita na ponte que há na entrada da vila para que nom puderam entrar os golpistas. Isso foi suficiente para que o fusilaram em Boisaca com os seus companheiros da Fronte Popular de Ordes no 8 de fevereiro de 1937. Na placa de homenagem aos “Mártires de Ordes” colocada em Buenos Aires na Sociedad Unión del Partido Judicial de Órdenes em 1941, aparece como José Iglesias Vilariño, campesinho vizinho de Ordes.
Despois do tremento shock que tivo o Golpe de Estado franquista e o conseguinte genocídio, os de Ardemil foram-se reorganizando pouco a pouco na resistência. A figura mais importante entom foi Juan Couto Sanjurjo, nado em Mámoas em 1917 e alcumado de ‘Simeom’ na clandestinidade. Combateu no Exército Guerrilheiro da Galiza, dentro da IV Agrupaçom, no Destacamento Manuel del Río Botanada dirigido pessoalmente por Manuel Ponte Pedreira, e foi o último em cair preso na comarca, resistindo até 1952. Dezasseis anos precisou o todopoderoso exército franquista para derrotar a resistência. Condenado à morte, a Juan Couto comutaram-lhe finalmente a condena por 30 anos de cárcere, sendo libertado no ano de 1963 após passar polas prisons do El Dueso, Alcalá de Henares, Carabanchel, Guadalajara, etc… Os seus irmáns Bernardo Couto Candal, Manuel Couto Sanjurjo e Maria Couto Candal também foram processados por “auxilio a la rebelión”. Depois de sair do cárcere trabalhou de bedel da Universidade Laboral da Corunha, e escreveu, nom sem amargura, o prólogo ao pioneiro livro de Astray Rivas, Síndrome del 36, onde reconhecia que: “Há anos que vivo com a preocupaçom de que aquele tempo ia passando e ninguém fazia nada por recordá-lo. Mas o pior é que os nossos mortos, vítimas de aquela luita, estám enterrados, sem pena nem glória, eque à exceçom dos que convivemos com eles, todos os demais os tenhem totalmente esquecidos”[5]. Nom todos, pois em Ardemil algum velho, mesmo votante do PP, lembrava há uns anos, com orgulho, que quando a Guarda Civil foi pola paróquia à procura de alguém que delatasse a Couto, ninguém vendeu ao seu vizinho.
Também foi enlace da IV Agrupación do Ejército Guerrillero de Galicia José Candal Bouzas. Este vizinho de Mámoas militara nas Juventudes Socialistas durante a II República, permanecendo em casa nos primeiros momentos do golpe fascista, intentando passar inadvertido par asalvar a vida, mesmo botando umha temporada agachado. Como enlace da guerrilha foi detido no 7 de agosto de 1947, depois da queda de Manuel Ponte Pedreira. Levárom-no ao quartel da Guarda Civil em Ordes, onde o torturaram a ele e a Ríos da Pontraga, quem nom pudo resistir os tormentos. O cabo Méndez e o guarda Blanco machacaram-lhe os pés a paus e penduraram-no dumha corda, aguantando sem delatar a ninguém[6].
A açom mais espetacular que levaram a cabo os de Ardemil contra a Ditadura foi umha sabotagem no Canedo em que cortaram vários paus da luz e da linha de telégrafos, entom um serviço usdo praticamente só polas autoridades. Efetuada na noite do dia 13 para o 14 de abril de 1946, tinha umha grande intençom simbólica, para lembrar no que seria o décimo quinto aniverário da República que a Ditadura ainda nom conseguira acabar com a resistência armada, máxima expressom da legitimidade democrática que se negava a claudicar. Nesta sabotagem participaram muitos vizinhos de Ardemil, gente da máxima confiança de Couto, resultando condenados a quatro anos de cadeia, na Causa 128/52, José Candal Gómez, Celestino García N., José Louro Garaboa, José Gómez Gómez, Jesús Louro Raposo e Lorenzo Louro Raposo[7].
