Partilhar

Agustín Fernández Paz: uma leitura duas vezes obrigatória

Agustín Fernández Paz | Foto: Distrito Xermar (2013); Arquivo AELG
Agustín Fernández Paz | Foto: Distrito Xermar (2013); Arquivo AELG

Agustín Fernández Paz faleceu às 7 horas da terça-feira 12 de julho de 2016. O óbito produziu-se na sua derradeira morada, em Vigo. Sessenta e nove anos antes nascera em Vilalva, capital da comarca da Terra Chã, o eixo local a partir do qual irradiou uma vasta produção literária —mais de meio cento de títulos— que foi traduzida às mais diversas línguas, dos ameaçados idiomas basco e bretão ao mais forte catalão, o para nós alheio búlgaro, o exótico coreano ou línguas faladas por centos de milhões de pessoas, como chinês, inglês ou árabe, entre outros.

Como tantos outros chairegos e chairegas, a vida levou Fernández Paz longe da sua terra natal, concretamente uns 145 km em linha reta (perto de 250 polas estradas convencionais). Perito industrial mecânico de formação, mais tarde completou a licenciatura em Ciências da Educação e dedicou-se a ministrar aulas de galego: foi assim que chegou a um instituto de Vigo e se instalou de maneira definitiva na cidade da oliveira.

Conhecim pessoalmente Fernández Paz aos 17 anos. No ano 2000, o Manuel Maria foi o primeiro autor homenageado no Dia das Letras Chairegas. No meu instituto, o IES da Terra Chã, foi organizado um grande ato para comemorar as nossas letras e fazer sentir o autor como na sua casa. No ano 2001, o segundo autor homenageado no recém-criado evento de exaltação literária foi, justamente, Agustín Fernández Paz. Nessa ocasião, a celebração decorreu na casa do próprio autor, em Vilalva, responsabilizando-se pola organização professorado e alunado do IES Basanta Silva. Casualidades da vida, Fernández Paz deixa-nos no mesmo ano em que esse outro grande escritor que era Manuel Maria está a ser lembrado no Dia das Letras Galegas.

Mas antes disso eu já conhecia, em certa maneira, Fernández Paz. Conhecia-o através das suas obras. Galego-falante do berço e leitor voraz, sempre me entreguei ao máximo nas matérias de Língua e Literatura galegas e lim com o mesmo entusiasmo tanto os livros de leitura obrigatória quanto os que que não o eram. No meu liceu, o IES da Terra Chã, para as referidas matérias sempre havia livros de leitura obrigatória. A professora Ximena Piñeiro ia atualizando cada ano uma seleção de títulos mais ou menos atuais, um variado leque da literatura (oficialista) que se estava a fazer no País. Depois, as alunas e alunos escolhiam dentre essa amostra quais seriam as suas leituras obrigatórias, sobre as quais fariam algum trabalho que contaria para a qualificação final.

Se a minha memória não falha mais da conta, os títulos que mais estavam na boca dos alunos e alunas de 14 a 16 anos eram Morning Star (Xosé Miranda), Asústate Merche (Fina Casalderrey)… e Cartas de Inverno (Agustín Fernández Paz). Do mesmo autor também eram livros mui prezados As flores radioactivas, O centro do labirinto ou Amor dos quince anos, Marilyn.

Os livros de Fernández Paz eram leituras que muitas e muitos de nós assumíamos como obrigatórias, sim, mas a sua qualidade fazia com que fossem apetecíveis. Era um trabalho que nos encomendava a professora, mas que assumíamos —especialmente no meu caso— com muito gosto, e o livro que não escolhíamos um ano, logo o líamos para o seguinte. Só por estimular a leitura entre os jovens é que o Agustín merece ser um autor de obrigada leitura, afirmo. Mas também o devera ser porque foi o autor que introduziu muitas moças e moços galegos à ficção científica na nossa língua, que demonstrou que a literatura galega é válida para qualquer género ou que logrou que pessoas não galego-falantes desfrutassem com leituras em galego!

 

Escolas Semente e Concelho da Corunha comemoram o centenário da Escola de Ensino Galego das Irmandades da Fala

Ateneo de Ponte Vedra organiza jornada polo 25 de abril

Lançamento do livro 50 anos de Abril na Galiza, na faculdade de Filologia da USC

“Nunca será suficiente lembrar o que significou Abril nas duas margens do mesmo rio”, Carlos Pazos-Justo e Roberto Samartim falam para o PGL a respeito do livro 50 anos de Abril na Galiza

Tseltal versus galego: a inculturação da Igreja em Chiapas

Chulas de bacalhau

Escolas Semente e Concelho da Corunha comemoram o centenário da Escola de Ensino Galego das Irmandades da Fala

Ateneo de Ponte Vedra organiza jornada polo 25 de abril

Lançamento do livro 50 anos de Abril na Galiza, na faculdade de Filologia da USC

“Nunca será suficiente lembrar o que significou Abril nas duas margens do mesmo rio”, Carlos Pazos-Justo e Roberto Samartim falam para o PGL a respeito do livro 50 anos de Abril na Galiza