Destes dous últimos irmaos à que fazer um à parte, pois foram uns homens mais que excecionais, algo mais que “homens duros”, tal e como recolhe o magnífico livrinho-disco de Manuel Viqueira Noya, o filho do ‘Gaiteiro de Vila Verde’[8]. E é que Lorenzo Louro Raposo (1915-1987), mais conhecido como ‘Lourenço da Fraga’, foi um furacám. Nada na Fraga de Ardemil, foi o sexto de dez irmaos, quatro homens e seis mulheres. Por volta do ano 1935, recém feitos os 20 anos Lourenço da Fraga compra um clarinete, porque o seu irmao Manuel, o mais velho, já tocava algo a gaita, e aginha armárom um grupinho para irem a tocar juntos, até que tiveram que marchar a fazer o serviço militar. Entre isso e a Guerra Civil nom puderam continuar com a música, e também porque se converteram em presos políticos pola sua implicaçom na resistência, sendo encadeados –segundo conta Manuel Viqueira- nom só Lourenço e Jesus, senom os quatro irmaos, incluidos Manuel e outro mais que devia de ser Ricardo.
Juntos formavam o quarteto conhecido como Os da Fraga, que nasceu de forma espontánea, depois de que por volta de 1940, na festa da Santa Luzia de Mercurim, tras o jantar começaram a tocar os quatro conseguindo imediatamente a contrataçom para a sua primeira atuaçom. Lourenço tocava o clarinete, Ricardo o tambor, Jesus o bombo e Manuel a gaita, até que por umha doença grave nom pudo continuar, momento em que o substituiu o senhor José López Bao, da Carreira de Ardemil. Também ia às vezes com ele Flor da Maquia. Na época dourada do quarteto tinham umha fama tam grande como a das grandes orquestras de hoje em dia, sendo Jesús, o irmao mais novo, um ídolo de massas que se guindava do palco embaixo para cantar rodeado das moças o tango “Compañera mía” ou o “Pasodoble te quiero”. Os homens duros de Ardemil, os afoutos guerrilheiros da resistência antifranquista, também eram uns románticos empedernidos. E é que aqui, aqui há um povo digno!
Apêndice: Os de Ardemil
BARBEITO MOSCOSO, CONSTANTE
Vicepresidente do Sindicato de Profesiones Varias y Campesinos de Brea-Ardemil durante a II República. Esta sociedade foi clausurada e o seu património incautado polos franquistas que deram o golpe de Estado em 1936.
Fontes:
“Relación de sociedades de carácter obrero constituidas en esta provindica con arreglo a la ley de 8 de abril de 1932”.
BLANCO CALVO, ANDRÉS
Secretário da Sociedad La Defensa del Agro de Ardemil. Esta sociedade foi clausurada e o seu patrimonio incautado polos franquistas que deram o golpe de Estado em 1936.
Fontes:
“Relación de sociedades de carácter obrero constituidas en esta provindica con arreglo a la ley de 8 de abril de 1932”.
BRANDARIZ CANCELADA, JACOBO
Vogal da Sociedad Agrícola “La Armonía Campesina” de Ardemil e da Sociedad La Defensa del Agro de Ardemil. Esta sociedade foi clausurada e o seu património incautado polos franquistas que deram o golpe de Estado em 1936.
Fontes:
“Relación de sociedades de carácter obrero constituidas en esta provindica con arreglo a la ley de 8 de abril de 1932”.
CANDAL BOUZAS, JOSÉ
Foi enlace da IV Agrupación do Ejército Guerrilero de Galicia despois da queda de Manuel Ponte Pedreira. Durante a II República “perteneció a las Juventudes Socialistas, pero en el año 1936 se quedó quieto en su casa y no anduvo en actividades en esos difíciles días del comienzo del movimento. Por eso no se enteraron y estuvo tranquilo en la aldea de Mámoas, aunque por precaución anduvo una temporada medio escondido”. Como enlace da guerrilha foi detido no 7 de gosto de 1947 e junto com Rios da Pontraga, “Candal também fue torturado. Le machacaron los pies. Lo colgaron. Con todo no llegaron a la cuarta parte de las que padeció Ríos. Y pudo aguantar sin delatar a nadie”. Os torturadores foram o cabo Méndez e o guarda Blanco.
Fontes:
Astray Rivas (1992:199-202)
CANDAL GÓMEZ, JOSÉ
Participou com outros vizinhos de Ardemil comandados por Juan Couto da espetacular sabotagem do Ejército Guerrillero de Galicia no Canedo, na noite do 13 de abril de 1946, para lembrar ao franquismo no aniversário da República que a resistência continuava. Cortaram paus da luz e do telégrafo, sem fazer dano a ninguém. Foi condenado a 4 anos de cadeia.
Fontes:
Martínez (2007)
Causa 128/52, Corunha
CANDAL RÍOS, MAXIMINO
Secretário do Sindicato de Profesiones Varias y Campesinos de Brea-Ardemil. Esta sociedade foi clausurada e o seu património incautado polos franquistas que deram o golpe de Estado em 1936.
Fontes:
“Relación de sociedades de carácter obrero constituidas en esta provindica con arreglo a la ley de 8 de abril de 1932”.
CANDELA BARBEITO, FRANCISCO
Presidente do Sindicato de Profesiones Varias y Campesinos de Brea-Ardemil. Esta sociedade foi clausurada e o seu património incautado polos franquistas que deram o golpe de Estado em 1936. Pode que o nome apareça mal transcrito no documento e na realidade se apelide “Candal”.
Fontes:
“Relación de sociedades de carácter obrero constituidas en esta provindica con arreglo a la ley de 8 de abril de 1932”.
CASTRO PARDO, MARIANO
Tesoureiro do Sindicato de Profesiones Varias y Campesinos de Brea-Ardemil. Esta sociedade foi clausurada e o seu património incautado polos franquistas que deram o golpe de Estado em 1936..
Fontes:
“Relación de sociedades de carácter obrero constituidas en esta provindica con arreglo a la ley de 8 de abril de 1932”.
CASTRO RODRÍGUEZ, JOSÉ
Secretário da Sociedad Agrícola “La Armonía Campesina” de Ardemil. Esta sociedade foi clausurada e o seu património incautado polos franquistas que deram o golpe de Estado em 1936.
Fontes:
“Relación de sociedades de carácter obrero constituidas en esta provindica con arreglo a la ley de 8 de abril de 1932”.
COUTO CANDAL, BERNARDO
Processado por “auxilio a la rebelión”, deve ser irmao de Juan Couto Sanjurjo, guerrilheiro de Mámoas.
Fontes:
Causas 366/46 e 412/47. Corunha.
COUTO CANDAL, MARÍA
Processada por “auxilio a la rebelión”, deve ser irmá de Juan Couto Sanjurjo, guerrilheiro de Mámoas.
Fontes:
Causas 366/46 e 412/47. Corunha.
COUTO SANJURJO, MANUEL
Julgado na Corunha por “auxilio a la rebelión”, deve ser irmao de Juan Couto Sanjurjo, guerrilheiro de Mámoas.
Fontes:
Causa 400/47. Corunha
COUTO SANJURJO, JUAN ‘SIMEOM’ (1917-2000)
Vizinho de Mámoas e militante do Destacamento Manuel del Río Botana da IV Agrupación do Ejército Guerrillero de Galicia, foi capturado em 1952. Condenado a morte por um conselho de guerra realizado na Corunha no 6 de julho de 1953. A pena é-lhe comutada por 30 anos de prisom, sendo libertado em 1963 após passar pola cadeia do El Dueso (5 anos), Alcalá de Henares (3 anos), Carabanchel, Guadalajara, etc. Na causa 128/52 da Corunha consta como julgado por “formar partidas armadas”. No prólogo que lhe fijo ao livro de Manuel Astray Rivas, Síndrome del 36, pioneiro na recuperaçom da memória histórica de Ordes, escreveu Juan Couto: “Hace años que vivo con la preocupación de que aquel tiempo iba pasando y nadie hacía nada para recordarlo. Pero lo peor es que nuestros muertos, víctimas de aquella lucha, están enterrados, sin pena ni gloria, y que a excepción de los que convivimos con ellos, todos los demás los tienen totalmente olvidados”.
Fontes:
Causa 128/52. Corunha.
Pazos (2001)
Martínez (2007)
Astray Rivas (1992:7-9)
FARIÑA RUMBO, CELESTINO
Vicesecretário do Sindicato de Profesiones Varias y Campesinos de Brea-Ardemil. Esta sociedade foi clausurada e o seu património incautado polos franquistas que deram o golpe de Estado en 1936.
Fontes:
“Relación de sociedades de carácter obrero constituidas en esta provindica con arreglo a la ley de 8 de abril de 1932”.
GARCÍA N., CELESTINO
Participou com outros vizinhos de Ardemil comandados por Juan Couto da espetacular sabotagem do Ejército Guerrilero de Galicia no Canedo, na noite do 13 de abril de 1946, para lembrar ao franquismo no aniversário da República que a resistência continuava. Cortaram paus da luz e do telégrafo, sem fazer dano a ninguém. Foi condenado a 4 anos de cadeia.
Fontes:
Martínez (2007)
Causa 128/52, Corunha.
GÓMEZ CANDAL, JOSÉ
Contador da Sociedad Agrícola “La Armonía Campesina” de Ardemil. Esta sociedade foi clausurada e o seu património incautado polos franquistas que deram o golpe de Estado en 1936.
Fontes:
“Relación de sociedades de carácter obrero constituidas en esta provindica con arreglo a la ley de 8 de abril de 1932”.
GÓMEZ GANDEOSO, FRANCISCO
Presidente da Sociedad Agrícola “La Armonía Campesina” de Ardemil. Esta sociedade foi clausurada e o seu património incautado polos franquistas que deram o golpe de Estado en 1936.
Fontes:
“Relación de sociedades de carácter obrero constituidas en esta provindica con arreglo a la ley de 8 de abril de 1932”.
GÓMEZ GÓMEZ, JOSÉ
Participou com outros vizinhos de Ardemil comandados por Juan Couto da espetacular sabotagem do Ejército Guerrillero de Galicia no Canedo, na noite do 13 de abril de 1946, para lembrar ao franquismo no aniversário da República que a resistência continuava. Cortaram paus da luz e do telégrafo, sem fazer dano a ninguém. Foi condenado a 4 anos de cadeia.
Fontes:
Martínez (200)
Causa 128/52, Corunha
GÓMEZ LÓPEZ, ANDRÉS
Tesoureiro da Sociedad Agrícola “La Armonía Campesina” de Ardemil. Esta sociedade foi clausurada e o seu património incautado polos franquistas que deram o golpe de Estado en 1936.
Fontes:
“Relación de sociedades de carácter obrero constituidas en esta provindica con arreglo a la ley de 8 de abril de 1932”.
GÓMEZ PARDO, MANUEL
Tesoureiro da Sociedad Agrícola “La Armonía Campesina” de Ardemil. Esta sociedade foi clausurada e o seu património incautado polos franquistas que deram o golpe de Estado en 1936.
Fontes:
“Relación de sociedades de carácter obrero constituidas en esta provindica con arreglo a la ley de 8 de abril de 1932”.
GÓMEZ SÁNCHEZ, JOSÉ
Vogal do Sindicato de Profesiones Varias y Campesinos de Brea-Ardemil. Esta sociedade foi clausurada e o seu património incautado polos franquistas que deram o golpe de Estado en 1936.
Fontes:
“Relación de sociedades de carácter obrero constituidas en esta provindica con arreglo a la ley de 8 de abril de 1932”.
GÓMEZ VASCOY, JOSÉ
Vogal da Sociedad Agrícola “La Armonía Campesina” de Ardemil. Esta sociedade foi clausurada e o seu património incautado polos franquistas que deram o golpe de Estado en 1936.
Fontes:
“Relación de sociedades de carácter obrero constituidas en esta provindica con arreglo a la ley de 8 de abril de 1932”.
GRAÑA SUÁREZ, JOSÉ
Vogal da Sociedad Agrícola “La Armonía Campesina” de Ardemil. Esta sociedade foi clausurada e o seu património incautado polos franquistas que deram o golpe de Estado en 1936.
Fontes:
“Relación de sociedades de carácter obrero constituidas en esta provindica con arreglo a la ley de 8 de abril de 1932”.
IGLESIA VILARIÑO, JOSÉ DE LA
Labrego natural de Ardemil que vivia em Ordes, era filho de Francisco de la Iglesia e María Vilariño e estava casado. Foi detido e encarcerado polos golpistas em 1936 junto com outros republicanos de Ordes. Foi julgado em Compostela por “traiçom” e condenado a pena de morte, sendo un dos onze fusilados em Boisaca no 8 de fevereiro de 1937. Segundo relata Manuel Pazos:
“Na súa declaración durante o xuízo recoñece que uns individuos de Santiago lle deron unha escopeta coa que foi á Coruña, sen que tomase parte en ningún combate coa Garda Civil ou co Exército.
Con todo, o delegado da Orde Pública afirma que José de la Iglesia é de malos antecedentes, que participou no movemento revolucionario e que foi un dos que máis destacou na construción de trincheiras e na colocación de dinamita sobre a ponte que hai na entrada da vila de Ordes… E que foi a Santiago e á Coruña coas forzas “marxistas”. O tenente defensor recoñeceu que portou armas que lle entregou o alcalde”.
Na placa de homenagem aos “Mártires de Ordes” colocada em Buenos Aires na Sociedad Unión del Partido Judicial de Órdenes em 1941, aparece como José Iglesias Vilariño, campesinho vizinho de Ordes.
Fontes:
Pazos (2014: 53-54)
LOURO GARABOA, JOSÉ
Participou com outros vizinhos de Ardemil comandados por Juan Couto da espetacular sabotagem do Ejército Guerrillero de Galicia no Canedo, na noite do 13 de abril de 1946, para lembrar ao franquismo no aniversário da República que a resistência continuava. Cortaram paus da luz e do telégrafo, sem fazer dano a ninguém. Foi condenado a 4 anos de cadeia.
Fontes:
Martínez (2007)
Causa 128/52, Corunha
LOURO RAPOSO, JESÚS
Vizinho da Fraga de Ardemil, participou com outros vizinhos de Ardemil comandados por Juan Couto da espetacular sabotagem do Ejército Guerrillero de Galicia no Canedo, na noite do 13 de abril de 1946, para lembrar ao franquismo no aniversário da República que a resistência continuava. Cortaram paus da luz e do telégrafo, sem fazer dano a ninguém. Foi condenado a 4 anos de cadeia. Para além disso foi um músico mui popular, formando com os seus irmaos o quarteto Os da Fraga nas festas da Santa Luzia de Mercurim. A popularidade do conjunto na década de 1940 era enorme. Jesus tocava o bombo e, segundo conta Manuel Viqueira: “Onde ían arrasaban, sobre todo cando Jesús, o máis novo dos catro, baixaba do palco e se puña a cantar coas mozas arredor del”. Os seus temas favoritos eram o “Pasodoble te quiero”, “El soldado”, “El solddo y los cañones”, “María de la O”, “Ana María la fea”, “El camillero”, e o tango “Compañera mía”. Tocou o bombo muitos anos.
Fontes:
Martínez (2007)
Causa 128/52, Corunha
Viqueira (2017: 30-31, com fotografia na p. 31 e 34)
LOURO RAPOSO, LORENZO ‘LOURENÇO DA FRAGA’ (1915-1987)
Nado na Fraga de Ardemil, participou com outros vizinhos de Ardemil comandados por Juan Couto da espetacular sabotagem do Ejército Guerrillero de Galicia no Canedo, na noite do 13 de abril de 1946, para lembrar ao franquismo no aniversário da República que a resistência continuava. Cortaram a luz e o telégrafo, sem fazer dano a ninguém. Foi condenado a 4 anos de cadeia. Ainda, foi um músico de longo alento. Começou em 1935 comprando um clarinete para tocar com o seu irmao Manuel, que já sabia tocar a gaita, mas tiveram que deixá-lo porque os chamaram ao serviço militar e por razons óbvias quando eram presos políticos. Com os seus quatro irmaos homens (eram também duas irmás) atingiu umha grande fame com o quarteto Os da Fraga, tocando ele o clarinete. Também tovou anos depois com o senhor José López Bao, da Carreira de Ardemil, ou com Flor Maquia. Com Manuel Viqueira, Ramón o Pelado e Cesáreo da Rua retomárom o quarteto Os de Buscás. Além do melhor clarinetista da comarca também tocava a gaita, chegando a formar parte do Ballet Galego Rei de Viana. O Grupo Os Viqueiras inclui atualmente no seu repertório o “Valse de Lourenço”.
Fontes:
Martínez (2007)
Causa 128/52, Corunha
Viqueira (2017: 30-31, com fotografia na p. 30 e 38).
LOURO RAPOSO, MANUEL
Da Fraga de Ardemil, segundo conta Viqueira também seria encadeado junto com os seus irmaos pola sabotagem do Ejército Guerrillero de Galicia realizado em 1946 no Canedo. Dentro do quarteto era o irmao mais velho do quarteto Os da Fraga, e de feito o que começou a tradiçom musical, tocando a gaita. Tivo que deixar a música por culpa de umha grave doença.
Fontes:
Viqueira (2017: 30-31)
LOURO RAPOSO, RICARDO
Da Fraga de Ardemil, segundo escreve Viqueira era o tambor do quarteto Os da Fraga e também teria sido preso político, junto com os seus irmaos, acussados pola sabotagem do Ejército Guerrillero de Galicia realizado em 1946 no Canedo contra a Ditadura franquista.
Fontes:
Viqueira (2017: 30-31).
MARTÍNEZ MARTÍNEZ, RAMÓN
Vogal do Sindicato de Profesiones Varias y Campesinos de Brea-Ardemil. Esta sociedade foi clausurada e o seu património incautado polos franquistas que deram o golpe de Estado em 1936.
Fontes:
“Relación de sociedades de carácter obrero constituidas en estas provincia con arreglo a la ley de 8 de abril de 1932”.
PRECEDO LOURO, JOSÉ
Contador do Sindicato de Profesiones Varias y Campeinos de Brea-Ardemil. Esta sociedade foi clausurada e o seu património incautado polos franquistas que deram o golpe de Estado em 1936.
Fontes:
“Relación de sociedades de carácter obrero constituidas en estas provincia con arreglo a la ley de 8 de abril de 1932”.
SOUTO CANCELO, JESÚS
Vogal do Sindicato de Profesiones Varias y Campeinos de Brea-Ardemil. Esta sociedade foi clausurada e o seu património incautado polos franquistas que deram o golpe de Estado em 1936.
Fontes:
“Relación de sociedades de carácter obrero constituidas en estas provincia con arreglo a la ley de 8 de abril de 1932”.
VASCOY GÓMEZ, MANUEL
Vogal da Sociedad Agrícola “La Armonía Campesina” de Ardemil. Esta sociedade foi clausurada e o seu património incautado polos franquistas que deram o golpe de Estado em 1936.
Fontes:
“Relación de sociedades de carácter obrero constituidas en estas provincia con arreglo a la ley de 8 de abril de 1932”.
VIEITES LÓPEZ, JOSÉ
Vicepresidente da Sociedad Agrícola “La Armonía Campesina” de Ardemil. Esta sociedade foi clausurada e o seu património incautado polos franquistas que deram o golpe de Estado em 1936.
Fontes:
“Relación de sociedades de carácter obrero constituidas en estas provincia con arreglo a la ley de 8 de abril de 1932”.
Bibliografia
Astray Rivas, Manuel. 1992. Síndrome del 36. La IV Agrupación del Ejército Guerrillero de Galicia. Sada: Ediciós do Castro.
García Gerpe, Manuel. 1943. “Como se forja un pueblo”. Revista-Memoria da Sociedad Unión del Partido Judicial de Órdenes. Buenos Aires, 36-38. (Reproduçom facsimilar em: Pazos Gomez, 2001).
Martínez, Lupe. 2007. Coa man armada. Ejército Guerrillero de Galicia (IV Agrupación). Vigo: A Nosa Terra.
Pazos Gómez, Manuel. 2001. Achegamento à Segunda República en Ordes. Documentos. Ordes: A.C.Obradoiro da História.
Pazos Gómez, Manuel. 2011. A Guerra Silenciada. Mortes violentas na comarca de Ordes 1936-1952. Ordes: A.C. Obradoiro da História.
“Relación de sociedades de carácter obrero constituidas en esta provincia con arreglo a la ley de 8 de abril de 1932”.
Proxecto Interuniversitario “Nomes e Voces”.
Viqueira Noya, Manuel, 2017. Vilaverde. Livro e CD. Ordes: Asociación Grupo de Gaitas Os Viqueiras de Ordes.
NOTAS:
[1] Dionísio Pereira, A CNT na Galicia 1922-1926, Santiago de Compostela, Laiovento, 1994. Sobre os anarquistas de Ardemil: p. 150 e p. 225.
[2] Manuel García Gerpe, “Como se forja un pueblo”, Revista-Memoria Sociedad Unión del Partido Judicial de Órdenes, Buenos Aires, 1943, pp. 36-48. Referências à sociedade agrária do Canedo nas páginas 22 e 27, esta última na reproduçom do manifesto “A los trabajadores y electores en general del Ayuntamiento de Órdenes”, repartido num mitim no Teatro Troche em que falaram Beade Méndez e Suárez Picallo no 2 de fevereiro de 1936.
[3] “Relación de sociedades de carácter obrero constituidas en esta provincia con arreglo a la ley de 8 de abril de 1932”. Documento facilitado polo companheiro Eliseo Fernández.
[4] Poderia ser umha gralha do documento, confundindo “Candal” com “Candela”.
[5] Juan Couto Sanjurjo, “Prólogo” a: Manuel Astray Rivas, Síndrome del 36. La IV Agrupación del Ejército Guerrillero de Galicia, Sada, Ediciós do Castro, 1992, pp. 7-9.
[6] Manuel Astray Rivas, op. cit., pp. 199-202.
[7] Lupe Martínez, Coa man armada. Ejército Guerrillero de Galicia (IV Agrupación), Vigo, A Nosa Terra, 2007.
[8] Manuel Viqueira Noya, Vilaverde, livro de CD, Ordes, Asociación Grupo de Gaitas Os Viqueiras de Ordes, 2017.
Publicado em Aldeias De Ordes